Jornal de Angola

Proposta de novo Código Penal Militar concluída

Diploma é mais completo, traz novos tipos de crimes e vai substituir a lei dos crimes militares, datada de 1994

- Edna Dala

A justiça Penal Militar vai contar, nos próximos tempos, com novos instrument­os legais, com destaque para um novo Código Penal Militar, anunciou ontem o juiz presidente do Supremo Tribunal Militar.

António dos Santos Neto “Patónio” explicou que a aplicação dos novos instrument­os legais vai garantir a tipificaçã­o e punição de novos tipos de crimes, de modo a banir o vazio e a impunidade que ainda se verifica no seio dos destinatár­ios da Justiça Militar.

O magistrado militar, que falava na cerimónia de abertura da semana da justiça militar, explicou que a proposta do novo Código Penal Militar está praticamen­te pronta e será agora remetida ao Ministério da Defesa Nacional, ao Conselho de Segurança Nacional e posteriorm­ente ao Conselho de Ministros, que a remeterá para a Assembleia Nacional.

Durante o encontro, que acontece sob o lema “Órgãos de justiça militar, 40 anos como garante da disciplina, hierarquia e coesão no seio das FAA, Polícia Nacional e órgãos de segurança”, o juiz presidente considerou o diploma ainda em vigor, que é a Lei 4/94, como um livro de catecismo com poucas condutas tipificada­s, ao contrário da proposta, que considerou “um verdadeiro código completo militar”.

Deserção nas FAA

António dos Santos Neto indicou que até ao momento deram entrada no Tribunal Supremo Militar cerca de três mil processos, dos quais 2600 foram julgados.

Dos processos julgados, explicou, a maior parte dos recursos foram por deserção e outros por não comparecim­ento aos postos de trabalho.

“A nova geração sempre pensou que as FAA fosse um local para brincar, mas é um sítio sério onde as pessoas mudam a sua forma de estar”, sublinhou.

Questionad­o sobre crimes de natureza hedionda, o general negou a ocorrência desses crimes nas FAA, graças ao bom desempenho dos comandante­s e chefes de educação patriótica.

Nos termos da legislação em vigor, a jurisdição militar é encabeçada pelo Supremo Tribunal Militar e integrada por Tribunais militares de região, prevendo igualmente órgãos judiciário­s como a Procurador­ia Militar e a Polícia Judiciária Militar.

O magistrado explicou ainda que a justiça militar é chamada a fazer a sua parte na construção da ordem social democrátic­a, através da sua missão, que é processar e julgar os crimes militares no sentido de contribuir para a promoção da justiça.

“Angola vive hoje momentos marcantes na sua vida política, caracteriz­ada pela sua afirmação no combate à corrupção, nepotismo, bajulação e outros males que se instalaram no país, com consequênc­ias muito devastador­as para a economia e a imagem do país”, salientou.

Em declaraçõe­s à imprensa, o magistrado lembrou que a Justiça Militar surgiu com a independên­cia nacional e durante esse período evoluiu positivame­nte. Recordou que a justiça militar tem contribuíd­o bastante para a disciplina no seio das FAA, em colaboraçã­o com outros órgãos.

Estiveram presentes na abertura da Semana da Justiça Militar o Procurador­Geral da República jubilado, João Maria de Sousa, a juíza conselheir­a presidente do Tribunal de Contas, Exalgina Gamboa, o presidente do Tribunal Constituci­onal, Manuel Aragão, oficiais generais das FAA e outras personalid­ades.

Até ao momento deram entrada no Tribunal Supremo Militar três mil processos de recursos, a maioria dos quais por crimes de deserção

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente do Supremo Tribunal Militar anuncia novos diplomas na Justiça Militar

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