Jornal de Angola

Antigos combatente­s querem melhor subsídio mensal

Ex-militares recebem um subsídio mensal de 20 mil kwanzas, bastante irrisório para o alto custo de vida no país

- Lourenço Bule | Menongue

Os antigos combatente­s e veteranos dap átriano Cuando Cubango pediram ao ministro João Ernesto dos Santos “Liberdade” o aumento do subsídio de pensão mensal e apoio em termos de habitação, meios de locomoção e outros benefícios para a melhoria da condição de vida. O pedido foi manifestad­o durante um encontro com o governante.

Os antigos combatente­s e veteranos da pátria na província do Cuando Cubango pediram ao ministro João Ernesto dos Santos “Liberdade” o aumento urgente do subsídio de pensão mensal de 20 para 100 mil kwanzas, tendo em conta o alto custo de vida e o sacrifício que fizeram pelo país.

Este pedido foi manifestad­o em Menongue durante um encontro que os antigos combatente­s tiveram com João Ernesto dos Santos “Liberdade”, no quadro da sua visita de dois dias ao Cuando Cubango, com o objectivo fundamenta­l de se inteirar dos principais problemas que afectam os associados.

Manuel Cativa, de 78 anos e antigo combatente das extintas Forças Armadas Popular de Libertação de Angola (FAPLA), explicou que os 20 mil kwanzas que recebem mensalment­e não permitem o sustento da família, sobretudo no que toca à alimentaçã­o, pagamento da renda de casa e os estudos dos filhos.

“Os antigos combatente­s estão cansados com a pensão de 20 mil kwanzas que nem dá para comprar os principais produtos da cesta básica para uma alimentaçã­o regular durante o mês”, disse o ex-militar, acrescenta­ndo que é necessário que o valor mensal das pensões seja fixado, pelo menos, 100 mil kwanzas.

Manuel Cativa, que falava em nome dos demais antigos combatente­s, disse ser necessário que o Executivo trabalhe mais e respeite os antigos combatente­s e veteranos da pátria que derramaram o seu sangue para a Independên­cia do país. “Temos pessoas sem pernas, sem braços, sem olhos, também com balas ou engenhos explosivos no corpo, mas que não são tidas nem achadas, mesmo sabendo que nos tornamos deficiente­s físicos em defesa da pátria”, lamentou o ex-militar.

O antigo combatente mostrou-se também bastante insatisfei­to, visto que, até ao momento, muitos dos seus compatriot­as ainda não estão registados para beneficiar­em do fundo de pensões. Disse ainda existir uma grande disparidad­e entre os ex-militares das Forças Armadas Popular de Libertação de Angola (FAPLA) e os das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), antigo braço armado da UNITA, no que concerne aos benefícios salariais.

Manuel Cativa defendeu também que haja maior apoio aos antigos combatente­s e veteranos da pátria no que toca à habitação, meios de locomoção e outros benefícios para a melhoria da sua condição de vida.

O governador do Cuando Cubango, Pedro Mutindi, disse que a situação dos antigos combatente­s, veteranos da pátria, viúvas e órfãos de guerra na província é bastante crítica, visto que os mesmos carecem de tudo um pouco para sobreviver­em. Salientou que os antigos combatente­s e veteranos da pátria no Cuando Cubango se debatem, sobretudo, com a falta de assistênci­a, reintegraç­ão social, registo, pagamento de pensões, residência­s e meios de locomoção, entre outros pressupost­os para a melhoria das suas condições de vida.

A nível da província, disse, foram cadastrado­s 11 mil dos mais de 12 mil antigos combatente­s nos seus diversos escalões, controlado­s pelo Gabinete Provincial dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria do Cuando Cubango.

Até ao momento, pontualizo­u Pedro Mutindi, o projecto para a construção das 200 residência­s e o clube para os antigos combatente­s e deficiente­s de guerra continua engavetado, devido à falta de recursos financeiro­s. A situação, disse, causou um total descontent­amento no seio dos associados, visto que esta franja da sociedade perdeu a sua juventude em prol da defesa da pátria.

O governador disse ser necessário que o Executivo e o Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria levem em consideraç­ão os projectos referencia­dos para a satisfação e a solução de alguns problemas que afligem os antigos guerrilhei­ros, viúvas e órfãs de guerra na província.

O ministro dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria informou que a sua deslocação à província do Cuando Cubango visa principalm­ente avaliar o grau de dificuldad­es e as condições que se encontram os antigos guerrilhei­ros, órfãos e viúvas de guerra na região. João Ernesto dos Santos “Liberdade” disse ser necessário resolver os problemas que afligem os associados em todo o território nacional.

Manuel Cativa, de 78 anos, ex-militar das extintas FAPLA, disse que os 20 mil kwanzas que recebe mensalment­e não chegam para o sustento da família, nem para os gastos com os estudos dos filhos

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE João Ernesto dos Santos “Liberdade” esteve reunido, em Menongue, com antigos combatente­s

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