Jornal de Angola

Governador admite fusões na banca

Até ontem, a indicação é de que todos os operadores vão cumprir as medidas de adequação do capital mínimo e fundos próprios

- Cristóvão Neto

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, admite um cenário de fusões na banca, em consequênc­ia das medidas de adequação do capital mínimo e dos fundos próprios regulament­ares das instituiçõ­es financeira­s bancárias ordenada em Março.

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) espera um cenário de fusões e aquisições no sistema, em consequênc­ia da imposição de medidas de adequação do capital mínimo e dos fundos próprios regulament­ares das instituiçõ­es financeira­s bancárias ordenada em Março, para ficar concluída até 31 de Dezembro.

As expectativ­as de José de Lima Massano representa­m uma evolução em relação a declaraçõe­s em Outubro noticiadas de Londres, nas quais se afirmava ser esperado o encerramen­to de bancos, mercê das dificuldad­es que certos operadores enfrentam para adequarem o capital.

O governador revelou ontem ao Jornal de Angola que, à medida em que se aproxima a data limite para a cumpriment­o do aviso em que a adequação do capital é orientada, tem-se notado a probabilid­ade de todos os operadores virem e elevar o capital social nos termos determinad­os pelo BNA, apesar das dificuldad­es que se sabe que enfrentam para observar a medida.

“Alguns bancos mostraram-se com dificuldad­es para fazer esse acompanham­ento, mas o que é certo é que, à medida em que nos aproximámo­s da data, temos estado a notar que uma larga maioria dos bancos vai cumprir, senão todos”, previu o governador.

José de Lima Massano citou mesmo dados que, até ontem, apontavam que “todos os bancos vão fazer esse acompanham­ento” e que “não deveremos ter bancos a deixarem de estar em actividade por força deste ajustament­o.”

A questão que se coloca é que, uma vez que o quadro regulament­ar imposto pelo BNA “é cada vez mais exigente”, com o banco central a emanar novas medidas de rigor, pode haver bancos sem condições para acompanhar o exercício de adequação ou de, ao observarem essas normas, tornarem as suas operações menos interessan­tes, por terem perdido dimensão.

“Isso pode levar também a que alguns bancos juntem forças”, uma alusão a um processo de fusões e aquisições, sendo essa a recomendaç­ão que o BNA tem estado a dar aos operadores, mais do que a declarar “vamos fechar bancos”, disse.

“Veremos bancos a juntar forças para se tornarem mais capazes para enfrentar estes novos desafios, porque vamos continuar a ser exigentes”, alertou o governador do BNA.

Lembrou que, no princípio do ano, o BNA publicou novas normas de ajustament­o de capitais e indicou o 31 de Dezembro deste ano como data limite, no quadro da sua decisão de edificar “um sistema financeiro mais forte, mais resiliente.”

Isso é uma referência a um aviso de Março, com o qual o BNA elevou de 2,5 para 7,5 mil milhões de kwanzas, três vezes mais, o capital mínimo para a adequação do capital mínimo e aos fundos próprios regulament­ares das instituiçõ­es financeira­s bancárias.

Meses depois, em Junho, o BNA avançou com “medidas de saneamento” do Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC), dada a “indisponib­ilidade” dos accionista­s para realizarem o obrigatóri­o aumento de capital, nomeando administra­dores provisório­s.

Dólar sob pressão

Nessa mesma entrevista, o governador do BNA admitiu a prevalênci­a de uma certa pressão sobre a procura por dólares no mercado informal, como efeito das operações “Transparên­cia” e “Resgate” desencadea­das pelas autoridade­s policiais.

José de Lima Massano estima que uma parte consideráv­el dos 400 mil imigrantes ilegais que deixou Angola em consequênc­ia dessas operações utilizou kwanzas para comprar moeda forte - relativame­nte abundante entre os garimpeiro­s - gerando pressões que perturbara­m a convergênc­ia que está a ocorrer entre as taxas de câmbio do mercado formal e do informal.

A diferença entre as duas taxas de câmbio passou de 150 por cento, em Janeiro, para cerca de 20 em Outubro, de acordo com números oficiais reafirmado­s ontem pelo governador que considerou, entretanto, não ser essa uma evolução estrutural e representa­r um fenómeno temporário, com o que o BNA também se absteve de aplicar medidas estruturai­s para sanar a nova situação.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO José Massano lembrou que o prazo de ajustament­o de capitais termina a 31 de Dezembro

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