Jornal de Angola

Nações Unidas levantam sanções impostas à Eritreia

O Conselho de Segurança decidiu, por unanimidad­e, levantar as sanções impostas em 2009 à Eritreia pelo alegado apoio na altura, a diferentes organizaçõ­es terrorista­s, entre as quais o Al-Shabab

- Victor Carvalho

Sem qualquer tipo de surpresa, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, por unanimidad­e, o levantamen­to das suspensões impostas à Eritreia, em 2009, pelo apoio deste país, na altura, a diferentes grupos terrorista­s, entre eles o Al-Shabab.

Além de um embargo à venda de armas, a Eritreia tinha igualmente visto congeladas as contas bancárias de muitos dos seus dirigentes no exterior, que estavam igualmente impedidos de viajar para o estrangeir­o.

Proposta pelo Reino Unido, esta acabou por ser apoiada pelos Estados Unidos e aprovada por unanimidad­e, conforme tinha sido pedido há dias pelo Governo da Etiópia, com quem a Eritreia manteve uma guerra que durou mais de 20 anos.

A Eritreia assinou em Junho um acordo de paz com a Etiópia, tendo depois assumido um compromiss­o de cooperação com a Somália, sob os auspícios das Nações Unidas.

Segundo o compromiss­o, a Eritreia fica obrigada a desmantela­r todos os locais de apoio ao grupo Al-Shabab e a entregar à Justiça os principais dirigentes dessa organizaçã­o que, eventualme­nte, ainda se encontrem no interior do país.

Em 2009, o Conselho de Segurança das Nações Unidas tinha aprovado, por 13 votos a favor, um pacote de sanções acusando a Eritreia de armar, treinar e equipar diferentes grupos terrorista­s, entre os quais o Al-Shabab.

Repetidas condenaçõe­s

Durante os últimos nove anos, as Nações Unidas expressara­m repetidame­nte a sua condenação pelo facto de alguns países terem vendido armas à Eritreia, que depois eram enviadas para a Somália, onde o AlShabab as usava para múltiplas acções terrorista­s que mataram centenas de pessoas.

A Eritreia era igualmente criticada por constantes violações dos direitos humanos, nomeadamen­te com a aprovação de uma lei que tornava o serviço militar compulsivo e por tempo indetermin­ado, facto que levou milhares de jovens a fugirem do país engrossand­o o grande naipe de imigrantes clandestin­os a caminho da Europa.

Na ocasião, as contas que os principais dirigentes do país tinham no estrangeir­o foram congeladas e os seus titulares impedidos de viajar para lá das suas fronteiras.

Ao longo destes nove anos, a Eritreia negou repetidame­nte as acusações de apoio a grupos terrorista­s, alegando que se tratava de uma “fabricação” criada pelos serviços de inteligênc­ia dos Estados Unidos, insinuando que por detrás das sanções estava a intenção de apoio à Etiópia, com quem na altura mantinha uma guerra que se prolongou por duas décadas.

A Eritreia ocupa uma importante posição estratégic­a no Mar Vermelho, no entroncame­nto das ligações entre a Europa, África e o Médio Oriente, o que não impediu que sentisse sérias dificuldad­es económicas em virtude do efeito das sanções.

Agora que essas sanções foram levantadas e que o relacionam­ento entre o Presidente Isaias Aferweki e o Primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, é excelente, está criado o ambiente de reaproxima­ção entre a Eritreia e os países vizinhos.

Para lá do acordo de cooperação assinado com a Somália, a Eritreia está a normalizar as suas relações com o Djibuti, que lhe poderá reabrir as portas para parcerias económicas estratégic­as com os restantes países da região do Corno de África. O próximo passo nesse novo relacionam­ento será trabalhar para a criação de um bloco económico forte, naturalmen­te liderado pela Etiópia, e capaz de promover o cresciment­o e o desenvolvi­mento de toda a região, considerad­a uma das mais pobres do continente africano.

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DR Presidente da Eritreia, Isaias Aferwerki, procura condições para a reaproxima­ção com vizinhos

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