Angola deve contar com a contribuição das universidades
O país não deve abster-se da busca pelo progresso social da população, da contribuição das universidades, sob pena de correr o risco de não alcançar o tão desejado desiderato, alertou ontem, em Luanda, a decana interina da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.
Luzia Milagre, que falava ao Jornal de Angola à margem do VIII colóquio sobre as Ciências Sociais que decorre até hoje, disse que no processo de desenvolvimento social de um país as Ciências Sociais de forma alguma devem ser postas de parte, tendo em conta a missão fundamental que desempenham nesse processo.
A responsável disse ser por meio das Ciências Sociais que se consegue compreender os vários fenómenos sociais que vão ocorrendo no país.
Na conferência, que decore sob o lema “Revisitar o desenvolvimento em Angola com o saber e o saber fazer das Ciências Sociais”, Luzia Milagre informou que o Executivo tem contado com o contributo das universidades na resolução e compreensão de certos problemas sociais do país.
Apesar da contribuição das universidades, a responsável reconhece não ser ainda de uma dimensão desejável, salientando que, ainda assim, já eleva o ego dos académicos.
“Seria bom se se tivesse a universidade como centro de todo o desenvolvimento do país. É para isso que nós existimos”, precisou.
De acordo com a decana, não é a primeira vez que a Faculdade de Ciências Sociais reflecte sobre o tema. Recordou que um encontro do género foi realizado há oito anos, cujo lema foi “As Ciências Sociais e a dimensão cultural do desenvolvimento”.
Luzia Milagre explicou que decidiram reflectir mais sobre o assunto por força da complexidade do conceito e das profundas mudanças que estão a acontecer no país.
O VIII colóquio que, decorre até hoje às 16 horas no anfiteatro daquela instituição académica, reserva ainda, entre outros temas, “O empoderamento da mulher em Angola: um imperativo ético e económico”, “Os media em Angola - do jornalismo de enunciação a guardião da democracia (Abril 2017/Setembro 2018)” e “A identidade cultural angolana em tempo de globalização e o papel da comunicação social”.
Para hoje, está ainda previsto palestras sobre o tema como “Contribuição dos emigrantes de Angola”, além do lançamento dos números nove, dez , onze e 12 da revista Mulemba. O Ministério da Saúde vai accionar mecanismos legais para obrigar os médicos formados com recursos do Estado a cumprirem primeiro um tempo determinado de serviço em hospitais das periferias, em detrimento das clínicas privadas, revelou ontem, no Lubango, a titular da pasta.
Ao falar no Encontro ProvincialdaJuventude,promovido pelo Governo Províncial da Huíla, Sílvia Lutucuta disse que os médicos recém-formados com recursos do Estado só podem ser admitidos no sector privado depois de cumprirem o normativo legal de prestarem serviço numa periferia.
“Formar médicos é caro e não se pode admitir que depois de formados se recusem a ir para uma unidade sanitária do interior, principalmente onde existe carência de pessoal”, disse.
Segundo a ministra, após o cumprimento deste dispositivo legal, se o profissional não quiser continuar no funcionalismo público, não há inconveniente, mas antes deve cumprir o tempo legal numa periferia.
Sílvia Lutucuta manifestou-se surpreendida e desagradada pela fraca adesão de médicos no recente concurso público do sector, que deixaram vagas por preencher na maioria das províncias. Muitos médicos recém-formados recusam candidatarse a vagas disponíveis nas províncias do interior, por alegada falta de condições sociais, laborais, valorização de quadros e subsídios, disse a ministra, que considera incompreensíveis as justificações apresentadas.
Foram disponibilizadas 1.500 vagas, com apenas 1.300 inscritos neste momento, quando se sabe que existem em Angola três mil médicos no desemprego, revelou a ministra, que anunciou a prorrogação do prazo de inscrição, para dar a possibilidade aos candidatos de repensarem e mudarem o local escolhido.
“Apesar de toda a divulgação e informação disponível sobre o concurso público tivemos uma grande surpresa. Não percebemos que províncias como Huíla, Benguela, Malanje e Cabinda, que têm Faculdades de Medicina e cujos estudantes residem nestas regiões, não tenham candidatos suficientes, mesmo com 20 vagas adicionais”, lamentou.
Quem fez o curso de Medicina é porque fez o Juramento de Hipócrates, disse Sílvia Lutucuta, para quem “os médicos devem trabalhar em qualquer lugar onde for necessário”, sublinhando que houve um trabalho profundo com os governos provinciais para a criação de condições mínimas de acomodação de profissionais nas respectivas localidades.
O concurso público deste ano dispõe de 7.667 vagas para admissões, promoções e actualizações de carreira, nas áreas médica, enfermagem e técnicos de diagnóstico.