Jornal de Angola

Candidato da oposição quer eleições adiadas

O inesperado aconteceu. A 48 horas do arranque da campanha para as presidenci­ais na RDC, um dos 21 candidatos entregou um documento na Comissão Nacional Eleitoral Independen­te a solicitar o adiamento do pleito previsto para 23 de Dezembro, numa altura em

- Victor Carvalho

A apenas 48 horas do início da campanha eleitoral na República Democrátic­a do Congo (RDC), o candidato Seth Kikuni entregou na Comissão Nacional Eleitoral Independen­te (CENI) um pedido de adiamento do escrutínio previsto para 23 de Dezembro.

Seth Kikuni, o primeiro dos 21 candidatos aceites a depositar a sua candidatur­a na CENI, alega para o pedido de adiamento das eleições três razões fundamenta­is e que, segundo ele, são imprescind­íveis para que o pleito seja livre, justo e transparen­te.

Essas razões, de acordo com um documento entretanto divulgado pela imprensa congolesa, prendem-se com a falta de consenso sobre o processo de votação electrónic­a, o ficheiro eleitoral e a segurança dos candidatos.

No mesmo documento, o candidato propõe a realização de um novo processo de diálogo, de modo a que possam ser encontrada­s soluções para os problemas que agora levanta e que, no seu entender, podem compromete­r todo o processo eleitoral caso não sejam resolvidos atempadame­nte.

Seth Kikuni, o mais jovem de todos os candidatos, com apenas 36 anos de idade e uma bem sucedida carreira no mundo dos negócios, sublinha que se as eleições se realizarem no dia 23 de Dezembro não serão credíveis e muito menos transparen­tes.

Para encontrar uma solução, ele pede à CENI que reúna todos os candidatos às presidenci­ais para ser encontrada uma nova data para a realização das eleições para que estas possam ser livres, justas e transparen­tes.

Embora ainda não haja uma posição oficial por parte da CENI, uma fonte próxima do seu presidente e citada pela imprensa congolesa refere que os preparativ­os para as realização das eleições decorrem normalment­e, pelo que não existem razões técnicas que justifique­m o seu adiamento.

Até ao momento, não existem reacções dos restantes candidatos da oposição aprovados para participar nas eleições presidenci­ais, mas diferentes organizaçõ­es internacio­nais – como as Nações Unidas e a União Africana – já disseram que elas se deveriam realizar na data prevista.

Um outro problema com que a oposição se debate prende-se com a questão do seu candidato único, um processo que ainda não está fechado uma vez que se admite a possibilid­ade de existirem pelo menos dois a disputar a corrida com aquele que foi escolhido pela Maioria Presidenci­al.

Esta semana, o antigo primeiro-ministro e os principais líderes da oposição, Adolphe Muzito, disseram que Joseph Kabila “tudo fará para que as eleições não decorram na data prevista se não tiver a garantia de que o seu candidato será o vencedor.”

“Ele não vai realizar eleições se não tiver a certeza de que continuará a mandar através do triunfo do seu delfim. Isso já sucedeu em 2016 e voltará a suceder agora”, disse em declaraçõe­s à imprensa congolesa. O seu candidato, Emmanuel Ramazani Shadary, apresentou, entretanto, o programa que aplicará caso vença as eleições que continuam marcadas para o dia 23 de Dezembro.

Nesse programa, ele prevê uma reforma completa do Estado, através de uma eventual revisão da Constituiç­ão. Combate ao ébola Entretanto, as autoridade­s sanitárias enviaram já equipas suplementa­res para o reforço do combate ao ébola na cidade de Butembo, no noroeste do país. De acordo com o Ministério da Saúde, numa nota publicada no Twitter, as equipas estão já nas zonas de Katwa, Kalunguta e Lubero, para apoiar o pessoal local.

Quanto à situação na cidade de Beni, na província do Kivu do Norte e onde a assistênci­a foi suspensa pela OMS devido ao conflito militar com os rebeldes, o ministro da Saúde, Oly Ilunga, solicitou às equipas de trabalho para darem apoio técnico e clínico substancia­l a todos os centros de saúde da zona para evitar a propagação da epidemia, que já afectou mais de 370 pessoas.

Não obstante a evacuação, no final de semana, de uma vintena de membros da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), o Ministério congolês da Saúde conta com mais de 900 especialis­tas em Beni, sendo que 85 por cento destes são congoleses.Num resumo publicado terça-feira, o Ministério da Saúde dá conta de que na semana de 12 a 18 deste mês morreram 20 doentes (sete dos quais prováveis) e 33 suspeitos foram confirmado­s com o vírus de ébola.

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DR Seth Kikuni é um dos vinte e um candidatos da oposição aceites pela Comissão Eleitoral

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