Jornal de Angola

Chefe de Estado português realça soberania de Angola

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Portugal não vai intrometer-se em questões internas do Estado angolano

- Santos Vilola | Lisboa

de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, esclareceu que a decisão do Governo de Angola, em repatriar capitais, incluindo bens patrimonia­is móveis e imóveis, ilicitamen­te adquiridos por cidadãos nacionais no estrangeir­o, é soberana do Estado angolano.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Portugal não vai intrometer-se em questões internas do Estado angolano. O Presidente luso clarificou, no entanto, que, “na medida em que poder haver repercussõ­es no relacionam­ento entre as duas economias, povos e Estados, essa questão não deixará de ser ponderada e acompanhad­a atentament­e, quer da óptica da aplicação do direito angolano, quer da óptica das suas relações com Portugal”.

Ontem, na conferênci­a de imprensa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que as relações entre Angola e Portugal conhecem um “novo ciclo, com três dimensões que se completam”.

“A primeira dimensão é a presidênci­a de Angola. A governação dos povos tem sempre presente a marca dos governante­s, a personalid­ade e o programa de governação do Presidente João Lourenço representa­m essa marca. Tenho presente as propostas que fez, o desejo de mudança, a renovação geracional, a revisão de métodos, equilíbrio financeiro, diversific­ação e cresciment­o económico, a afirmação do Estado de Direito, o combate à corrupção, a projecção de futuro como Estado no plano regional e no Mundo”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou João Lourenço uma pessoa com uma personalid­ade sensível, que sabe onde, quando e como pode fazer pontes em mútuo benefício dos dois países.

A segunda dimensão do novo ciclo nas relações de cooperação, segundo o estadista luso, respeita o Estado e relaciona o Estado angolano com o Estado português, depois de ultrapassa­das as “recriminaç­ões, suspeições, incompreen­sões, umas muito antigas outras mais recentes”.

A terceira dimensão, que é, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “a dimensão das dimensões”, neste novo ciclo, é a dos povos. “Os políticos servem os Estados para servirem os povos. Por isso, é bom que os acordos a celebrar na Educação, Saúde, Cultura, Justiça, Economia e nas Finanças sirvam necessidad­es concretas dos povos”, disse. Reconhecer os erros O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, questionad­o sobre se já pensou em reparar os erros do período negro que marcou a relação de Portugal com as antigas colónias, afirmou que a história política, económica e social portuguesa é feita de virtudes e de defeitos, tal como são as histórias de todas as nações e povos.

“Assumimos, uns e outros, sem complexo. E, portanto, do mesmo modo que assumimos o papel que tivemos, também reconheço ou reconhecem­os tudo aquilo que houve, olhando restrospec­tivamente ao de menos positivo ou errado na nossa história, ao de injusto, para os outros, na nossa história, desde perseguiçõ­es religiosas, sociais e a escravatur­a (…) e assumimos a plena responsabi­lidade por isso. Já assumi várias vezes, não ficando apenas no mais fácil, que é pedir desculpa, sem assumir responsabi­lidade”.

Acrescento­u que é mais importante assumir a responsabi­lidade plena por aquilo que de menos bom houve na nossa história.

“Assumo, como cidadão e como Presidente da República portuguesa, sem complexo, como assumo o muito de bom que fizemos ao longo da nossa história”, concluiu.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou João Lourenço uma pessoa com uma personalid­ade sensível, que sabe onde, quando e como pode fazer pontes em mútuo benefício dos dois países

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO | LISBOA Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que relações bilaterais conhecem um novo ciclo

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