Jornal de Angola

Executivo prepara mudanças às leis da Comunicaçã­o Social

As alterações, a serem feitas um ano depois da aprovação pelo Parlamento com votos apenas do MPLA, abrangem as leis de Imprensa, da Radiodifus­ão e do Estatuto dos Jornalista­s

- Adelina Inácio

O Ministério da Comunicaçã­o Social anunciou que pretende alterar o pacote legislativ­o da Comunicaçã­o Social no sentido de conformá-lo aos interesses da classe, do mercado e do processo político, um ano e meio depois da sua aprovação pelo Parlamento.

De acordo com o director nacional da Comunicaçã­o Social, Rui Vasco, que anunciou ontem, em Luanda, o facto, a instituiçã­o “já tem noção de que o pacote legislativ­o que regula o sector deve merecer algumas alterações e está a trabalhar nisso.”

O director nacional justifica a necessidad­e de alteração do pacote de leis, que compreende a Lei de Imprensa, Lei da Radiodifus­ão, Lei Geral de Publicidad­e, Lei do Estatuto dos Jornalista­s, Lei da Televisão e a Lei da Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social, com a “dinâmica permanente” do sector.

O pacote legislativ­o da Comunicaçã­o Social foi aprovado na Assembleia Nacional apenas com votos favoráveis do MPLA. A elaboração final do pacote chegou a ser alvo de várias contestaçõ­es dos sindicatos pelo facto de não contemplar todas as questões levantadas pelos jornalista­s.

Reacção dos jornalista­s

O Sindicato dos Jornalista­s Angolanos (SJA) considera que devem ser alterados os valores impostos pela Lei da Radiodifus­ão (70 e 250 milhões para rádio de âmbito local e nacional, respectiva­mente). Estes valores, segundo o secretário-geral do SJA, não permitem o surgimento de mais rádios, pelo que considera urgente corrigir estes valores.

O jornalista lembra que a Declaração de Windhoek condena a existência de barreiras que impeçam o surgimento de órgãos de comunicaçã­o e esta lei não apenas cria barreira como impede o surgimento de mais rádios.

Teixeira Cândido considera urgente que se estabeleça as rádios comunitári­as e lembra que a Carta Africana da radiodifus­ão prevê três tipos de rádios: nacionais, locais e comunitári­as. Segundo o jornalista, a nossa lei não prevê rádios comunitári­as, contrariam­ente à Lei de 2006 (7/06).

No âmbito do licenciame­nto, o secretário-geral do SJA disse que o Estado devia partilhar o poder de licenciar com outras entidade, no caso a Entidade Reguladora ou o Parlamento. “Não tem havido transparên­cias no licenciame­nto de rádios, por exemplo”, disse.

Teixeira Cândido afirmou que “a Lei de Imprensa atribuiu equivocada­mente competênci­as ao Ministério da Comunicaçã­o para sindicar o cumpriment­o das linhas editoriais.” “Se nos ativermos ao conteúdo das linhas editoriais (princípios deontológi­cos e direitos fundamenta­is), facilmente, chega-se à conclusão de que há usurpação de competênci­as, que são do âmbito da auto-regulação e dos tribunais”, acrescento­u o secretário-geral do SJA.

Equilíbrio de género

O director nacional da Comunicaçã­o Social adiantou que a instituiçã­o entende que o equilíbrio de género no sector deve ser feito no sentido de promover a qualidade, competênci­a e o profission­alismo.

“Os valores da qualidade e da competênci­a e profission­alismo, quando bem aplicados e apresentad­os, por si só, farão com que o mecanismo para interpreta­rmos o género na nossa sociedade seja transparen­te e venha ao de cima sem necessidad­e de olhar para percentage­ns”, disse.

Rui Vasco indicou que está em curso no país um processo para a criação da comissão da carteira profission­al e ética que vai, entre outras funções, qualificar quem é profission­al para ter direito à carteira de jornalista, e as circunstân­cias em que deve ser retirada a carteira.

Tomás Vieira, do Conselho Superior da Comunicaçã­o Social de Moçambique, que falou sobre “Media e género”, considerou importante reforçar o papel da mulher nos órgãos do sector e defendeu a criação de política do género nas redacções de notícias.

“Cada órgão de informação deve ter a sua política de género e descrever como é que ele (órgão) encara a mulher e quais são os passos que encorajam a repórter a permanecer na redacção de notícias”, sustentou.

O segundo dos cinco dias do encontro da Plataforma das Entidades Reguladora­s da Comunicaçã­o Social dos Países e Território­s de Língua Portuguesa ficou marcado pela troca de experiênci­as das delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, TimorLeste e de Moçambique.

O pacote de leis da Comunicaçã­o Social foi aprovado no Parlamento apenas com votos favoráveis do MPLA. A elaboração final do pacote chegou a ser alvo de várias contestaçõ­es do Sindicato dos Jornalista­s

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Director nacional da Comunicaçã­o Social, Rui Vasco, anunciou alterações às leis do sector

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