Lucas Ngonda diz que há conspiração contra liderança
Secretariado do bureau político do partido histórico tem novos membros que tomaram posse ontem em Luanda
O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, denunciou ontem, em Luanda, a existência de complôs que pretendem desestabilizar o histórico partido da luta de libertação nacional, boicotando o seu programa de trabalho enquanto líder com legitimidade política.
Lucas Ngonda, que falava ontem depois de conferir posse ao secretariado do bureau político da FNLA, sublinhou que o partido tem assistido, nos últimos tempos, a “cenas bem montadas para a sua desestabilização”.
O único deputado do partido saído das eleições gerais reforçou que os “complôs não vêm de hoje, mas desde a luta de libertação e continuam até os dias de hoje”.
“Hoje, descobrimos que recebem pensões de reforma em Portugal por terem cumprido a missão de alta traição contra a FNLA e fazem-se passar por grandes patriotas”, disse, sem referir a nomes destes militantes do partido.
O político admitiu que tem sofrido com as acusações de que é alvo por parte de militantes do partido. “Tenho sentimentos e família, condição que poderia me levar a abandonar a FNLA, mas não são estes os homens que a política espera, porque transportamos nas costas a responsabilidade e os interesses superiores do partido”, disse.
Em relação aos novos membros do bureau político do partido, o parlamentar da FNLA apelou à necessidade de cada um multiplicar os esforços e vestir a pele de pedagogo, com o objectivo de mobilizar simpatizantes em prol das fileiras do partido.
Lucas Ngonda exortou aos militantes a manterem o espírito de cooperação e de união para não se deixarem minar pela intriga que assumiu como a arma mais forte dos fracos quando o propósito é criar divisão no seio do partido.
Desafios do partido
O presidente da FNLA anunciou que, nos próximos dias, o partido vai apresentar um programa sobre os desafios das eleições autárquicas.
O político considerou que o processo de preparação das autárquicas vai exigir dos militantes do partido sacrifícios para conquistar câmaras. Lucas Ngonda lembrou que a FNLA tem uma história política que a coloca diante de responsabilidades acrescidas, por isso deve lutar para conservá-la.
“Muitos dos heróis que fizeram a história do partido não tiveram o privilégio de ver Angola independente, hoje os seus nomes não estão sequer inscritos em nenhum lado da história, e nós que pertencemos às fileiras do partido temos o dever de honrar a memória deles e trabalhar para atingir os objectivos pelos quais ofereceram os seus sacrifícios”, disse o político.
O partido, segundo o político, tem órgãos que sempre funcionaram, desde o comité central, congressos, bureau político e secretariados, que podem resolver eventuais problemas internos.
“Tenho sentimentos e família, condição que podia levar-me a abandonar a FNLA, mas não são estes os homens que a política espera, porque transportamos nas costas a responsabilidade e os interesses superiores do partido”
No fim da cerimónia, a secretária para os assuntos políticos, constitucionais, parlamentares e eleitorais da FNLA, Amélia Florinda António, disse que um dos desafios do partido é formar jovens para reforçar as suas fileiras.
Ontem, foram empossados membros da secretaria nacional para os assuntos políticos, constitucionais, parlamentares e eleitorais, secretaria nacional para o controlo, disciplina partidária e assuntos jurídicos, secretaria para a informação, mobilização e propaganda, secretaria nacional para as relações exteriores e comunidades, administração, finanças e património e da secretaria nacional para organização de massas, desporto, cultura e assuntos religiosos.
Foram ainda empossados membros da secretaria nacional para a educação, formação, orientação de quadros, ciência e tecnologia, secretaria nacional para os antigos combatentes e veteranos da pátria e da secretaria nacional para acompanhamento dos secretariados dos comités provinciais.