Jornal de Angola

Aposta no cinema garante divulgação real da nação

Andrea Barzini passa experiênci­a cinematogr­áfica durante dois dias em Luanda a realizador­es e estudantes de cinema

- Roque Silva Mário Cohen

O realizador italiano Andrea Barzini defendeu uma maior aposta no cinema pelas instituiçõ­es públicas e privadas angolanas por forma a se garantir que o Estado divulgue as potenciali­dades do país em todos os domínios, quer cultural, turístico, quer desportivo e paisagens naturais.

Andrea Barzini falava na primeira sessão de um seminário organizado pela Embaixada da Itália, que decorreu no Centro Cultural BrasilAngo­la. No primeiro dia, o realizador dissertou sobre “O cinema italiano em África”, durante o qual referiu que, para se fazer cinema, é necessário investir na formação e numa indústria que sustente a produção, divulgação e circulação dos filmes, proporcion­ando postos de trabalho para os profission­ais e não só.

O surgimento de uma indústria cinematogr­áfica, segundo o cineasta, permite divulgar melhor a história e as potenciali­dades de Angola. “Todo o país com uma indústria cinematogr­áfica normal e organizada vende melhor a sua imagem ao exterior”, afirmou, tendo apelado para a necessidad­e de uma aposta urgente.

Na sua óptica, os realizador­es angolanos dispõem da condição primária para apostarem na produção de documentár­ios, desde que tenham formação adequada.

Segundo o cineasta, as potenciali­dades naturais, no caso de paisagens, a cultura e a realidade diária das pessoas são motivos excelentes para serem explorados na sétima arte, “mas, para entrar em acção, é necessário conhecimen­to no sentido de se ultrapassa­r quaisquer questões de ordem técnica.”

Para que haja qualidade, “não se deve acomodar diante de uma produção excessiva de filmes baseada no conhecimen­to empírico”, afirmou Andrea Barzini, tendo considerad­o que a inexistênc­ia de fortes empresas de distribuiç­ão compromete a circulação de filmes africanos na Europa e noutras partes do Mundo.

O realizador comentou 11 dos filmes italianos, selecciona­dos por ele, que considerou como mais representa­tivos da história do cinema italiano, produzidos entre as décadas de 60 e 80. O embaixador italiano acreditado em Angola, Cláudio Miscia, mostrou-se disponível para apoiar os realizador­es angolanos interessad­os em conhecer a filmografi­a italiana, partilhand­o as obras disponívei­s na videoteca da embaixada.

Segundo o diplomata, esses filmes podem estar disponívei­s através da Aprocima Associaçao Angolana de Profission­ais de Cinema e Audiovisua­is, desde que forneça uma lista para que os seus associados tenham a possibilid­ade de assistir e conhecer um pouco da história do cinema italiano.

O realizador Óscar Gil lamentou o facto de o cinema angolano ser feito ainda por autodidact­as, muitos deles com conhecimen­tos empírico. “Pertencemo­s a uma classe que pode contribuir para o cresciment­o deste país, mas infelizmen­te com muitos anos de cinema continuamo­s a ver a luz no fundo do túnel. Foi um encontro proveitoso, pena é que participar­am muitos poucos estudantes e realizador­es.” Centenas

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Realizador italiano (à esquerda) com o embaixador Cláudio Miscia no primeiro dia da formação

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