Comandante em Chefe, ordene!
Com o advento da estação das chuvas, a cidade de Luanda, devido à sobrepopulação e à sua configuração geológica agravada por uma incipiente ou nula planificação urbana que tivesse acompanhado o crescimento urbano, é uma zona onde o paludismo endémico, assim como as doenças diarreicas se agravam, com riscos de cólera contagiante.
A situação de insalubridade geral no país, com maior incidência nos bairros periféricos, colocam aquelas duas endemias no topo das primeiras causas de mortalidade em Angola, acima da infecção por VIH/ SIDA.
Luanda é o pólo da maior incidência do paludismo (ou malária) e da febre tifóide pois que os sete milhões de habitantes que a densificam convivem num território carente de um saneamento básico à medida do habitat humano e carente de medidas de prevenção abrangentes.
O que é que este cenário acarreta para Luanda?
Uma autêntica guerra aberta do mosquito transmissor do agente palúdico e do vírus da diarreia e da febre tifóide contra o organismo humano.
Ora, quando há guerra declarada num país – e basta ler os relatórios do sector da Saúde para ver quantas vítimas mortais os nossos inimigos provocam – a tropa é chamada a intervir.
Nós temos, em Angola, um dos melhores e mais bem apetrechados exércitos da África Austral. As Forças Armadas Angolanas (FAA) também possuem pessoal médico e para médico de alta qualidade: o Hospital Militar Central é uma das unidades sanitárias de referência num país onde os altos quadros do Governo viajam para tratamento no exterior a expensas do Estado.
Sendo assim, o Governo e o próprio partido no poder ganhariam pontos de aceitação e popularidade junto das populações carentes, se as FAA desenvolvessem uma operação de emergência médica-militar nos bairros periféricos, colocando hospitais de campanha desmontáveis, em zonas estratégicas, para atacar os inimigos que ameaçam a integridade física do povo indefeso: o paludismo, as doenças diarreicas, a febre tifóide crónica e a cólera.
Esses hospitais de campanha seriam apetrechados de meios de diagnóstico e medicamentos que seriam distribuídos gratuitamente aos pacientes. Alguns médicos militares operariam nessas unidades, apoiados por médicos cubanos, portugueses, brasileiros ou mesmo namibianos, porque não? O pessoal paramédico seria fornecido por estudantes dos cursos de enfermagem em estágio terminal. Eu não sou médico. Estas são apenas ideias que fazem parte de um sonho maior de ver o nosso Governo agir perto do povo, abraçado ao povo, querido do povo. E o porquê deste sonho? Porque as mães das periferias, quando um filho contrai uma doença qualquer, levam tempo para encaminhar o seu familiar ao posto de saúde. As nossas mamãs pobres passam o dia fora de casa ou, se em casa, ocupadas a vender qualquer produto para matar a fome da prole. Quando uma criança adoece, recorrem à auto-medicação, junto das senhoras que zungam medicamentos. Nos hospitais cobram gasosa, os centros médicos privados são caros, até as mães no parto têm de pagar a uma enfermeira para os familiares poderem chegar perto da parturiente, o kit de medicamentos contra o paludismo pode chegar aos 7 mil kwanzas, na rua é mais barato, nos hospitais municipais de referência um mês têm-nos de graça, cinco meses depois já não têm...
Uma notícia que muito nos alegrou foi a de que o Governo de João Lourenço prevê cortar para metade as despesas com a Defesa até 2022 conforme consagra o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018-2022).
Afirmou este ano o ministro da Economia e Planeamento de Angola, Pedro Luís da Fonseca, que o PDN tem como “eixo nuclear o desenvolvimento do Homem e o seu bem-estar”. Esta frase deixa de ser uma mera expressão programática, para se tornar um hino de esperança cantado pelo próprio Executivo.
Desde 2002 que as FAA não têm operações de guerra. A tropa está de músculos enferrujados. Também não se vislumbram, para os próximos anos, operações militares com fogo real, pois não existe nenhuma ameaça de ataque vinda do exterior: estamos em paz com os vizinhos, do oceano só pode vir um ataque de alguma grande potência militar e o espectro de conflitualidade mundial não aponta para este cenário.
Portanto, enquanto o PDN não alcança os espaços da vulnerabilidade social mais extrema, e com os recursos militares disponíveis por ausência de guerra e de ameaças próximas, poderíamos desencadear uma operação Saúde Para Todos, com os hospitais de campanha nos bairros periféricos. No próximo Cacimbo, com um OGE mais afecto à Saúde, esses hospitais de campanha seriam transformados em unidades sanitárias definitivas.
Tudo o que hoje somos, o estado geral da Nação, resultou do espírito de conflitualidade que presidiu à luta armada de libertação nacional e, depois, ao cruzar de baionetas interno. É altura de utilizarmos o sector mais bem equipado e mais bem disciplinado do país, as Forças Armadas, para uma guerra humanitária em prol do bem-estar público mais geral.
Comandante em Chefe, ordene!
Uma notícia que muito nos alegrou foi a de que o Governo de João Lourenço prevê cortar para metade as despesas com a Defesa até 2022 conforme consagra o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018-2022)