Persistem divergências sobre eleições de Dezembro na RDC
Uma reunião realizada ontem em Kinshasa, entre a comissão eleitoral e vários candidatos à corrida presidencial voltou a ser inconclusiva quanto ao método de votação. O facto origina as trocas de acusações, quando se aproxima a “hora da verdade”. A oposiçã
O método a usar na votação e o controlo do ficheiro eleitoral são dois dos temas que continuam a ensombrar o processo de preparação das eleições previstas para 23 de Dezembro.
Ontem, realizou-se mais uma reunião entre a comissão eleitoral e diferentes candidatos que, como as anteriores, se revelou infrutífera, apesar de a oposição ter contado recentemente com o apoio das Nações Unidas que apelou ao Governo para realizar umas eleições transparentes e sem o uso de métodos não consensuais.
São, pois, esses consensos que a classe política congolesa e os organizadores das eleições estão muito distante de obter mantendo-se, aliás, posições intransigentes que se arrastam há vários meses.
Neste encontro, onde o presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI) da RDC esteve ladoa-lado com os 21 candidatos, ou os seus representantes, foi mais uma vez abordada a votação electrónica e a presença de eleitores em ficheiros eleitorais sem o registo das suas impressões digitais.
A oposição, mais uma vez, rejeitou a votação electrónica e insistiu que devem ser impressos boletins de voto para os três escrutínios que decorrerão previsivelmente no dia 23 de Dezembro.
Ao mesmo tempo, a oposição exigiu a retirada dos ficheiros eleitorais de 10 milhões de inscritos que não têm registadas as suas impressões digitais e convocou uma manifestação para o próximo dia 26 em Kinshasa.
A CENI insiste na votação electrónica, dizendo ser um método “absolutamente fiável” e alertou para o facto de que a retirada dos ficheiros eleitorais das pessoas que não têm as suas impressões digitais registadas significa impedir a 16,6 por cento de congoleses exercerem o direito de votar.
Numa visita realizada domingo passado a Kinshasa, um enviado do Conselho de Segurança das Nações Unidas, François Delattre, apelou mais uma vez a um “diálogo para a obtenção de um consenso alargado que permita criar as condições para a realização de eleições realmente credíveis e transparentes.”
Este apoio que a oposição recebeu ainda não está a dar os seus frutos, mas deixa transparecer a ideia de que o Governo de Joseph Kabila está cada vez mais isolado em impor regras de votação que mais ninguém parece querer aceitar.
Levantamento das sanções
Emmanuel Shadary, candidato presidencial da maioria no poder, juntou-se a outros 14 próximos colaboradores do Presidente Joseph Kabila para pedir o levantamento das sanções que foram aplicadas pela União Europeia, entre 2016 e 2017.
Apesar dos sucessivos pedidos iniciados há um ano e das várias explicações documentais, o Conselho da União Europeia tem mantido as referidas sanções que têm atrapalhado a economia do país.
Em 2017, a União Europeia prorrogou as sanções aplicadas a seis colaboradores de Joseph Kabila e elevou a lista para 15 sancionados.
Trata-se do antigo ministro do Interior e da Segurança, Emmanuel Shadary Ramazani, do seu predecessor, Evariste Boshab, do ministro da Comunicação Social, Lambert Mende Omalanga, e do director dos Serviços Secretos, Kalev Mutond.
Outros nomes são: general Muhindo Akili Mundos, comandante da 31ª Brigada das Forças Armadas, general Eric Ruhorimbere, chefe das operações militares no Kasai Central, Jean-Claude Kazembe Musonda, antigo governador do Alto-Katanga, Alex Kandé Mupompa, antigo governador do Kasai Central, bem como o chefe das milícias do Katanga, Gideon Kyungu Mutanga, actualmente sob residência vigiada no Alto-Katanga.
Todos os citados não podem circular no território europeu, tendo visto os seus bens congelados.