Centro Mbembwa à espera de legalização
A instituição afecta à Igreja Católica foi criada para acolher e apoiar órfãos, crianças abandonadas e em conflito com a Lei, bem como adultos em situação de vulnerabilidade, debatendo-se com uma série de dificuldades por falta de dinheiro
A madre Ana Rita Araújo solicitou, em Menongue, a intervenção do juiz presidente do Tribunal Supremo, para ajudar o centro de acolhimento Padre João Bosco, denominado Mbembwa, “paz" em português, a encontrar mecanismos para a sua legalização e publicação em Diário da República, para que possa ser inscrito no Orçamento Geral do Estado (OGE), como uma unidade orçamentada.
Durante a visita de Rui Ferreira ao centro Mbembwa, a irmã Ana Rita Araújo disse que a instituição que dirige tem capacidade para acomodar condignamente 100 pessoas em situação de vulnerabilidade, mas, devido ao elevado grau de dificuldades que enfrenta, sobretudo na falta de bens alimentares, atende apenas 32, entre crianças e adultos.
De acordo com a madre, a província do Cuando Cubango regista muitos casos de crianças que vivem em situação de vulnerabilidade acentuada, mas o centro Mbembwa não pode fazer mais nada porque não tem como alimentá-las, por falta de apoios. Além de bens alimentares, o centro debatese também com o problema da falta de energia e de um orçamento próprio para fazer frente às despesas e manutenção do recinto.
Ana Rita Araújo realçou que o centro Mbembwa é uma instituição vocacionada para acolher crianças órfãs, abandonadas e em conflito com a Lei. Actualmente, entre as 32 crianças ali internadas, cinco já atingiram a maior idade e agora se ocupam de alguns serviços administrativos e outras actividades do centro, enquanto aguardam pela sua reintegração no convívio familiar.
Ana Rita Araújo explicou que a reintegração dos meninos que atingem a maior
Parte frontal do centro de acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade que enfrenta muitas dificuldades
idade no seio familiar depende muito da abertura da sociedade, porque o centro Mbembwa preocupa-se fundamentalmente pela criação de condições de trabalho e a continuação da formação académica, para se evitar que a criança que foi recebida com sete anos, por exemplo, depois de muito tempo e um aturado trabalho volte às ruas como delinquente.
Ana Rita Araújo salientou que o centro Mbembwa precisa de pessoas para cuidar dos projectos profissionais e especializadas na gestão de comportamentos desviantes das crianças, que se encontram em situação vulnerável, de orfandade, abandono, maus-tratos, negligência e adolescentes em conflito com a lei, que o centro tem vindo a receber, provenientes de vários pontos do país e além fronteiras.
Ana Rita Araújo disse que o centro acolhe crianças provenientes da República Democrática do Congo (RDC), das províncias do Zaire, Huíla, Bié, Benguela, Huambo, Cuanza-Sul e Cuando Cubango, que viviam em situação de vulnerabilidade.
Instituição tem capacidade para acomodar 100 pessoas em situação de vulnerabilidade, mas, devido ao grau de dificuldades, sobretudo na falta de bens alimentares, atende apenas 32 crianças
De acordo com a directora da instituição, responder aos desafios para formar as novas gerações constitui um dos objectivos fundamentais do centro de acolhimento Mbembwa, em Menongue, visto que formar o homem é um processo lento e moroso, que requer tempo, paciência e dedicação de todas as partes envolvidas.