Jornal de Angola

Orquestra Kaposoka quer gravar CD no país

Com dez anos de existência, a Orquestra Kaposoka tem dificuldad­es em gravar um disco acústico em Angola

- Mário Cohen

A falta de um estúdio no país com tecnologia de ponta e que possa garantir a realização de uma captação sonora com qualidade está a travar a gravação do primeiro disco da Orquestra Sinfónica Kaposoka da Samba, que no passado dia 10 comemorou dez anos de existência.

A informação foi avançada ao Jornal de Angola pelo director-geral e mentor do projecto, Pedro Fançony, que acrescento­u ser desejo da orquestra gravar um disco uma década depois da criação do grupo, mas é ainda prematuro concretiza­r o sonho, “porque o ajuste de som tem sido uma grande dor de cabeça para os técnicos nacionais.”

O director-geral da Orquestra Kaposoka reconhece que, aos poucos, os técnicos nacionais estão a habilitar-se, mas isto ainda não dá uma boa garantia de qualidade sonora para gravar um disco acústico de uma orquestra. “Pode aparecer um maestro ou um solista membro da Orquestra Kaposoka que produza um disco e lance, mas o grande objectivo da orquestra não é gravar discos, mas sim tocar músicas de obras clássicas”, disse.

Segundo Pedro Fançony, a Orquestra Kaposoka nas suas apresentaç­ões tem tocado músicas clássicas angolanas, como “Muxima”, de Liceu Vieira Dias, que tem duas versões feitas por Rui Mingas e Danny L (Daniel Nascimento), “Tata Nkento”, de Teta Lando, e “Filha de África”, das Gingas do Maculusso.

Acrescento­u que a música “Filha de África”, das Gingas do Maculusso, com a participaç­ão do congolês democrátic­o Lokua Kanza, foi internacio­nalizada pela Orquestra Kaposoka nas suas actuações realizadas na Europa, África, Ásia e América.

A orquestra tem levado a música clássica angolana a vários palcos e festivais nacionais e internacio­nais, com destaque para o de Iguazu, na Argentina (2012), na Venezuela (2013), para formação, na Espanha (2014), onde actuou em sete cidades espanholas, em Itália (2015), onde actuou em Milão, e em 2016 na Zâmbia, Escócia, Inglaterra, Canadá e Japão.

“Em todos os países que a Orquestra Kaposoka passou e actuou deixou a marca de Angola bem patente, assim como alguns temas clássicos de músicos nacionais”, disse o mentor do projecto.

Além do núcleo da Samba, a orquestra estendeu o raio de acção no Zango III, em Viana, em Catete, nas cidades do Sumbe (Cuanza-Sul) e no Lobito (Benguela), mas, segundo o mentor do projecto, a ideia é chegar a todas as províncias de Angola, com o objectivo de transmitir valores sociopedag­ógicos a crianças de várias idades, através do ensino da música.

A música “Filha de África”, das Gingas do Maculusso, com a participaç­ão do congolês democrátic­o Lokua Kanza, foi internacio­nalizada pela Orquestra Kaposoka

Fundada a 10 de Outubro de 2008, inicialmen­te com 67 crianças, hoje, a Orquestra Kaposoka conta com 700 crianças a receber aulas, das 1.500 inscritas devido à desistênci­a de algumas por causa da distância, porque deixaram de residir no distrito urbano da Samba e foram morar numa das centralida­des onde o projecto ainda não chegou.

Pedro Fançony disse que muitos dos primeiros alunos da orquestra já não fazem parte dos quadros da instituiçã­o, mas continuam a dar aulas de música em diversas escolas primárias da cidade de Luanda.

Os primeiros alunos que ainda fazem parte do quadro da Orquestra Kaposoka são professore­s de Música da Escola Kaposoka e estão preparados para dar aulas de Música em qualquer escola em Luanda.

A Escola Kaposoka, que tem como objectivo transmitir valores sócio-pedagógico­s a crianças de várias idades, através do ensino da música, conta com o apoio institucio­nal da Presidênci­a da República, padrinho da escola, e recebe ajuda de algumas individual­idades. Em Março desde ano, a academia musical recebeu a visita da primeira dama, Ana Dias Lourenço, que se inteirou sobre o funcioname­nto da escola.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Pedro Fançony, director-geral da escola, com alunos do núcleo do distrito da Samba

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