Censura na imprensa faz parte do passado
A censura nos conteúdos produzidos pela media nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) “começa a fazer parte do passado”, dando lugar a uma produção jornalística plural e independente, sem interferência dos governos, afirmou ontem o presidente interino da Plataforma das Entidades Reguladoras dos países e territórios de Língua Portuguesa (PER).
Tomás Vieira Mário fez esta afirmação no final de uma visita dos participantes ao VIII encontro da PER a Edições Novembro, proprietária do Jornal de Angola e outros seis títulos.
Também presidente do Conselho Superior da Comunicação Social de Moçambique (CSCS), Tomás Vieira Mário disse que as autoridades governamentais estão a ter nova postura em relação ao controlo da media, sobretudo por causa dos avanços das tecnologias de comunicação e informação.
“Os tempos são outros. Hoje temos uma série de plataformas de comunicação, como as redes sociais, que divulgam e actualizam informações de minuto a minuto, e as nossas autoridades tiveram de adaptarse a esta realidade”, referiu. Lembrou que no passado a fronteira entre a media e os governos era “ténue ou inexistente”.
Tomás Vieira Mário sublinhou que os PALOP deviam apostar mais na formação de jornalistas especializados em análise de conteúdos, principalmente no que toca à violação da ética e da deontologia profissional.
A Entidade Reguladora da Comunicação Social de Angola (ERCA) assume, na sextafeira, o mandato de um ano na presidência da PER.
O administrador de Conteúdos da Edições Novembro, Caetano Júnior, garantiu que um dos maiores desafios da empresa é o de continuar a apostar no género, dando oportunidade às mulheres de exercerem a actividade jornalística sem qualquer discriminação.
Caetano Júnior aproveitou a ocasião para anunciar o lançamento até Janeiro de mais dois títulos da Edições Novembro, um para a região Leste e outro para o Norte, totalizando nove jornais.
O VIII encontro da PER, que decorre sob o lema “Media, Género e Regulação”, encerra na sexta-feira. Participam no evento Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste. O Brasil, por não ter entidade reguladora, não aderiu à plataforma.
A PER foi proclamada em 22 de Outubro de 2009, na cidade de Lisboa. É um fórum de discussão, cooperação, intercâmbio de informações regulares e de investigação em matérias relativas à regulação da comunicação social.