Observadores nada transparentes nas presidencias Camaronesas
As eleições presidenciais nos Camarões estão manchadas com a descoberta de um escândalo que envolve sete falsos observadores internacionais que se faziam passar por representantes da organização “Transparência Internacional”, com alguns actores políticos
Enquanto Camarões aguarda pela divulgação oficial dos resultados das eleições presidenciais que decorreram no passado domingo, a imprensa local dava ontem conta da descoberta de um grupo de sete falsos observadores que se faziam passar por representantes da organização Transparência Internacional e que entretanto já foram expulsos do país.
O presidente da delegação da referida ONG nos Camarões, Charles Nguini, citado pela imprensa, disse categoricamente que a Transparência Internacional não tinha credenciado ninguém para observar as eleições presidenciais e descartou qualquer responsabilidade pelo que esses falsos observadores possam ter feito.
A polémica estalou quando a televisão apresentou sete estrangeiros como sendo observadores credenciados pela referida ONG.
Em declarações à estação CRTV, esses falsos observadores que se assumiam como membros da Transparência Internacional, disseram ter notado “grandes avanços no processo de organização das eleições e uma enorme serenidade e transparência por parte dos agentes envolvidos no processo.”
Estas declarações, que contrastam com a denúncia da existência de “várias irre- gularidades” feitas por membros da oposição, criaram algum mau estar no seio de observadores legitimados para acompanhar as eleições.
Dúvidas que persistem
Alguns líderes de partidos da oposição, que têm denunciado essas alegadas irregularidades, reuniram-se e exigiram a abertura de um inquérito independente para apurar o que esses observadores andaram a fazer pelo país e quem permitiu que fossem credenciados de modo irregular.
Maurice Kamto, o candidato que já reivindicou o triunfo nas eleições cujos resultados oficiais continuam por divulgar, fala já em fraude eleitoral e na possibilidade de também terem sido credenciados outros falsos agentes eleitorais com a “intenção de inverter o sentido de voto da população.”
Charles Nguini, responsável local pela referida ONG, disse que desconhece as pessoas que apareceram na televisão a falar em nome da Transparência Internacional e garantiu que eles, em momento algum, usaram os meios ou apareceram na sede da organização.
Alguns jornais avançam com a possibilidade de essas pessoas pertencerem à Agência Camaronesa de Imprensa, conotada com o actual Governo e cujos agentes teriam sido formados pela Transparência Internacional ao abrigo de um programa que esta ONG criou especificamente para apoiar a organização destas eleições.
Porém, Eli Dayan, responsável por esta organização maioritariamente composta por jornalistas já descartou essa possibilidade e defendeu os seus membros, dizendo tratar-se de pessoas “honestas e que nunca se fariam passar por aquilo que não são.”
“Os nossos filiados são todos voluntários, maioritariamente jornalistas que trabalham para a imprensa internacional e que se oferecem para fazer trabalhos sociais junto da população”, disse.
No seio da opinião pública, entretanto, prevalece a ideia de que se tratou de uma manobra do Governo para tornar as eleições credíveis e acautelar as esperadas críticas por parte das forças da oposição.
Uma ideia que se fortaleceu quando se soube que esses sete observadores já tinham abandonado o país, não podendo por isso ser ouvidos presencialmente em nenhum inquérito.
A polémica estalou quando a televisão apresentou sete estrangeiros como observadores credenciados pela Organização NãoGovernamental “Transparência Internacional”