Sector extractivo cresce mas economia contrai
Economia retrocedeu 7,44 por cento de Abril a Junho deste ano e acumula valores negativos pelo terceiro trimestre consecutivo
Os sectores da extracção e refinação de petróleo em rama e gás natural e do comércio cresceram 37 e 15,1 por cento no segundo trimestre, mas essa evolução não foi suficiente para impedir uma contracção do produto interno bruto (PIB) de 7,44 por cento durante aquele período.
Isso foi divulgado num relatório do Instituto Nacional de Estatística sobre a evolução do PIB consultado ontem pelo Jornal de
Angola, onde se afirma que, naquele período, também se registou um crescimento de 18,5 por cento na rubrica “outros serviços”, de 7,8 no sector da construção, 6,1 na administração pública e na agropecuária e silvicultura e de 5,9 nos serviços imobiliários e aluguer.
A variação negativa da actividade económica no segundo trimestre é atribuída à contracção de -10 por cento no sector das pescas, -8,8 na indústria transformadora e -8,4 extracção e refinação de petróleo.
Outros serviços variaram em -6,2 por cento, a extracção de diamantes e outros minerais -6,1, a administração pública, defesa e segurança social obrigatória -5,9, correios e telecomunicações -5,3 e agropecuária e silvicultura -2,2.
A queda do crescimento económico registada de Abril a Junho é superior à verificada no mesmo período de 2017, de 4,66 por cento, bem como à do último trimestre de 2017, quando a contracção foi de 1,33, indicam números sobre a evolução do PIB publicados pelo INE.
O valor do PIB apurado no segundo trimestre de 2018 é a terceira quebra homóloga mais acentuada no histórico disponibilizado pelo INE, desde 2010, apenas ultrapassada pela queda de 11,33 por cento no quarto trimestre de 2015 e pela descida de 7,55 no terceiro trimestre de 2016.
O PIB do primeiro semestre situa-se, assim, em -6,05 por cento, o que se segue a uma contracção de 0,15 por cento em 2017, menor do que a de -2,58 verificada em 2016, indicam os dados do INE.
Novas previsões
Há uma semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou as “Perspectivas económicas mundiais”, onde estima que uma recessão de 0,1 por cento em Angola e taxas de crescimento modestas de 1,9 por cento na Nigéria e 0,8 por cento na África do Sul vão influenciar de forma negativa a expansão económica do continente, este ano.
Depois da divulgação dos dados do INE, a agência Lusa publicou uma matéria baseada numa entrevista com o consultor da Capital Economics que acompanha Angola, John Ashbourne, onde se prevê uma recessão de 2,00 por cento este ano e que “a recuperação será mais fraca do que a maioria dos analistas espera.”
As novas previsões apontam que preços baixos do petróleo podem deprimir o poder de compra e levar as autoridades a adoptarem uma política orçamental mais restritiva, o que, vincam, faz com que a Capital Economics “apresente uma previsão abaixo do consenso dos analistas, estimando que o crescimento será de apenas 2,00 por cento em 2019.”