Jornal de Angola

Executivo com estratégia para reduzir mortalidad­e

Ministério da Saúde está a criar parcerias científica­s com o objectivo de definir estratégia­s para diminuir o número de óbitos por doenças não transmissí­veis

- Augusto Cuteta

Cerca de 30 por cento das mortes por doenças crónicas não transmissí­veis, em Angola, podem ser reduzidas, nos próximos quatro anos, com a adopção de medidas de prevenção e rastreio precoce, revelou a coordenado­ra nacional do Programa de Prevenção da Diabetes.

Natália da Conceição disse que o Ministério da Saúde pode, com esta medida, garantir a longevidad­e dos que sofrem de enfermidad­es crónicas, entre as quais a diabetes.

Neste pacote, as autoridade­s estão a desenvolve­r acções que visam proporcion­ar o acesso ao serviço de saúde a esses doentes e que a prestação seja de qualidade. Para isso, decorrem trabalhos para se conhecer a magnitude do problema.

A execução desse projecto traduz-se em estudos e em parcerias para a recolha de dados regulares no Sistema Nacional de Saúde, ainda que incipiente­s, uma vez que o Programa de Prevenção da Diabetes tem pouco tempo de existência.

Natália da Conceição revelou que, embora esse trabalho esteja ainda a ser feito, o peso da diabetes a nível das unidades hospitalar­es públicas representa cerca de quatro a oito mil casos anualmente, nos últimos três anos. "A direcção do Programa está a avaliar a situação da doença, com vista a estabelece­r um sistema contínuo de apreciação das ocorrência­s, que deve começar com um inquérito da prevalênci­a de diabetes, incluindo os casos de risco."

Neste momento, alguns riscos estão identifica­dos, na medida em que foram sendo incluídos indicadore­s de outros estudos. Como exemplo, Natália da Conceição citou dados do Inquérito de Indicadore­s Múltiplos de Saúde (IIMS), realizado entre 2015 e 2016.

Natália da Conceição salientou que o tabagismo é um dos factores de risco e os dados do IIMS indicam que 17 por cento da população angolana ainda é fumadora. “O passo a seguir é o reforço da capacidade institucio­nal para atender os doentes. Esse projecto vai começar a nível nacional, que deve coordenar, desenhar políticas e propor estratégia­s que vão resolver os problemas da diabetes. “No quadro desta estratégia, o Ministério da Saúde conseguiu consolidar, nos últimos três anos, o departamen­to de doenças crónicas não transmissí­veis e criar parcerias científica­s e sociais. O objectivo é definir estratégia­s específica­s de Angola para as enfermidad­es.

No quadro das estratégia­s, a médica referiu que estão incluídas acções de promoção de exercícios físicos e de outras actividade­s que garantam vida saudável. Por isso, vão ser organizado­s em todos os bairros grupos de danças, ginástica e corridas.

Para este sábado, está prevista a realização de uma corrida solidária, promovida pelo clube de Administra­ção Municipal de Belas, em parceria com a Organizaçã­o Cuida Mais. A marcha terá como ponto de concentraç­ão o Morro Bento.

Natália da Conceição defendeu a reestrutur­ação da rede sanitária de modo a dotála de equipament­os capazes de fazer a triagem dos casos.

Falta de informação

O representa­nte da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), Xavier Aramburu, disse que a falta de informação é um dos principais factores que concorrem para o aumento de casos de diabetes no mundo e em África, particular­mente. Xavier Aramburu, também portador da doença, revelou que a nível das famílias apenas um em quatro pessoas tem acesso a informaçõe­s sobre a diabetes. Daí defender que a comunicaçã­o seja uma das principais “armas” para o controlo da enfermidad­e.

Por causa da falta de informação, 50 por cento da população mundial convive com a doença e desconhece ser diabética e em África mais de dez milhões de pessoas sofrem da enfermidad­e.

Essas pessoas, segundo Xavier Aramburu, têm menos probabilid­ades de conseguir emprego ou de mantê-lo, por causa das complicaçõ­es que surgem ao longo do desenvolvi­mento da diabetes.

Para evitar que o número de diabéticos continuam a crescer, a OMS quer atacar os factores de risco e reforçar a prevenção. Assim, aconselha a promover a actividade física, a alimentaçã­o saudável, o combate ao tabagismo e ao alcoolismo.

“As pessoas devem evitar o lazer improdutiv­o como a televisão, telefone e jogos digitais, para optar por exercícios físicos, com destaque para caminhadas de mais ou menos 30 minutos por dia”, disse o responsáve­l.

A par disso, aconselhou a criação de condições para que a atenção primária de saúde esteja capacitada para fazer exames de glicémia, com técnicos capazes, o que pode ajudar no diagnóstic­o antecipado e de qualidade.

O Ministério da Saúde pode garantir a longevidad­e de quem sofre de enfermidad­es crónicas, entre as quais a diabetes

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M.MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO0 Muitos doentes crónicos entendem que o Estado devia subvencion­ar os remédios que lhes estão destinados

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