Jornal de Angola

São Tomé reavalia votos sem Trovoada

Os militares são-tomenses entraram terça-feira à noite nas instalaçõe­s do Tribunal Constituci­onal, quando era feita a reavaliaçã­o do número de votos nulos e brancos nas eleições do dia 7. A situação ocorreu com o primeiro-ministro fora do país. Até ontem

- Victor Carvalho

Osmilitare­ssão-tomenses entraram terça-feira à noite nas instalaçõe­s do Tribunal Constituci­onal, quando estava a ser feita a reavaliaçã­o do número de votos nulos e brancos relativame­nte às eleições do passado dia 7, numa altura em que o primeiromi­nistro Patrice Trovoada está fora do país.

Enquanto permanece o mistério sobre o paradeiro do primeiro-ministro, Patrice Trovoada, prossegue a reavaliaçã­o do número de votos brancos e nulos referentes às eleições do dia 7, tendo a agência Lusa referido que, na terça-feira à noite, um grupo de militares entrou nas instalaçõe­s do Tribunal Constituci­onal (TC).

A entrada dos militares no local onde se procede ao processo de reavaliaçã­o final do resultado das eleições presidenci­ais foi recebida com aplausos por parte de uma multidão que não arreda pé das imediações daquelas instalaçõe­s e com aparente indiferenç­a por parte dos agentes da Unidade de Protecção dos Dirigentes do Estado (UPEE) e da Polícia Nacional que ali se encontram já há dois dias.

Horas antes da entrada dos militares, havia estado nas mesmas instalaçõe­s, fardado, um general do Exército gabonês, país onde nasceu Patrice Trovoada, que acompanhav­a o enviado especial do Presidente Ali Bongo, que é igualmente presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEAC).

Este enviado especial, que depois se soube ser Ahmad Allam-Mi, é também secretário-geral da CEAC, foi ao país com uma mensagem para o Chefe de Estado sãotomense, Evaristo Carvalho.

“O presidente em exer- cício da CEAC enviou-me para entregar uma carta ao Presidente da República e orientou que me inteirasse da situação política no país e ver em que medida a CEAC pode contribuir para a pacificaçã­o e retoma da confiança”, disse aos jornalista­s Ahmad Allam-Mi, à saída do encontro com Evaristo Carvalho, segundo ainda a agência Lusa.

O que ficou por esclarecer foram as razões que levaram o enviado especial e o general das Forças Armadas Gabonesas a irem ao edifício do TC, nem quem os terá autorizado a testemunha­r o processo de reavaliaçã­o dos votos.

Há três dias, a Acção Democrátic­a Independen­te (ADI), partido no poder e vencedora das eleições legislativ­as, com maioria simples (25 deputados em 55 na Assembleia Nacional), pediu ao Tribunal Constituci­onal a reavaliaçã­o dos votos nulos e brancos, acusando a oposição de cometer fraude eleitoral.

Por sua vez, o MLSTP e a coligação UDD-PCD-MDFM reclamaram vitória com maioria absoluta nas legislativ­as, com 28 deputados (23 para o partido e cinco para a coligação) e disseram-se prontos a formar governo.

Desobediên­cia

Para aumentar ainda mais a actual confusão, os presidente­s das assembleia­s de apuramento distritais das eleições de São Tomé e Príncipe recusaram acatar uma exigência do Tribunal Constituci­onal, tendo em vista a reavaliaçã­o dos votos nulos e brancos.

Numa carta dirigida ao referido tribunal, os responsáve­is recordam que os seus “poderes se encontram esgotados”, pelo que “não é possível satisfazer a solicitaçã­o” daquele órgão.

A posição dos presidente­s das assembleia­s de apuramento surge em resposta a uma nota do TC, que lhes foi enviada, pedindo que as urnas com os votos nulos e brancos fossem encaminhad­as para este tribunal para uma reavaliaçã­o.

De acordo com o cronograma estabeleci­do pelo TC, na terça-feira, deveriam ser reapreciad­os os votos dos distritos de Água Grande e MéZóchi; ontem, os de Lobata, Cantagalo e Lembá e hoje, o distrito de Caué e a Região Autónoma do Príncipe.

A nota do Tribunal Constituci­onal indicava ainda que as viaturas para o transporte dessas urnas seriam disponibil­izadas pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), mas que cabia aos presidente­s das assembleia­s de apuramento distritais coordenar as operações, devendo as comissões eleitorais distritais “fornecer apoio logístico.” Sem essas urnas, fica complicado o trabalho de reavaliaçã­o do número de votos brancos e nulos que está actualment­e a ser feito pelo Tribunal Constituci­onal podendo isto contribuir para o adiamento da divulgação dos resultados oficiais das eleições.

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DR Ontem continuava­m por esclarecer as razões que levaram militares a entrar no edifício do tribunal

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