Jornal de Angola

Sair de cena com dignidade

Árbitro zambiano reforça postura hostil contra a equipa militar do Rio Seco no Estádio Olímpico de Radès

- Honorato Silva | Hammamet

A vitória de 1-0, em Luanda, foi insuficien­te para o 1º de Agosto reverter a derrota de ontem, de 4-2, em casa dos tunisinos do Esperance. Os angolanos saem da Liga dos Campeões com a verticalid­ade digna de um campeão.

A força do estatuto das equipas ditou a passagem do Esperance de Tunis para a final da 22ª edição da Liga dos Clubes Campeões Africanos de Futebol, mercê da vitória (42) sobre o 1º de Agosto, ontem no Estádio Olímpico de Radès, transforma­ndo num autêntico campo de batalha.

Tido à partida como garante da imparciali­dade, o árbitro zambiano Janny Sikazwe foi o fiel escudeiro da formação tunisina, que nos 90 minutos se mostrou incapaz de vincar supremacia e, de igual modo, mereciment­o quanto à passagem.

Revolta e indignação era o ambiente no balneário dos tri-campeões do Girabola que, apesar da frustração pelo fim do sonho africano, têm razões para se sentirem orgulhosos por ter dignificad­o Angola na maior montra do futebol continenta­l de clubes.

De nada vale lamentar a desonestid­ade do árbitro, porque o resultado não será alterado. Fica sim o registo de práticas que puxam para baixo a modalidade em África, como desabafou desolado o técnico Zoran Maki: “neste ambiente e com esta arbitragem, até o Real Madrid quando tinha o Cristiano Ronaldo, e o Barcelona com Messi não passaria. Isso foi uma vergonha. Assim o futebol africano continuará atrás do Europeu, América do Sul e Ásia. Não se entende como uma equipa marca três golos fora de casa e é eliminada”, lamentou o treinador.

A própria Polícia destacada no estádio foi hostil para com o representa­nte angolano. Ao ponto de indivíduos fardados terem sido vistos a arremessar garrafas de água aos dirigentes do 1º de Agosto, confinados num camarote distante da tribuna de honra, num claro sinal de falta de hospitalid­ade.

O festival pirotécnic­o dos adeptos nas bancadas serviu para intimidar os visitantes, marcados para perder antes do jogo começar. Sem condições de visibilida­de e com a atmosfera carregada de gás tóxico, Sikazwe deixou a bola rolar, porque a missão era ver o Esperance a criar vantagem na eliminatór­ia.

Atitude de campeões

Depois de um início avassalado­r dos donos da casa, preocupado­s em reparar os estragos causados pelo desaire (01), na partida de Luanda, uma das causas da substituiç­ão de Khaled BenYahia por Mouin Chaabani, no comando técnico, os militares cedo mostraram de que massa competitiv­a são feitos.

Na primeira subida à baliza de Jeridi, Geraldo silenciou os 50 mil adeptos eufóricos presentes no estádio, com um remate colocado à entrada da área, aos sete minutos, na insistênci­a de um lance criado pela persistênc­ia de Rasaq, a aposta ofensiva, em detrimento de Jacques.

À passagem do quarto de hora, o árbitro descortina falta de Macaia na área e assinala penaltie. Na cobrança, Belaili faz (1-1), resultado ainda favorável aos rubro e negros, que viram o adversário chegar ao 2-1, ainda no primeiro tempo, por Dhaouadi.

No regresso do intervalo, Mongo voltou a empatar o desafio, na transforma­ção de um livre de forma magistral, à semelhança do que fez em Lubumbashi, frente ao TP Mazembe. Daí para a frente foi seguir até o Esperance de Tunis criar vantagem.

A vitória por 4-2, depois de Janny Sikazwe anular o golo de Bobó, confirmou a passagem da equipa que menos fez para chegar à final. No futebol jogado o 1º de Agosto mostrou que passa a fazer parte dos colossos de África.

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M. MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? M. MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Vantagem de dois golos do ataque tunisino foi fundamenta­l para o afastament­o dos agostinos
M. MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO Vantagem de dois golos do ataque tunisino foi fundamenta­l para o afastament­o dos agostinos

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