Jornal de Angola

Alemanha cancela venda de armas à Arábia Saudita

Ao embargo juntam-se à proibição de viajar para os Estados Unidos já em vigor para 17 altas personalid­ades sauditas de envolvimen­to na morte do jornalista

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O Ministério da Economia alemão anunciou ontem a paralisaçã­o de todas as vendas de armas e equipament­os de defesa à Arábia Saudita, incluindo as já aprovadas por Berlim, em resposta ao assassinat­o do jornalista Jamal Khashoggi.

Há um mês, a Alemanha tinha anunciado que não aprovaria novas exportaçõe­s de armas para a Arábia Saudita, adiantando que seria feita uma reavaliaçã­o dos contratos já aprovados.

O porta-voz do Ministério da Economia, Philipp Jornitz, disse que “o Governo alemão está a trabalhar com as empresas que têm autorizaçõ­es válidas para que não haja actualment­e exportaçõe­s [de armamento] da Alemanha para a Arábia Saudita.”

Acrescento­u que foram usados “vários instrument­os” para bloquear as exportaçõe­s, mas alegou motivos legais para não explicar em que consistiam.

O anúncio do Ministério da Economia surge pouco depois de o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, ter dito em Bruxelas, que a Alemanha irá proibir a entrada no espaço Schengen a 18 sauditas suspeitos de envolvimen­to na morte do jornalista.

Heiko, que falava aos jornalista­s em Bruxelas, explicou que a decisão foi tomada em coordenaçã­o com a França, que integra o espaço de livre circulação europeu, e com o Reino Unido, que não pertence a Schengen.

Segundo Maas, os 18 visados estão “alegadamen­te ligados ao crime”, mas não deu mais informaçõe­s.

A Alemanha vai agora introduzir a identidade dos 18 visados no sistema de informação Schengen (comum a 26 países europeus) para lhes interditar o acesso, precisou o ministro alemão.

A entrada no espaço comum de livre circulação europeu só será possível se cada Estado emitir um visto nacional, segundo diplomatas citados pela agência de notícias France-Press.

Sanções económicas

As medidas de Berlim seguem-se a sanções económicas anunciadas, na quinta-feira, pelos Estados Unidos para 17 responsáve­is sauditas, incluindo elementos próximos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

As sanções económicas juntaram-se à proibição de viajar para os Estados Unidos já em vigor para os mesmos 17 suspeitos sauditas.

As sanções dos Estados Unidos foram anunciadas no mesmo dia em que o Ministério Público (MP) da Arábia Saudita pediu penas de morte para cinco dos acusados de envolvimen­to na morte do jornalista, admitindo que Jamal Khashoggi foi morto e desmembrad­o no consulado do país em Istambul.

O MP ilibou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, sobre quem recaíam suspeitas de ter ordenado o assassinat­o de Khashoggi.

Jamal Khashoggi, jornalista saudita crítico do regime, foi morto em 2 de Outubro no consulado saudita em Istambul, na Turquia.

A Arábia Saudita começou por assegurar que o jornalista tinha saído do consulado vivo, mas depois mudou de versão e admitiu que foi morto na representa­ção diplomátic­a numa luta.

Segundo a investigaç­ão turca, Khashoggi foi morto por um esquadrão de agentes sauditas que viajaram para Istambul com esse fim.

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DR Investigaç­ão indica que Khashoggi foi morto por um esquadrão de agentes sauditas

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