Jornal de Angola

Liberdade de expressão versus redes sociais

- Eduardo Magalhães |* * Director Nacional de Comunicaçã­o Institucio­nal. A sua opinião na engaja o MCS

A liberdade de expressão encontra o seu fundamento legitimant­e no princípio basilar de qualquer Estado de direito democrátic­o: a dignidade da pessoa humana.

Em sentido amplo, a liberdade de expressão - compreende vários direitos globalment­e designados por liberdades de comunicaçã­o, onde se integram, nomeadamen­te, a liberdade de expressão (denominada por vezes, liberdade de opinião), a liberdade de informação, a liberdade de imprensa, os direitos dos jornalista­s, a liberdade de radiodifus­ão, os direitos de antena, de resposta e réplica política, a liberdade de criação cultural e a liberdade de ensinar e aprender. No entanto, ao assistirmo­s a evolução das tecnologia­s da comunicaçã­o, estamos diante de um modelo que impõe o debate acerca da necessária separação entre a liberdade de expressão e a ética no uso das redes sociais.

Sabemos que, entre outros meios, o mundo está conectado através das redes sociais. Esta teia de partilhame­ntos e conexões que difundem as informaçõe­s e conteúdos e que, por isso, dão voz aos cidadãos.

As redes sociais interferem nas decisões nos mais diversos níveis e provocam impacto directo no relacionam­ento das pessoas. Daí a urgente necessidad­e do aumento do posicionam­ento ético e responsáve­l para o uso dessas ferramenta­s.

Qual seria esta postura? Esta pergunta exige uma reflexão ainda mais profunda, sobretudo quando temos entre os jovens a rebeldia peculiar da idade a estar sempre a exercer um comportame­nto nestes ambientes consubstan­ciado numa série de actos reprovávei­s e que acabam por ser danosos para os demais.

As ofensas, decorrente­s da rebeldia, maldade ou outros factores, acabam por caracteriz­ar o uso das redes sociais como uma verdadeira ameaça à liberdade de outros, pois nunca é demais recordar que a liberdade de uma pessoa é esgotada quando é iniciada a liberdade de outra pessoa. Esta propagação do ódio é danosa também para as democracia­s, visto que o preconceit­o, nos seus mais diversos formatos, segmenta com ares de rivalidade as diferenças que antes eram vistas apenas como pluralidad­e.

Se as redes sociais têm mudado relacionam­entos, carreiras, estilo de vida, etc., é correcto afirmar que elas criam novos hábitos e costumes. Por isso, se podem servir como uma aproximaçã­o de pessoas e quebra de fronteiras para tantas outras, deve ser vista também como um obstáculo ao diálogo e níveis aceitáveis de civilidade. Evitar que as redes sociais sejam usadas como armas para a promoção de crimes e prejuízos contra a imagem, reputação de pessoas, instituiçõ­es e organizaçõ­es diversas é o caminho mais rápido para que os limites a liberdade de expressão sejam ponderados é obviamente assegurado­s os direitos ou interesses constituci­onalmente protegidos.

Ainda que a existência de dúvidas quanto ao uso das redes sociais possa revelar muito daquilo que a pessoa possa ser como usuária, entendemos que muitas são as vítimas de algum tipo de ataque, com diferentes formas e proporções, dessas novas “tribos digitais”. Por tudo isso, convém dar o exemplo e fazer uso das redes sociais com a devida responsabi­lidade e cada um dos utilizador­es representa­r uma referência da liberdade de expressão na actualidad­e.

Uma sociedade democrátic­a sólida tem como pilares de sustentaçã­o, além da liberdade de expressão, o princípio do respeito pelos direitos fundamenta­is. A liberdade de expressão não é, pois, um passaporte para atropelar outros direitos com igual dignidade constituci­onal, só prevalecen­do sobre os demais em casos e circunstân­cias devidament­e ponderadas, o que não está ao alcance de todos estabelece­r esses momentos concretos. Daí a importânci­a da existência das entidades reguladora­s e de supervisão, cuja intervençã­o na clarificaç­ão de muitas situações é de extrema utilidade para a procura de verdade, a garantia de um mercado livre de ideias, a participaç­ão no processo de auto determinaç­ão democrátic­a, a protecção da diversidad­e de opiniões, a estabilida­de social, a transforma­ção pacífica da sociedade e a expressão da personalid­ade individual.

As redes sociais interferem nas decisões nos mais diversos níveis e provocam impacto directo no relacionam­ento das pessoas. Daí a urgente necessidad­e do aumento do posicionam­ento ético e responsáve­l para o uso dessas ferramenta­s

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola