CARTAS DOS LEITORES
Futebol e nacionalidade
O mundo virou uma aldeia global e, medindo custos e benefícios, em muitas esferas os países são obrigados a optar pelo que vem de fora em detrimento da produção interna. Parece que essa lógica invade muitas outras áreas, sendo a do desporto, mais concretamente o futebol, apenas mais uma. Entre a dificuldade de produzir bons executantes e a relativa facilidade de naturalizar aqueles que já se encontram a dar cartas no país, parece que a escolha é óbvia. É verdade que, como em tudo, as consequências do uso de um diamante já lapidado podem revelar-se mais tarde como piores do que a lapidação do diamante. A outra analogia parece ser aquela usada nos processo de integração económica em que os estados optam por importar a preços baixos e compensatórios produtos que, produzindo internamente, teriam custos incomportáveis. Muitos países venceram grandes competições nacionais, regionais e mundiais com uma equipa em que se destacaram nacionais naturalizados. Essa realidade gera muita controvérsia na medida em que se trata de um tema fracturante, que contribui para dividir a sociedade. Com respeito para os que defendem a não naturalização como via pelas quais se pode ter na selecção jogadores de valia que o país não possui, defendo que se devem fazer as melhores ponderações. Os países devem sempre avaliar o que é melhor para os seus interesses e metas em termos desportivos.
Alcoolismo
Sou velho de avançada idade, residente no bairro Caponte, aqui no Lobito, em Benguela. Leio de forma assídua o Jornal de Angola, uma publicação que em minha opinião contribui decisivamente para que a nova Angola emerja do actual cenário de dificuldades económicas e financeiras. Em tempos, foi nas páginas deste jornal que li, por exemplo, que o alcoolismo em qualquer dose é sempre prejudicial para a saúde humana. Segundo o estudo, publicado nas páginas deste jornal, ao contrário do que muitos defendem, beber álcool mesmo em quantidades reduzidas contribui sempre para prejudicar a saúde.
Era bom que esse estudo fosse amplamente divulgado para que as pessoas o lessem e o analisassem devidamente porque, na verdade, bebidas alcoólicas causam muitos problemas. Na nossa sociedade em que, cada vez mais, adolescentes tendem a ser atraídos para o consumo precoce de álcool, vale a pena investir na sensibilização das populações para prestarem mais atenção aos membros dos seus agregados familiares, sobretudo adolescentes e jovens. As más influências podem ser contrariadas por maior presença e autoridade dos familiares junto dos mais novos que tendem a encontrar-se vulneráveis. Para terminar, espero que a sociedade tenha outras abordagens quando se trata de consumo de álcool.
Vandalismo de bens
Já muito se escreveu sobre a onda de vandalismo que grassa a sociedade angolana, com particular incidência sobre os grandes aglomerados urbanos e periurbanos. Nos últimos meses, os níveis de vandalismo, furto e roubo de bens públicos não encontra precedentes e toda a História de Angola. É preciso que se aperte o cerco aos gruposoupessoasqueisoladamente acabam por atentar contra o Estado do qual todos reclamamos por segurança e outros serviços. A dada altura, ficamos sem perceber muito bem se todos esses actos de vandalismo, furto e roubo se devem somente à extrema pobreza em que se encontram milhares de famílias, se de alguma acção concertada envolvendo nacionais e expatriados ou se de mera sabotagem. Qualquer que seja o móbil dessas acções criminosas, urge tomar medidas que podem passar pelo agravamento das penas que envolvem o vandalismo, furto e roubo de bens públicos.