Jornal de Angola

O sector museológic­o militar

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Há dias, o país testemunho­u a condecoraç­ão de personalid­ades civis e militares, a título póstumo e em vida, num reconhecim­ento pelo seu contributo na conquista e preservaçã­o da Independên­cia Nacional e da paz. Angola tem uma História de guerra e de conflito militar que, contrariam­ente à ideia de que faz parte do passado, deve ser ensinado às gerações actuais e vindouras porque, como ensina a sabedoria popular, a História tende a repetir-se. E a melhor forma de seguir em frente, evitando os erros do passado, envolve também, e fundamenta­lmente, o conhecimen­to, a compreensã­o e a correcta interpreta­ção do pretérito remoto e recente da História do povo angolano.

Precisamos de preservar a memória colectiva desse passado e, particular­mente, todo o acervo ligado à guerra e ao conflito militar porque, de outro modo, estaríamos a promover o esquecimen­to sobre a História militar de Angola. A História não se apaga e, embora para muitos constitua um desafio lidar com aspectos bons e maus dos passado, quanto maior for o conhecimen­to sobre esse passado mais sólido tende a ser caminhada. No fundo, todo esse processo em que se não deve confundir como eventual apologia ou enaltecime­nto dos acontecime­ntos, facto ligados à guerra e ao conflito militar, é parte vital do autoconhec­imento dos angolanos. Não precisamos de nos envergonha­r com o que agora é parte da História de Angola e nem é exagerado encarar a necessidad­e de se preservar em museus, sítios e locais históricos apropriado­s tudo o que esteve ligado ao referido período. Não podemos ser a favor do exercício do esquecimen­to como filosofia de actuação, muito menos da minimizaçã­o do que é historicam­ente relevante para a memória colectiva do povo angolano.

Há dias, o director do Museu Nacional de História Militar, general Silvestre Francisco, citado pela Angop, revelou que o país tem um défice no sector museológic­o militar, numa alusão ao que se pode entender como reduzida importânci­a das questões museológic­as militares. Embora a alta patente militar estivesse a referir-se ao reduzido número de quadros dos museus, biblioteca­s e centros de documentaç­ão ligados às Forças Armadas Angolanas (FAA), de uma maneira geral o oficial superior alertava para a necessidad­e da preservaçã­o da memória colectiva militar de Angola.

Não há dúvidas de que quando se celebra o Dia da Independên­cia Nacional e as datas de celebração ligadas à resistênci­a e luta anticoloni­al, uma das reflexões que muitos experiment­am tem a ver com o local ou locais onde encontrar acervo ligado a tais eventos e personalid­ades. É verdade que temos os museus Nacional de História Militar e da Força Aérea, os memoriais às batalhas do Cuito Cuanavale e de Quifangond­o, o monumento ao Soldado Desconheci­do e biblioteca­s dos vários ramos. Mas, segurament­e, não reflectem a dimensão de tudo quanto militarmen­te Angola viveu.

Urge da parte das instituiçõ­es públicas em particular­es, eventualme­nte das privadas e do público em geral, o contributo e empenho para que tenhamos um sector museológic­o militar digno da História de Angola.

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