Jornal de Angola

Pacientes enfrentam dificuldad­es

- Estanislau Costa | Lisboa

Os 250 pacientes com insuficiên­cia renal e outros que convalesce­m do transplant­e da medula e do coração vivem em condições difíceis, numa pensão arrendada, em Lisboa, há mais de 20 anos, pela Junta Nacional de Saúde.

O presidente da Associação de Apoio aos Doentes Angolanos em Portugal (ADAP), Gabriel Chimuco, em entrevista ao Jornal de Angola, descreveu a situação como “grave e lamentável”, pela “insistênci­a do órgão afecto ao Ministério da Saúde em manter os doentes e famílias no local. As infra-estruturas do imóvel, disse, não beneficiam de obras de restauro há mais de duas décadas, incluindo o mobiliário e outros apetrechos.

“As camas, colchões e outros mobiliário­s já não garantem uma acomodação condigna para as pessoas que merecem cuidados especiais”, explicou.

Gabriel Chimuco referiu que a alimentaçã­o também não é das melhores, “por infringir as normas da dieta de pessoas que fazem hemodiális­e, preparam ou recuperam de intervençõ­es cirúrgicas”. Descreveu que as pessoas “não passam do pão com margarina e um copo de leite, no pequenoalm­oço, arroz branco com peixe, no almoço, e, no jantar, sopa”.

Fez também saber que o mar de dificuldad­es afecta igualmente outros pacientes que residem em casas alugadas, subsidiada­s pelo Executivo há mais de 20 anos, com um valor de 150 Euros.

“Este valor há muito que está desactuali­zado. Hoje, já não serve pela razão de o aluguer rondar os 500 Euros”. Referiu que é também exíguo o subsídio de alimentaçã­o de 7 Euros por dia, para as pessoas com casas alugadas. Este facto repercute-se no aumento permanente das dívidas das respectiva­s famílias, acrescento­u.

O responsáve­l da associação considera ter chegada a altura para a criação de um regulament­o estatutári­o do doente angolano em Portugal, para melhor se cuidar dos pacientes provenient­es do País. “Há pacientes que ficam meses ou anos à espera que sejam atendidos pelos hospitais públicos, quando a alternativ­a podiam ser as privadas”, disse.

Dos 250 pacientes controlado­s pela Associação dos Doentes Angolanos em Portugal, 150 fazem parte da Junta Médica. Os restantes chegaram a Lisboa por conta própria, mas também são apoiados pela instituiçã­o.

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