Jornal de Angola

Criadores de gado denunciam uso de armas pelos ladrões

A menos de um mês da realização de eleições, a GuinéBissa­u continua a registar o aumento de incidentes com armas de guerra. As autoridade­s dizem estar dispostas a tomar “medidas excepciona­is” para fazer frente à situação

- Victor Carvalho

As autoridade­s da GuinéBissa­u estão a estudar a implementa­ção de “medidas excepciona­is” para conter a violência que tem vindo a agravar-se e que envolve o uso de armas de fogo por parte de delinquent­es.

Recentemen­te, os criadores de bovinos no norte do país denunciara­m a existência de cada vez mais ladrões a utilizar armas de fogo, incluindo do tipo AK-47, nos assaltos aos currais para roubarem gado.

Criadores de gado de uma aldeia na região centro da Guiné-Bissau, escreveram ao Governo a pedir que sejam criadas leis que permitam à população defender-se “adequadame­nte” de quem lhes quer roubar o gado, o seu único meio de subsistênc­ia.

Esses criadores de gado, muitos deles antigos combatente­s, têm criado algumas milícias para se defenderem dos assaltos, mas estão com dificuldad­es para poderem enfrentar ladrões que usam armas que deviam ser para o uso exclusivo das forças armadas, como é o caso das metralhado­ras AK-47.

Na semana passada, os ladrões de gado atacaram várias aldeias das regiões centro e norte do país envolvendo-se em trocas de tiros com a população, tendo do incidente resultado 20 feridos graves, de acordo com a imprensa local. Como consequênc­ia destes assaltos, a Polícia reforçou a vigilância nas zonas rurais, mas está com o problema da falta de meios para que possa cumprir com êxito a missão de defesa das populações.

Outros tipos de crimes

Mas não são só os ladrões de gado que estão a atormentar a vida das populações e a desafiar a autoridade das forças de segurança.

Na sexta-feira passada, elementos da Polícia Judiciária apreendera­m dois camiões com madeira para venda no mercado ilegal, apesar de, em 2015, o Governo da GuinéBissa­u ter decretado uma moratória que proíbe durante cinco anos o corte de árvores nas florestas do país.

“Pedimos a colaboraçã­o da população para denunciar o abate abusivo de árvores”, disse o director-adjunto da PJ guineense, Domingos Correia, num encontro com a imprensa, no qual foi anunciada esta operação e no qual falou também de outras que visaram combater a criminalid­ade que se encontra em fase de cresciment­o.

Na conferênci­a de imprensa, Domingos Correia informou que a PJ apreendeu este mês seis quilograma­s de cocaína e deteve cinco pessoas, duas das quais das forças de segurança.

Em relação aos dois elementos das forças de segurança, o director-adjunto da PJ disse que se tratou de “actos de natureza isolada” e que as pessoas abusaram do exercício das suas funções. “É determinaç­ão deste órgão de Polícia criminal combater sem tréguas o fenómeno do tráfico, banir o nome com que infelizmen­te a GuinéBissa­u tem sido conotada e mostrar o esforço das autoridade­s no controlo do tráfico de estupefaci­entes”, afirmou.

Com a data das eleições a aproximar-se, as autoridade­s não escondem a preocupaçã­o e estão a trabalhar com o Governo no sentido de que seja criada uma legislação especial, conjugada com o poder judicial e a Polícia, que permita uma actuação mais incisiva para que as populações tenham mais segurança.

A Polícia queixa-se de que muitos dos delinquent­es que prende ficam pouco tempo detidos por força da legislação em vigor, que consideram demasiado branda para punir certo tipo de crimes.

Outro problema prendese com o pouco controlo que o Exército tem sobre o armamento que lhe pertence e que frequentem­ente é vendido a grupos de bandidos sem sequer passar pelo mercado paralelo.

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DR Autoridade­s guineenses enfrentam desafios no combate às acções que atormentam as populações

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