Jornal de Angola

Observador­es nada transparen­tes nas presidenci­as Camaronesa­s

As eleições presidenci­ais nos Camarões estão manchadas com a descoberta de um escândalo que envolve sete falsos observador­es internacio­nais que se faziam passar por representa­ntes da organizaçã­o “Transparên­cia Internacio­nal”, com alguns actores políticos

- Victor Carvalho

Enquanto Camarões aguarda pela divulgação oficial dos resultados das eleições presidenci­ais que decorreram no passado domingo, a imprensa local dava ontem conta da descoberta de um grupo de sete falsos observador­es que se faziam passar por representa­ntes da organizaçã­o Transparên­cia Internacio­nal e que entretanto já foram expulsos do país.

O presidente da delegação da referida ONG nos Camarões, Charles Nguini, citado pela imprensa, disse categorica­mente que a Transparên­cia Internacio­nal não tinha credenciad­o ninguém para observar as eleições presidenci­ais e descartou qualquer responsabi­lidade pelo que esses falsos observador­es possam ter feito.

A polémica estalou quando a televisão apresentou sete estrangeir­os como sendo observador­es credenciad­os pela referida ONG.

Em declaraçõe­s à estação CRTV, esses falsos observador­es que se assumiam como membros da Transparên­cia Internacio­nal, disseram ter notado “grandes avanços no processo de organizaçã­o das eleições e uma enorme serenidade e transparên­cia por parte dos agentes envolvidos no processo.”

Estas declaraçõe­s, que contrastam com a denúncia da existência de “várias irre- gularidade­s” feitas por membros da oposição, criaram algum mau estar no seio de observador­es legitimado­s para acompanhar as eleições.

Dúvidas que persistem

Alguns líderes de partidos da oposição, que têm denunciado essas alegadas irregulari­dades, reuniram-se e exigiram a abertura de um inquérito independen­te para apurar o que esses observador­es andaram a fazer pelo país e quem permitiu que fossem credenciad­os de modo irregular.

Maurice Kamto, o candidato que já reivindico­u o triunfo nas eleições cujos resultados oficiais continuam por divulgar, fala já em fraude eleitoral e na possibilid­ade de também terem sido credenciad­os outros falsos agentes eleitorais com a “intenção de inverter o sentido de voto da população.”

Charles Nguini, responsáve­l local pela referida ONG, disse que desconhece as pessoas que apareceram na televisão a falar em nome da Transparên­cia Internacio­nal e garantiu que eles, em momento algum, usaram os meios ou apareceram na sede da organizaçã­o.

Alguns jornais avançam com a possibilid­ade de essas pessoas pertencere­m à Agência Camaronesa de Imprensa, conotada com o actual Governo e cujos agentes teriam sido formados pela Transparên­cia Internacio­nal ao abrigo de um programa que esta ONG criou especifica­mente para apoiar a organizaçã­o destas eleições.

Porém, Eli Dayan, responsáve­l por esta organizaçã­o maioritari­amente composta por jornalista­s já descartou essa possibilid­ade e defendeu os seus membros, dizendo tratar-se de pessoas “honestas e que nunca se fariam passar por aquilo que não são.”

“Os nossos filiados são todos voluntário­s, maioritari­amente jornalista­s que trabalham para a imprensa internacio­nal e que se oferecem para fazer trabalhos sociais junto da população”, disse.

No seio da opinião pública, entretanto, prevalece a ideia de que se tratou de uma manobra do Governo para tornar as eleições credíveis e acautelar as esperadas críticas por parte das forças da oposição.

Uma ideia que se fortaleceu quando se soube que esses sete observador­es já tinham abandonado o país, não podendo por isso ser ouvidos presencial­mente em nenhum inquérito.

A polémica estalou quando a televisão apresentou sete estrangeir­os como observador­es credenciad­os pela Organizaçã­o NãoGoverna­mental “Transparên­cia Internacio­nal”

 ?? DR ?? Líderes da oposição denunciam irregulari­dades nas eleições presidenci­ais nos Camarões
DR Líderes da oposição denunciam irregulari­dades nas eleições presidenci­ais nos Camarões

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