Comunidade anseia a visita do Presidente
Adriano Pedro, coordenador do projecto Comunidade Activa e da União da Juventude Angolana, acredita que a vinda do Presidente da República de Angola, João Lourenço, a Portugal, poderá ajudar em muita coisa na vida da comunidade angolana aqui residente, especialmente a da Quinta do Mocho.
“Acredito que, como as coisas estão a mudar em Angola, aqui também vão mudar. Nós temos muita esperança na visita do nosso Presidente. Acreditamos que ele é uma pessoa diferente. Que quer ser Presidente dos angolanos, independentemente da sua cor política ou partidária. Já percebemos isto… Gostaríamos que viesse visitar o nosso bairro, mas não creio. Até hoje (ontem) não nos comunicaram de nada… ”, manifesta.
Na nova urbanização da Quinta do Mocho, Adriano Pedro coordena um projecto social denominado “Comunidade Activa”. A iniciativa nasceu há um ano e meio, com o objectivo de envolver toda a comunidade angolana e não só, residente naquele bairro e conta com vários parceiros, entre os quais, a Câmara Municipal de Loures, a Junta de Freguesia de Sacavém e de todas as instituições que estão localizadas em Sacavém, incluindo as igrejas.
“Pretendemos dar outra imagem da Quinta do Mocho, porque durante anos ela esteve conotada com um bairro problemático, onde tudo de mau acontecia. Dai que a primeira iniciativa do projecto foi a publicação de uma revista que fala do que se faz na nossa comunidade”, argumenta Adriano Pedro, que é também o director da revista.
A publicação, que tem o nome do projecto, é bimensal, de distribuição gratuita e leva quatro edições. É encaminhada, principalmente, às penitenciárias de Lisboa, onde muitos jovens membros da comunidade do Mocho cumprem penas diversas.
“A nossa preocupação é fazer chegar a revista a todas as cadeias, para que os jovens percebam que a comunidade mudou e que eles precisarão de ser reintegrados”, explica.
O projecto Comunidade Activa pretende, a médio prazo, convencer jovens angolanos formados em Portugal e noutros pontos a trabalhar em Angola.
“Nos últimos tempos, notamos que estes jovens, muitos deles filhos de angolanos, nascidos em Portugal, perderam a ligação com Angola e até com este país que os acolheu. Falo, por exemplo, dos meus filhos que, nascidos aqui, estão formados e a trabalhar em Londres e não pretendem voltar, nem para Portugal… É outra luta que teremos que travar para resgatar estes jovens”, apela Adriano Pedro.
Para este resgate, o coordenador da “Comunidade Activa” quer engajar as instituições angolanas para que, em conjunto, se encontre uma forma de estimular os jovens a regressar à pátria de descendência. “Estamos em sintonia com eles, mas o que queremos mesmo é fazer a ponte com Angola”, exprime. O activista social e a comunidade da Quinta do Mocho animam-se com esperança de dias melhores. Os projectos comunitários seguem o seu rumo, com a perspectiva de expandi-los.
Adriano Pedro pretende levar para outras partes da Europa o projecto Comunidade Activa e outros existentes naquele bairro de africanos. “As pessoas vão ficar a saber, através da nossa revista, o que estamos a fazer”, acredita Adriano Pedro.