Criadores de gado denunciam uso de armas pelos ladrões
A menos de um mês da realização de eleições, a GuinéBissau continua a registar o aumento de incidentes com armas de guerra. As autoridades dizem estar dispostas a tomar “medidas excepcionais” para fazer frente à situação
As autoridades da GuinéBissau estão a estudar a implementação de “medidas excepcionais” para conter a violência que tem vindo a agravar-se e que envolve o uso de armas de fogo por parte de delinquentes.
Recentemente, os criadores de bovinos no norte do país denunciaram a existência de cada vez mais ladrões a utilizar armas de fogo, incluindo do tipo AK-47, nos assaltos aos currais para roubarem gado.
Criadores de gado de uma aldeia na região centro da Guiné-Bissau, escreveram ao Governo a pedir que sejam criadas leis que permitam à população defender-se “adequadamente” de quem lhes quer roubar o gado, o seu único meio de subsistência.
Esses criadores de gado, muitos deles antigos combatentes, têm criado algumas milícias para se defenderem dos assaltos, mas estão com dificuldades para poderem enfrentar ladrões que usam armas que deviam ser para o uso exclusivo das forças armadas, como é o caso das metralhadoras AK-47.
Na semana passada, os ladrões de gado atacaram várias aldeias das regiões centro e norte do país envolvendo-se em trocas de tiros com a população, tendo do incidente resultado 20 feridos graves, de acordo com a imprensa local. Como consequência destes assaltos, a Polícia reforçou a vigilância nas zonas rurais, mas está com o problema da falta de meios para que possa cumprir com êxito a missão de defesa das populações.
Outros tipos de crimes
Mas não são só os ladrões de gado que estão a atormentar a vida das populações e a desafiar a autoridade das forças de segurança.
Na sexta-feira passada, elementos da Polícia Judiciária apreenderam dois camiões com madeira para venda no mercado ilegal, apesar de, em 2015, o Governo da GuinéBissau ter decretado uma moratória que proíbe durante cinco anos o corte de árvores nas florestas do país.
“Pedimos a colaboração da população para denunciar o abate abusivo de árvores”, disse o director-adjunto da PJ guineense, Domingos Correia, num encontro com a imprensa, no qual foi anunciada esta operação e no qual falou também de outras que visaram combater a criminalidade que se encontra em fase de crescimento.
Na conferência de imprensa, Domingos Correia informou que a PJ apreendeu este mês seis quilogramas de cocaína e deteve cinco pessoas, duas das quais das forças de segurança.
Em relação aos dois elementos das forças de segurança, o director-adjunto da PJ disse que se tratou de “actos de natureza isolada” e que as pessoas abusaram do exercício das suas funções. “É determinação deste órgão de Polícia criminal combater sem tréguas o fenómeno do tráfico, banir o nome com que infelizmente a GuinéBissau tem sido conotada e mostrar o esforço das autoridades no controlo do tráfico de estupefacientes”, afirmou.
Com a data das eleições a aproximar-se, as autoridades não escondem a preocupação e estão a trabalhar com o Governo no sentido de que seja criada uma legislação especial, conjugada com o poder judicial e a Polícia, que permita uma actuação mais incisiva para que as populações tenham mais segurança.
A Polícia queixa-se de que muitos dos delinquentes que prende ficam pouco tempo detidos por força da legislação em vigor, que consideram demasiado branda para punir certo tipo de crimes.
Outro problema prendese com o pouco controlo que o Exército tem sobre o armamento que lhe pertence e que frequentemente é vendido a grupos de bandidos sem sequer passar pelo mercado paralelo.