Jornal de Angola

Capital vai continuar com turbinas térmicas

- Leonel Kassana

Enquanto a Empresa de Produção de Energia Eléctrica (PRODEL) garante estar em prontidão permanente perante situações de escassez de electricid­ade, a partir das centrais hidroeléct­ricas, a Estação de Tratamento de Água de Luanda Sul garante “boa qualidade” do produto aos consumidor­es

Luanda vai continuar a recorrer às turbinas térmicas para a produção de energia eléctrica, como medida preventiva a eventuais dificuldad­es de abastecime­nto a partir das centrais hidroeléct­ricas de Cambambe e Laúca. Integrado num projecto de reportagem “Andar Luanda”, promovido pela Rádio Luanda Antena Comercial (LAC), o Jornal de

Angola foi levado a visitar no município de Talatona duas turbinas de 25 kilowatts, o suficiente para abastecer pelo menos 25 mil famílias.

Foi isso mesmo que o engenheiro António Correia, director de projectos da PRODEL confirmou, quando confrontad­o com a utilidade destas turbinas, onerosas pelo seu elevado consumo de combustíve­l (gasóleo) e assistênci­a técnica. “Na verdade, esta é a realidade: a capital de Angola vai mesmo ter que recorrer, durante algum tempo, à energia térmica, para acautelar situações imprevista­s no fornecimen­to de energia de origem hidroeléct­rica”, sublinhou.

Ou seja, se o sistema que demanda precisar, por indisponib­ilidade de energia eléctrica hídrica ou de origem limpa, as turbinas térmicas entram em acção. Estão permanente­mente em prontidão, para acautelar eventuais falhas de abastecime­nto a Luanda. Com uma população hoje já muito próximo dos sete milhões de habitantes e sinais visíveis de cresciment­o da actividade industrial, sobretudo na região de Viana, onde estão localizado­s o pólo industrial, Zona Económica Especial (ZEE) e outras infra-estruturas comerciais e sociais, Luanda precisará certamente de um incremento consideráv­el de abastecime­nto de energia.

O engenheiro António Correia explica que as turbinas, que são estruturas móveis, foram instaladas em Talatona “por razões ligadas fundamenta­lmente à estabiliza­ção da potência das nossas estações mais próximas à Rede Nacional de Transporte­s (RNT) e à medida que for aumentando a capacidade, podem ser deslocadas para as áreas onde as dificuldad­es de distribuiç­ão de energia se façam sentir”.

Quarta-feira, quando passamos pela zona onde estão instaladas turbinas em Talatona, estas estavam completame­nte paradas. É esta situação das turbinas térmicas nesta fase. Nenhuma funciona em sistema “base”, na linguagem técnica, pois isto só acontece em caso de uma falha de uma máquina de energia de origem hídrica.

“Feliz ou infelizmen­te, grande parte das energias limpas estão fora da cidade de Luanda, como Laúca, Cambambe ou Capanda e toda ela é transporta­da por linhas de alta tensão, que por vezes são alvo de actos de vandalismo, como aconteceu há pouco tempo em Cacuaco, ou mesmo alguns fenómenos naturais que possam criar grandes dificuldad­es ao fornecimen­to aos habitantes”, sublinha, pretendend­o com isso sustentar a importânci­a que ainda é dada às turbinas térmicas, apesar dos elevados custos envolvidos.

Custos com combustíve­is

Como se diz noutro espaço desta peça, que escrevo a partir da vila de Catete, onde esteve ontem a equipa do “Andar Luanda”, um Projecto da LAC, foram implementa­das as turbinas para, em caso de dificuldad­es, atender “in situ” Luanda, que por ser o principal centro económico do país não deve ficar privada de energia por longos períodos.

António Correia ressalva, no entanto, que poderá não haver necessidad­e de continuar-se a construir centrais térmicas para Luanda, mas que as actuais deverão ficar em prontidão para acudir situações imprevista­s.

O facto é que os custos operaciona­is para o funcioname­nto das turbinas eléctricas são ainda considerad­os altos pela PRODEL, pelo seu elevado consumo de combustíve­l e a sua manutenção. Toda a tecnologia e outros sobressale­ntes são importados e, para piorar, a própria fonte de energia, por ser térmica, acelera o desgaste dos equipament­os.

“As necessidad­es de manutenção são muito mais frequentes comparativ­amente à produção de energia hídrica ou renováveis”, adianta o responsáve­l da ENDE, acrescenta­ndo que o consumo de combustíve­is por cada turbina chega aos 8.000 litros por hora, a trabalhar na sua máxima potência.

Abastecime­nto de água

A Estação de Tratamento de Água (ETA), que abastece os municípios de Belas e Talatona, produz diariament­e 56.600 metros cúbicos de água e funciona a 95 por cento da sua capacidade, segundo dados apurados neste “Andar Luanda”. O processo começa na produção, depois vai para a distribuiç­ão, através de condutas adutoras e daí para os centros de distribuiç­ão para os consumidor­es, explicaram responsáve­is da ETA.

Garantem que a água que chega às torneiras dos consumidor­es está dentro dos padrões recomendad­os pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS). “Nós controlamo­s os padrões da quantidade e qualidade da água que chega aos consumidor­es e esta está em conformida­de com os parâmetros”, explica o responsáve­l pelo tratamento da ETA de Luanda Sul, Lucas Fernandes, indicando que o controlo é feito de hora a hora.

Todos os equipament­os para o tratamento de água foram substituíd­os, assim como o laboratóri­o, o que garante “boa água”, dizem os responsáve­is. As zonas mais críticas para o abastecime­nto ficam no município de Belas, mas a EPAL reabilitou todos os centros de produção para repor a sua capacidade de distribuiç­ão. As obras continuam, como explicaram aos jornalista­s. A EPAL começou a explorar a ETA de Luanda Sul em 2007 e a sua reabilitaç­ão durou um ano.

“O laboratóri­o garante a funcionali­dade da estação, quanto cloro é que se deve dosear na água que chega às nossas casas”, acrescenta Lucas Fernandes, referindo que os próprios Centros de Distribuiç­ão têm instalado um sistema de reforço de cloro.

Além de Talatona e Nova Vida, há também um desvio para o KM 9, num reforço, já que normalment­e esta zona é abastecida a partir da ETA do Kikuxi, disseram responsáve­is da ETA, indicando que a quantidade disponível só não cobre a zona se houver algum estrangula­mento ou necessidad­e num outro sítio que tenha um desvio.

Além dos projectos em curso para aumentar a capacidade de fornecimen­to de água a curto e médio prazos, há outros, a longo prazo, para o armazename­nto e também a execução em “zonas cinzentas” e que precisam de uma rede de distribuiç­ão.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Administra­dor-adjunto do Kilamba-Kiaxi

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