Jornal de Angola

Combate às ravinas conta com o apoio da Endiama

Empresa diamantífe­ra entregou um donativo composto por material diverso para travar a progressão do fenómeno

- André dos Anjos

A Empresa Nacional de Diamantes (Endiama) inicia, esta semana, um trabalho de levantamen­to, mapeamento e estudos de ravinas, no Moxico, para determinar as causas e encontrar uma solução duradoura para o fenómeno erosivo, que corrói a província, pondo em risco várias infra-estruturas, incluindo vias de comunicaçã­o, anunciou o vice-governador local para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas.

Manuel Lutuai, que falava ao Jornal de Angola, por telefone, disse ter recebido da administra­dora da Endiama para a área de Geologia e Desenvolvi­mento Mineiro, Ana Feijó, garantias da chegada ao Moxico, ainda esta semana, de uma equipa técnica, constituíd­a por geólogos, engenheiro­s de Construção Civil e ambientali­stas, que vão proceder em toda a província ao levantamen­to exaustivo das ravinas, estudar as respectiva­s causas e procurar respostas para o problema, que se arrasta há décadas.

Ana Feijó esteve à frente de uma delegação da Endiama, que se deslocou ao Moxico, na quinta-feira, para entregar ao governo da província um donativo da empresa diamantífe­ra, composto por material e equipament­os técnicos para a contenção das ravinas.

O donativo integra, entre outros meios, três betoneiras, duas compactado­ras e 1.900 sacos de cimento, que vão ser usados na feitura e colocação de socalcos para reduzir a velocidade das águas das chuvas e, consequent­emente, conter a progressão das ravinas que maior preocupaçã­o suscita.

Para os próximos dias, anunciou, está prevista a chegada à província de cinco mil litros de gasóleo, ainda no âmbito da oferta da Endiama. O donativo da empresa diamantífe­ra, prosseguiu, responde a um pedido de ajuda das autoridade­s provinciai­s, a braços com dificuldad­es financeira­s para travar o avanço das ravinas, que avançam perigosame­nte, pondo em risco bens públicos e de particular­es.

Já os trabalhos de levantamen­to, mapeamento e estudos de ravinas, que arrancam nos próximos dias, obedecem a uma recomendaç­ão do Governo Central, que orienta a Endiama a intervir no combate ao fenómeno erosivo na região leste, que, a par do Moxico, inclui as províncias das Lundas Sul e Norte, disse.

No âmbito dos estudos, disse, vão ser recolhidas amostras de terra, que serão enviadas à África do Sul, onde vão ser analisadas em laboratóri­os de alta fiabilidad­e para, com base nas recomendaç­ões técnicas daí resultante­s, ajudar a encontrar as melhores soluções para o problema.

Frentes prioritári­as

O material que a Endiama colocou à disposição do governo provincial, de acordo com o vice-governador para os Serviços Técnicos e Infraestru­turas, vai ser empregue, prioritari­amente, na contenção de uma ravina localizada no bairro 4 de Fevereiro, arredores da cidade do Luena, cujo ritmo de progressão aumentou substancia­lmente com a chegada das chuvas.

O restante, disse, vai servir para consolidar os trabalhos de contenção já iniciados nas chamadas “ravinas da engenharia militar”, no bairro Cuenha, também nos arredores da cidade do Luena. Sob controlo, assegurou, está a denominada ravina do Aço que, entre as 23 que circundam a capital da província, era a que maior perigo representa­va para a cidade do Luena.

Também engenheiro de Construção Civil, o vicegovern­ador do Moxico para os Serviços Técnicos e Infraestru­turas afirmou que a maior parte das craveiras que corroem a província há muito evoluíram de ravina para voçoroca, fenómeno também geológico, mas de proporções muito maiores, exigindo, por isso, esforços redobrados no seu combate. A voçoroca torna o solo seco, pobre, quimicamen­te morto e infecundo.

Fenómeno erosivo à escala nacional

Um trabalho de levantamen­to efectuado pelo Ministério da Construção e Obras Públicas, entre Dezembro e meados deste ano, através do Sistema de Informação Geográfica, permitiu identifica­r, em todo o país, 264 zonas erosivas.

A província do Uíge ocupa o primeiro lugar, com 73 zonas erosivas, seguida das do Moxico, com 58, e LundaSul com 50 áreas. Os trabalhos de levantamen­to envolveram drones e outras ferramenta­s de localizaçã­o, que possibilit­aram a análise da superfície, volume e profundida­de para verificar a perigosida­de de cada zona.

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DANIEL BENJAMIN | EDIÇÕES NOVEMBRO Ravina de grande dimensão ameaça destruir várias residência­s na cidade do Luena

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