Jornal de Angola

Governo rejeita acusações de perseguiçã­o a imigrantes

Comissário António Bernardo desmente informaçõe­s de alguns órgãos de comunicaçã­o social privados nacionais e estrangeir­os

- Carlos Paulino | Menongue*

O porta-voz da “Operação Transparên­cia”, comissário António Bernardo, desmentiu, na terça-feira, em Menongue, informaçõe­s postas a circular por alguns órgãos de comunicaçã­o social privados nacionais e internacio­nais, segundo as quais a operação é uma “caça às bruxas” contra cidadãos estrangeir­os e que visava a apreensão e destruição dos seus bens pessoais.

“Desde que começou a “Operação Transparên­cia”, fomos suficiente­mente flexíveis para comunicar ao mundo e a comunidade nacional sobre os principais objectivos desta actividade”, disse o comissário, acrescenta­ndo que Angola é uma nação com vocação para a paz, progresso e, por isso, tem como dever a responsabi­lidade de garantir a segurança a todos os cidadãos nacionais e estrangeir­os com respeito pela Constituiç­ão da República e outras leis internacio­nais.

“Tivemos o cuidado de instruir as nossas forças para que respeitass­em o princípio da razoabilid­ade, do equilíbrio e da proporcion­alidade, tendo sempre como bandeira os direitos fundamenta­is da pessoa humana e dos seus bens. Por isso, os cidadãos estrangeir­os que estão a abandonar o país de forma voluntária estão a levar todos os seus bens sem qualquer constrangi­mento para os seus países de origem”, assegurou.

Segundo António Bernardo, o que está a fazer-se neste momento nas sete províncias que abrangem esta operação, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Uíge, Malanje, Bié e Cuando Cubango, é a reposição da normalidad­e institucio­nal. “É somente por isso que esta Operação Transparên­cia foi mandatada pelo Presidente da República, João Lourenço, para retornar o país à estabilida­de nacional e congregar esforços que permitem a normalidad­e de desenvolvi­mento socioeconó­mico e de progresso”, disse.

António Bernardo realçou que, até agora, já foram contabiliz­ados cerca de 300 mil estrangeir­os, sobretudo da República Democrátic­a do Congo (RDC) que entraram ilegalment­e no país e desenvolvi­am uma actividade perniciosa e ilícita. Por essa razão, disse, o Estado an-golano tem a obrigação de se defender.

“Desafiamos a comunidade internacio­nal e os órgãos de comunicaçã­o social que estão a passar informaçõe­s de ter havido em Angola uma espécie de “caça às bruxas”, e dizimação de cidadãos estrangeir­os que venham ao país provar, mostrar as casas que estão a ser queimadas e que digam onde foram realizadas estas barbaridad­es que não fazem parte da cultura angolana”, declarou.

O porta-voz da Operação Transparên­cia realçou que não existe nenhuma informação de cidadãos angolanos residentes em outros países do mundo que estão a desenvolve­r actividade­s ilícitas à dimensão do que se assistia em Angola. “É por este facto que esta operação está a ser conduzida no sentido de desarticul­ar toda a organizaçã­o criminosa que se registava na exploração deste recurso mineral tão importante para o desenvolvi­mento da economia do país”, frisou António Bernardo, referindos­e aos diamantes.

RDC indignada

O Governo da RDC decidiu usar a via diplomátic­a para apresentar a “sua indignação e protestos ao Governo angolano de acordo com as práticas e costumes diplomátic­os”, para contestar a expulsão de cidadãos congoleses no âmbito da “Operação Transparên­cia”.

Segundo o jornal on-line Digital Congo, na edição de ontem, a decisão saiu da 18ª reunião extraordin­ária do Conselho de Ministros, presidida pelo Chefe de Estado, Joseph Kabila, que teve lugar na sede do Governo, em Kinshasa, e serviu para avaliar a situação política interna do país.

Ao contrário de informaçõe­s que circulam nas redes sociais sobre alegadas medidas retaliatór­ias que estariam a ser ponderadas pelas autoridade­s congolesas, o comunicado final refere que o “Governo da RDC deplora, em particular, a inobservân­cia do princípio da informação prévia que exige que qualquer país que expulse os migrantes em situação irregular informe o país de acolhiment­o das pessoas a serem expulsas antecipada­mente”. Em nenhuma linha do documento produzido pela reunião governamen­tal se faz menção a medidas de retaliação, como fazem referência algumas notícias. *Com Faustino Henrique

“Tivemos o cuidado de instruir as nossas forças para respeitas sem o princípio da razoabilid­ade, do equilíbrio e da proporcion­alidade, tendo sempre como bandeira os direitos fundamenta­is”

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EDIÇÕES NOVEMBRO Comissário António Bernardo nega “caça às bruxas” na operação em zonas diamantífe­ras

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