Condecoração de Akwá rebate castigo da FIFA
A condecoração de Fabrice Alcibíades Maieco “Akwá”, com a Medalha de Bravura e do Mérito Cívico e Social, 2ª Classe, pelo Presidente da República, João Lourenço, entre 80 personalidades, encerra em si o reconhecimento do feito de uma geração de talentos, cujo apogeu foi o apuramento para o Mundial de Futebol de 2006, disputado na Alemanha.
Expoente máximo de uma “equipa família” que, sob a batuta de Oliveira Gonçalves, competiu determinada a fazer feliz o povo angolano, Akwá, o “Rei da Cidadela”, é merecedor da honraria, pelo percurso ao serviço das selecções nacionais, dos Sub-17 aos Palancas Negras. Defender a bandeira e o nome de Angola foi, para o avançado de trato fino, um verdadeiro sacerdócio, sem se importar com o risco de ser prejudicado no clube, como chegou a acontecer no Sport Lisboa e Benfica, por passar mais tempo, num mês, às ordens dos seleccionadores, enquanto os concorrentes na posição ganhavam espaço.
Lançado nos escalões jovens por Oliveira Gonçalves, em 1991, depois de dar cartas no Nacional de Benguela, o goleador-mor da Selecção de Honras assumiu o estatuto de imprescindível cinco anos depois, comandado pelo cabo-verdiano Carlos Alhinho, já falecido, técnico que apurou Angola pela primeira vez para a fase final da Taça das Nações, em 1996, na África do Sul. Económico nas palavras, foi sempre com a bola nos pés que Akwá concedeu as entrevistas mais suculentas na sua brilhante carreira desportiva, reconhecida no continente, por se ter guindado ao nível dos melhores avançados da sua geração, caso do camaronês Patrick Mboma, campeão olímpico em 2000, nos Jogos de Sidney. Pelo perfume do futebol espalhado por vários relvados no continente, o artista da bola, fantasista que dispensa apresentação, acabou considerado “inimigo público” das defesas das selecções africanas. Sobretudo na Cidadela, onde com a bênção da famosa sereia sabia, de olhos vendados, que terrenos pisar para marcar. Retirado dos campos ainda na plenitude das capacidades físicas, por lesão, o eterno “capitão” dos Palancas Negras viu antes os seus feitos reconhecidos, com a eleição como deputado à Assembleia Nacional, na segunda legislatura (2008-2012).
Mas falta fazer com que a FIFA levante a inibição de praticar actos no futebol, movimento já desencadeado pelo elenco directivo da FAF, encabeçado por Artur Almeida e Silva. O país tem de descruzar os braços, diante desta situação de total prejuízo para um cidadão que deixou tudo em campo.