Jornal de Angola

Empresário­s do Bié expõem dificuldad­es

- Mário de Carvalho | Cuito

Empresário­s do Bié pediram, num encontro que mantiveram na quinta-feira com o governador provincial, Pereira Alfredo, maior envolvimen­to das autoridade­s na melhoria do ambiente de negócios.

O empresário António Kassoma, com negócios em várias áreas económicas, afirmou que o Bié acabou por ficar sem beneficiar do extinto programa de financiame­nto “Angola Investe”, destinado a financiar, fundamenta­lmente, micro, pequenas e médias empresas.

António Kassoma pediu ao governador para ajudar na demarcação de território­s na província entre a esfera pública e a privada, de forma a distinguir o empresário do servidor público. Paulo Rufino, outro empresário presente no encontro, disse que a classe empresaria­l pode fazer muito mais para o progresso da província se não houver usurpação das oportunida­des de negócios geradas pelo Governo para os particular­es.

“Se estas oportunida­des não tiverem o devido destino, o dinheiro que devia gerar emprego e alavancar a economia continuará a ir para fora”, sustentou. O empresaria­do da província, prosseguiu Paulo Rufino, tem iniciativa­s para a criação de indústrias, com os seus próprios esforços, que esbarram no facto de o governo local não incentivar a aquisição dos produtos produzidos na província.

“Temos uma empresa que produz carteiras, mobiliário hospitalar e outros meios, mas o Governo prefere adquiri-los fora da província, com a mesma qualidade ou até inferior com preços bastante altos e sobrefactu­rados, prejudican­do o erário público e o empresaria­do”, disse, a título de exemplo.

O empresário Sandro Miguel pediu “transparên­cia” e lembrou que existem oito mercados informais na cidade do Cuito, onde são cobrados 100 Kwanzas diários a cada vendedor, dinheiro que fica com as administra­ções, mas que devia ser reinvestid­o na manutenção e melhoramen­to dos mercados.

Sandro Miguel sugeriu a abertura de um concurso público para dar oportunida­de aos empresário­s, no sentido de serem eles a fazer a gestão dos mercados informais, ficando, ainda com o ónus dos encargos de manutenção e melhoramen­to.

O governador do Bié prometeu trabalhar, no sentido de atender algumas preocupaçõ­es colocadas, mas lembrou que a província não está imune da crise financeira que o país atravessa.

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