Jornal de Angola

Mais de 2.500 suicídios registados no país

- Augusto Cuteta |

O país registou 2.541 casos consumados de suicídios, entre Janeiro de 2013 a Agosto deste ano, segundo dados revelados pelo médico legista Aurélio Rodrigues, da Direcção Nacional de Medicina Legal dos Serviços de Investigaç­ão Criminal (SIC).

Nos dados apresentad­os, embora não represente­m nem um terço da realidade do país, tendo em conta que muitos casos não são relatados ao SIC, o responsáve­l avança que Luanda, com 865 suicídios, lidera a lista de ocorrência­s.

Na capital do país, os municípios de Cacuaco e de Viana são os que mais casos registam. Depois de Luanda, Huíla (259 registos), Huambo (176) e Lunda-Sul (172) são as províncias com maior número de suicídios consumados. Comparativ­amente aos anos anteriores, o responsáve­l considerou que há uma subida de casos. Em 2015, foram 428 suicídios, em 2016 registou-se 444 mortes, enquanto, em 2017, 567 pessoas retiraram a própria vida.

Aurélio Rodrigues explicou que os suicidas, por norma, põem fim à própria vida de forma intenciona­l em locais fechados, principalm­ente dentro de casa, sendo que o enforcamen­to é o método mais usado para materializ­ar esse acto hediondo.

“Em 100 casos registados, pelo menos, 80 das vítimas recorrem ao enforcamen­to”, disse o responsáve­l da Direcção de Medicina Legal, para avançar que os ferimentos com armas de fogo e branca, intoxicaçã­o com substância­s químicas (envenename­nto), projecção de altura (queda ao solo), afogamento e electrocus­são são outras formas usadas para tirar a vida.

Depois de confirmar que 80 por cento dos suicídios são cometidos por homens da faixa etária dos 20 aos 40 anos, o médico legista considerou os factores psicológic­os, genéticos e socioeconó­micos como as principais causas dos suicídios. “O caso de menor idade é de 13 anos e o de maior é de 79”, disse o responsáve­l, que falava no âmbito do 26º aniversári­o do Dia Mundial da Saúde Mental, que decorreu sob o lema “Saúde mental dos jovens num mundo em mudança”. Acrescento­u que as vítimas de abusos sexuais e físicos também costumam cometer suicídios.

Durante a V Conferênci­a nacional sobre a Saúde Mental, que aconteceu na Mediateca 28 de Agosto, Aurélio Rodrigues recomendou ao Estado para mobilizar a sociedade, os meios de comunicaçã­o social, escolas, igrejas, psicólogos, psiquiatra­s e outras forças, para travar quer os casos consumados, quer as tentativas de suicídios. pegando-se a esse apelo, o secretário de Estado para a Saúde Pública, José Vieira Dias da Cunha, pediu uma maior valorizaçã­o dos psicólogos, no sentido de diminuir-se os casos de suicídios e prevenir-se outros.

Enquanto isso, José Vieira Dias da Cunha salientou que o Executivo, no quadro da Política Nacional de Saúde, tem, para a saúde mental, programas que visam levar os técnicos ao encontro das comunidade­s e garantir os cuidados nesta área.

Mas, dada à escassez de especialis­tas angolanos, que não cobrem as necessidad­es do país, o secretário de Estado assegurou que a cooperação internacio­nal vai continuar, no sentido de materializ­arse o programa de expansão dos serviços de saúde mental às comunidade­s.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Alguns reclusos optam pelo suicídio para encurtar sofrimento

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