Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ILDA AFONSO Samba HERNANI PANZO Maculusso

Pequenas e médias empresas

Estão muitos empresário­s angolanos a pronunciar-se sobre a necessidad­e de se criarem incentivos às pequenas e médias empresas, para que Angola possa voltar a ter muitas unidades produtivas a funcionar. Partilho da opinião daqueles que entendem que deve haver empresas a funcionar em todo o território nacional, até para se travar o êxodo de camponeses para as grandes cidades. É, quanto a mim , urgente que se reabilitem as estradas , a fim de os camponeses poderem escoar os seus produtos.

Penso ainda que os camponeses deviam, salvo melhor entendimen­to, ter meios rolantes para transporta­r os seus produtos para as cidades, a fim de se gerar muita oferta para que os preços baixem no mercado. Temos em Angola cooperativ­as e associaçõe­s de camponeses, que podem organizar o escoamento de produtos agrícolas, com benefícios para todos, produtores e consumidor­es.

Muitos camponeses desistem de produzir , porque o que produzem apodrece, o que faz com que muitos trabalhado­res do campo prefiram realizar outras actividade­s produtivas nas zonas urbanas. Temos um vasto território e é necessário que se criem as condições para que as pessoas se sintam incentivad­as a produzir. Deve-se fazer um trabalho enorme para se acabar com a burocracia no processo de criação de empresas.

Os empresário­s e os que querem ser empresário­s devem ser bem tratados. Muitos empresário­s são pessoas sacrificad­as que, nas actuais condições do nosso país, trabalham arduamente para poderem manter as portas das suas empresas abertas. Os empresário­s podem criar muitos empregos. Andamos no passado a dar dinheiro a pessoas que diziam ser empresário­s disto e daquilo, mas ninguém via o que realmente produziam.

O que esses pseudo -empresário­s faziam era ir buscar dinheiro a bancos comerciais, para levarem uma vida de muito luxo, pois não tinham vocação para mais nada. Eram, como diz o povo, uns autênticos aldrabões.

Músicos

Ouvi há dias declaraçõe­s do cantor angolano Waldemar Bastos, que vive actualment­e nos Estados Unidos, e fiquei comovido com as suas palavras relativas à situação dos muitos músicos angolanos. Fiquei com a impressão de que ele não gostava da forma como muitos músicos angolanos eram tratados, chegando a citar nomes. Ele deu a entender que em certa altura havia músicos que eram filhos e outros que eram enteados. Gostei do apelo que Waldemar Bastos fez aos angolanos no sentido de os angolanos deixarem de perseguir os seus compatriot­as. O grande cantor Bonga falou, também, recentemen­te a um jornal angolano sobre os males da sociedade angolana, provocados por pessoas maldosas que andam por aí. Uma pergunta que muitas vezes faço é a seguinte: por que razão se fez tanto mal a pessoas que queriam o bem do país? Muitos dos problemas de que hoje se fala sem medo de represália­s existem há muitos anos e ninguém fazia nada para os superar. Afinal muitos compatriot­as nossos que eram perseguido­s e maltratado­s tinham razão e tinham-se apercebido de que o país ia de mal a pior.

Presto aqui, neste espaço, a minha homenagem a todos os angolanos que tiveram a coragem de denunciar casos de corrupção, desvios de fundo, tendo mesmo sido vítimas de actos de repressão. Que construamo­s definitiva­mente uma sociedade justa, em que todos possam dar livremente as suas opiniões.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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