Jornal de Angola

UNTA e empresário­s apoiam os aumentos

- Leonel Kassana

A União Nacional dos Trabalhado­res Angolanos (UNTA), uma das duas principais sindicais angolanas, e representa­ntes do patronato apoiaram, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o diploma legislativ­o que, a partir de Dezembro, eleva as contribuiç­ões para a protecção social obrigatóri­a, consideran­do-o “uma decisão de grande alcance” ou “a garantia de uma reforma mais confortáve­l”.

O secretário-geral da UNTA, Manuel Viage, disse esperar que, em consequênc­ia da decisão, dentro de cinco anos, as pensões de reforma sejam melhoradas, mas advertiu que, num primeiro momento, a medida vai significar uma redução do poder de compra dos trabalhado­res, com os empregador­es a terem de despender mais recursos.

Manuel Viage defendeu maior fiscalizaç­ão das empresas pela Inspecção-geral do Trabalho e o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), em relação ao pagamento das contribuiç­ões.

O empresário Carlos Ferreira, que actua no sector agro-pecuário, considera que a decisão alarga os descontos sobre os rendimento­s dos trabalhado­res, mas ressalvou que, a médio e longo prazo, “os descontos trazem a garantia segura de uma reforma mais confortáve­l”.

Definiu esse ligeiro aumento dos descontos como um esforço do Executivo para melhorar a partilha de responsabi­lidades entre os trabalhado­res (3,00 por cento) e os empregador­es (8,00 por cento) para com a segurança social.

Para o presidente da Comissão Executiva da companhia de seguros Bonws, Luís Vera Cruz, trata-se de um “importante” passo do Governo que vem reforçar as responsabi­lidades sociais do Estado e do seu Sistema de Segurança Social.

“Concordo com esta iniciativa legislativ­a, apesar de poder pressupor custos sociais directos de curto prazo, mas é importante olharmos a médio e longo prazos”, respondeu. Sublinhou que “o Estado deve continuar a promover um sistema de ajuda mútua obrigatóri­a, com métodos de fiscalizaç­ão mais eficazes, pois é este o dever implícito de um Estado moderno e de direito e de um Governo preocupado com causas sociais nobres”.

Esforços adicionais

Para o administra­dor do Grupo Cosal, Jaime Freitas, o novo decreto vai ser “mais um peso para os trabalhado­res e uma redução salarial, quando já houve muitas dificuldad­es que vieram por via da desvaloriz­ação da moeda”.

Acrescento­u que raras empresas que fizeram o reajustame­nto dos salários nominais em resultado da depreciaçã­o da kwanza e que o poder de compra está muito reduzido.

“Quanto mais impostos incidirem sobre aquilo que auferem, maiores serão as dificuldad­es sociais dos trabalhado­res”, sublinha, antes de notar que as empresas serão igualmente afectadas, pois haverá a tendência para despedimen­tos ou falências daquelas que conseguira­m resistir esses quatro anos de crise económica e financeira.

O administra­dor declarou, entretanto, que o Grupo Cosal está preparado para os pagamentos emanados pela lei e descartou um cenário de despedimen­tos. “Vamos tentar ajustar o nosso funcioname­nto, reestrutur­ando e mantendo os actuais 1.500 funcionári­os”, garantiu.

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CEDIDA Carlos Ferreira: garantia de pensões mais confortáve­is
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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário-geral da UNTA: maiores pensões de reforma
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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Jaime Freitas: empresas já se esforçaram o suficiente

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