Bolsonaro usa tom agressivo contra adversários políticos
Candidato à Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, fez afirmações incendiárias sobre a esquerda
Grande favorito na segunda volta das presidenciais, o candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, garantiu no fim-de-semana que o ex -Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, ia “!apodrecer na prisão”.
As afirmações, feitas no domingo, vieram coroar uma campanha marcada por numerosos episódios de violência, designadamente, agressões contra jornalistas, homossexuais e militantes anti - Bolsonaro.
O ex - capitão do Exército atacou a esquerda, ao dirigir-se aos apoiantes que se manifestavam em São Paulo, através de uma mensagem em vídeo, transmitida em directo a partir da sua residência, no Rio de Janeiro.
Na ocasião, falou de “limpeza em profundidade”, não deixou aos opositores de esquerda outra escolha, além do exílio ou da prisão.
“Se esse grupo quiser continuar cá, vai ter de submeter-se à lei, como todos os outros. Ou saem do país ou vão para a prisão. Esses marginais vermelhos vão ser proibidos de ficarem na nossa pátria”, declarou.
Maurício Santoro, professor de Ciência Política, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mostrouse inquieto com a dimensão do termo “vermelhos”.
“Quem são esses vermelhos? Os que não estão de acordo com ele? Todas as pessoas de esquerda, todos os progressistas? É um discurso de incitamento ao ódio, por parte de uma corrente política”, acentuou.
Bolsonaro sempre utilizou um tom agressivo ao referirse aos adversários políticos, mas baixou ligeiramente o tom, depois de apurado para a segunda volta das eleições presidenciais, em 7 de Outubro. Esta agressividade acrescida é atribuída à vantagem que as sondagens lhe dão, ao creditá-lo com 59 por cento das intenções de voto, actualmente. “É, justamente, esta vantagem que explica este tom agressivo. Ele quer utilizar a sua popularidade, para passar um programa extremista. Depois de ridicularizado pela esquerda, durante cerca de 30 anos, pode agora contraatacar”, sublinhou Santoro.
O seu alvo predilecto é Lula, que cumpre desde Abril uma pena de 12 anos e seis meses de prisão, por corrupção, substituído na corrida presidencial, por Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores), após ser declarado inelegível. “Senhor Lula da Silva, se você espera que Haddad se torne Presidente para o perdoar, vou dizer-lhe uma coisa, vai apodrecer na prisão”, declarou, na mensagem vídeo.
“Aliás, Haddad vai também para a prisão. Não para lhe fazer uma visita, mas para ficar alguns anos consigo (...). Como gosta tanto dele, vão apodrecer os dois na prisão”, acrescentou Bolsonaro.
Para André César, analista do gabinete de consultoria Hold, estas afirmações fazem parte do "'kit' habitual" de Bolsonaro e não devem ter impacto nas intenções de voto. “Isto, não muda nada. As posições estão definidas, tanto de um lado como do outro. Mesmo que aconteça alguma coisa de grave, isso, não irá mudar um resultado que parece já estar definido”, disse o analista.