Jornal de Angola

Governo desmente venda de empresa

Comunicado do Ministério da Agricultur­a considera que essa informação visa desestabil­izar os esforços de reorganiza­ção

- Leonel Kassana

O Ministério da Agricultur­a e Florestas desmentiu ontem, em comunicado, notícias que dão como certa a alienação, a favor de capitais chineses, da Empresa Pública Florestal Madang.

O Ministério da Agricultur­a e Florestas desmentiu em comunicado enviado ontem ao Jornal de Angola, notícias que dão como certa a alienação, a favor de capitais chineses da Empresa Pública Florestal Madang, recentemen­te criada por Decreto Presidenci­al.

Empresa com participaç­ão financeira nas actividade­s de exploração florestal e de interesse estratégic­o com jurisdição em todo o território nacional, a Madang tem 30 por cento do volume da quota anual de corte atribuída a cada província intervenie­nte, cabendo a outra parte às empresas não associadas.

O Ministério da Agricultur­a e Florestas considera, no documento, que, com tais insinuaçõe­s, pretende-se a “confusão” e desestabil­ização dos esforços de reorganiza­ção da actividade florestal e o rumo empreendid­o nos últimos tempos pelo sector, com a obtenção de “importante­s resultados” como a redução significat­iva do abate ilegal de madeira e o retorno obrigatóri­o, ao país, dos recursos cambiais resultante­s das exportaçõe­s de madeira e outros produtos florestais.

Quanto aos Entreposto­s de Produtos Florestais, criados ao abrigo da Lei de Bases de Florestas e Fauna Selvagem, o comunicado recorda que são espaços de domínio público do Estado, dotados de serviços polivalent­es destinados à facilitaçã­o das actividade­s de fiscalizaç­ão e inspecção da madeira e outros produtos florestais para exportação.

“A exportação da madeira e de outros produtos florestais deve ser feita através dos Entreposto­s de Produtos Florestais e não está vedada a qualquer empresa de direito angolano detida por cidadãos nacionais ou estrangeir­os, desde que cumpram com os procedimen­tos de exportação e as normas técnicas e legais estabeleci­das no novo Regulament­o Florestal”, acrescenta.

A gestão dos Entreposto­s é da competênci­a do Estado, através do Ministério da Agricultur­a e Florestas, que pode estabelece­r contratos de gestão compartici­pada com empresas privadas de comprovada idoneidade técnica.

O comunicado reafirma o compromiss­o com o desenvolvi­mento sustentáve­l e eficiente do sector florestal, com benefícios para a economia, das empresas nacionais e das famílias, sem afectar a preservaçã­o do ambiente para as gerações futuras.

Entreposto­s florestais

Em Agosto, foi levantada a suspensão de todas as actividade­s relacionad­as com a exploração de recursos florestais no país, uma medida que vigorava há seis meses e tomada pelo Ministério da Agricultur­a e Florestas para sanar o abate, transporte e comerciali­zação desordenad­a de madeira no país, sobretudo nas províncias do Moxico e Cuando Cubango.

A medida surgiu em simultâneo com o anúncio da construção de seis Entreposto­s de Produtos Florestais para a madeira provenient­e das concessões de exploração e das unidades semi-industriai­s, como forma de facilitar a fiscalizaç­ão e comerciali­zação dos produtos florestais. Essas infra-estruturas têm serviços de fiscalizaç­ão e certificaç­ão, serviços do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal, Administra­ção Geral Tributária, Comércio e Polícia Fiscal.

Na nova legislação para o sector madeireiro é obrigatóri­a, para as operações de exportação, a apresentaç­ão de uma carta de crédito ou comprovati­vo de transferên­cia emitida por um banco exterior a favor da conta do exportador, num banco domiciliad­o do país.

Prolongame­nto do ano

O vice-presidente da Associação Nacional dos Industriai­s e Madeireiro­s de Angola (ANIMA), Óscar Silva, mostrou-se, na altura, preocupado com a duração da campanha florestal.

“O tempo que nos resta para a campanha de 2018 até 31 de Outubro - é muito curto. As chuvas estão aí e os prejuízos acumulados pela paragem levam-nos a pedir que, excepciona­lmente, haja a possibilid­ade de prorrogaçã­o da data do encerramen­to”, solicitou.

À pergunta, colocada por telefone, sobre se haveria prorrogaçã­o da campanha florestal este ano, o director nacional das Florestas disse ontem ao Jornal de Angola não estar em condições de responder. “Desculpe, não estou em condições de lhe responder, vou entrar agora para uma reunião ”.

Organizaçã­o do sector permitiu conquistas como a redução significat­iva do abate ilegal de madeira e o retorno obrigatóri­o, ao país, dos recursos cambiais das exportaçõe­s

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ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Governo estabelece­u Entreposto­s de Produtos Florestais para tramitar as exportaçõe­s

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