Bobi Wine volta aos palcos depois de acusado de traição
O cantor Bobi Wine, nome artístico do deputado Robert Kyagulanyi, regressou no fim-de-semana aos palcos para participar num espectáculo vigiado por centenas de polícias, naquilo que a oposição entende ter sido manifesto político para uma eventual candidatura às eleições presidenciais previstas para 2021
A estrela pop do Uganda Bobi Wine voltou no fim-de-semana aos palcos do país para fazer o seu primeiro espectáculo depois de ter sido detido e acusado do crime de “traição”.
Sob um forte aparato policial, Bobi Wine reencontrou os fãs depois de ter assumido um compromisso perante o tribunal de não fazer, durante o espectáculo qualquer referência de cariz político, sob pena de voltar a ser detido por desobediência.
As milhares de pessoas que presenciaram o evento optaram por envergar roupas com a cor vermelha, precisamente o símbolo da bandeira do movimento político pelo qual Bobi Wine foi eleito deputado com o seu verdadeiro nome: Robert Kyagulanyi.
Durante o concerto, no qual não se registaram incidentes, Bobi Wine agradeceu ironicamente a presença da Polícia, dizendo que “melhor que ninguém”, ela poderia testemunhar o que ali se estava a passar e que a sua presença era uma “garantia de que ninguém se vai magoar”.
Bobo Wine, e mais 30 pessoas, foram detidas em Agosto deste ano na sequência de um ataque à pedrada contra uma caravana automóvel onde seguia o Presidente Yoweri Museveni.
Na sequência dessa detenção, Wine viria a ser acusado do crime de “traição”, sendo depois libertado para aguar- dar o julgamento em liberdade. Quando foi solto, o cantor e deputado apresentava sinais evidentes de agressão, o que o levou a partir para os Estados Unidos onde durante duas semanas se submeteu a tratamento médico.
Com três quartos da população ugandesa a ter menos de 35 anos de idade, facilmente se entende a popularidade de Bobi Wine, ele também um jovem com apenas 36 anos, que o coloca como grande rival de Museveni, no poder desde 1986.
A sua canção “Presidente do Ghetto” é entendida como um verdadeiro manifesto para concorrer às eleições presidenciais de 2021.
Incêndio mata dez estudantes
Entretanto, um violento incêndio, que as autoridades suspeitam poder ter sido provocado, matou dez estudantes e provocou dezenas de feridos na Escola Secundária São Bernardo, na localidade de Rakai.
O incêndio aconteceu durante a noite quando as portas do dormitório onde se encontravam os estudantes estavam fechadas por fora, o que os impediu de escapar das chamas.
Henry Nsubuga, director da escola, descreveu a ocorrência como um “acto deplorável”, tendo o comandante da Polícia local, Ben Nuwamanya informado que se encontram detidas três pessoas, antigos estudantes recentemente expulsos do estabelecimento, incluindo o guarda que naquela noite se encontrava de serviço no local. Um porta-voz da Polícia de Rakai, Patrick Onyango, disse à imprensa que está a decorrer uma investigação para apurar as causas do sinistro não estando descartada a possibilidade de se ter tratado de um “acto terrorista”.
O distrito de Rakai, localizado a cerca de 280 quilómetros da capital, Kampala, fica perto da fronteira com a Tanzânia por onde frequentemente entram grupos rebeldes para provocar situações de instabilidade.
Não se trata da primeira vez que esses rebeldes cruzam a fronteira entrando em confronto com as forças de segurança do Uganda, que periodicamente são enviadas para garantir a segurança da região.
Uma equipa das forças especiais ugandesas foi destacada para Rakai e está a ajudar as autoridades locais a investigar o que efectivamente se passou.
Há cerca de um ano, a mesma escola foi alvo de um ataque armado que provocou a morte a três membros das forças policiais que faziam segurança ao local.
O cantor, e mais trinta pessoas, foram detidas em Agosto deste ano na sequência de um ataque à pedrada contra uma caravana automóvel onde seguia o Presidente Yoweri Museveni