A morrer de sede mesmo ao lado do rio
A ideia que a maioria das pessoas tem é que falar de bancos e dinheiro é a mesma coisa. Isso está errado e precisa ser revisto. Deve-se entender que o capital manuseado por essas instituições está longe de lhes pertencer, muito menos aos seus funcionários, que teimam em se mostrar arrogantes são porque muito requisitados. As idas e vindas ao banco têm de deixar de inspirar receio, de se temer encontros com alguém que, por trabalhar com grandes quantidades monetárias, julga estar com a mão na massa.
Por mais estranho que pareça, pela forma como se dirigem aos clientes, como falam com eles, alguns funcionários bancários remetem-nos de modo irremediável a uma viagem bíblica. De repente, parece-nos estar diante dos vendilhões do templo e só nos apetece expulsá-los. A verdade é que somos obrigados a perguntar-nos se serão apenas eles os culpados de tudo ou se os seus chefes e patrões não são também responsáveis por tanta soberba.
Além de realizarem operações mais corriqueiras, como levantar e depositar dinheiro, os bancos oferecem hoje muitos outros serviços de carácter financeiro, que carecem não apenas de pessoal especializado no atendimento, mas também de serviços mais expeditos.
Na generalidade, as instituições bancárias fazem investimentos avultados na divulgação dos seus serviços e parte dos seus funcionários, nomeadamente, os gestores de conta, aplicam-se a fundo para cativar os clientes. Do mesmo modo que diminuem as exigências para o acesso.
Os bancos trabalham com o dinheiro dos clientes. Juntamno. E, como sociedades de investimentos, emprestam-no a quem precisa e cobram juros. A eles interessa levar os seus serviços a um número cada vez maior de pessoas e disso fazem pompa, quantos mais melhor. É, pois, difícil de entender a razão de tanta burocracia para se abrir uma conta, de ser preciso preencher tantos papéis, colocando os mesmos dados para os quais existem documentos. Porque se pergunta a idade de alguém se já se tem a fotocópia do BI? Para quê fotografias? Os funcionários dos bancos fazem o quê, além de contar dinheiro, se os clientes ficam horas em pé a escrever os seus dados pessoais em folhas de papel que é difícil de imaginar ficarem guardadas nalgum sítio? E se ficam, com que finalidade?
O mais curioso é ver que, na maioria dos balcões, os clientes que precisam de ajuda pedemna aos guardas e não aos empregados do banco. São os chamados “operativos” quem, em vez de vigiarem as portas, e ficarem atentos a quem entra ou sai, auxiliam as “mamãs” e os “papás” e, às vezes, até lhes preenchem a papelada quando não vêem bem ou não sabem ler nem escrever.
E tudo isso acontece diante dos funcionários, que parecem sempre estar muito atarefados, sem que se saiba ao certo o que estão a fazer. Estarão, por acaso, a introduzir nos computadores os dados dos clientes que ontem abriram conta ou a olhar para as fotografias destes para determinar a quem telefonar ou enviar um e-mail mais tarde ou para isso é preciso contratar-se mais servidores? Mais: qual a razão de se impedir os clientes de usarem telemóveis dentro dos bancos quando os funcionários o fazem?
O mais caricato é encontrarmos máquinas ATM dentro de repartições bancárias sem dinheiro, enquanto ali ao lado, a poucos metros da porta, pessoas fazem fila para efectuar levantamentos. Dir-me-ão que os funcionários do banco não são os mesmos que fazem o reabastecimento dos multicaixas, nem pertencem à mesma empresa, mas é de convir que tais situações provocam a sensação de se estar a morrer de sede ao lado do rio.
O mais curioso é ver que, na maioria dos balcões, os clientes que precisam de ajuda pedem-na aos guardas e não aos empregados do banco. São os chamados “operativos” quem, em vez de vigiarem as portas, e ficarem atentos a quem entra ou sai, auxiliam as “mamãs” e os “papás”