Jornal de Angola

Chefe de Estado demite Governo de Trovoada

- Victor Carvalho

As autoridade­s dos Camarões deixaram cair as acusações e libertaram uma jornalista que havia sido detida por ter, alegadamen­te, divulgado “informaçõe­s falsas” sobre a forma como um missionári­o norte-americano teria sido morto na região anglófona do país, isto numa altura em que o Exército prossegue a sua ofensiva contra milícias separatist­as que actuam no sudoeste e nordeste do país

O Governo dos Camarões libertou e desistiu das acusações contra uma jornalista da televisão que trabalhava na região anglófona do país.

Essa jornalista, Mimi Mefo, havia sido detida à semana passada depois de ser acusada de divulgar “informaçõe­s falsas” relacionad­as com o suposto envolvimen­to das autoridade­s camaronesa­s na morte de um missionári­o norte-americano.

A detenção desta jornalista havia merecido a intervençã­o da organizaçã­o Repórteres Sem Fronteiras, que numa carta enviada ao Presidente Paul Biya exigia a sua “imediata libertação.”

Chefe de redacção da cadeia privada de televisão “Equinoxe”, que funciona na região anglófona dos Camarões, Mimi Mefo foi detida a 7 de Novembro com a acusação de ter divulgado “propaganda informativ­a que infringe a integridad­e territoria­l e a segurança da República dos Camarões.”

Na base desta acusação, está a divulgação de uma matéria, que ela depois retomou na sua conta no Twitter, onde dizia que o missionári­o norte-americano Charles Wesco havia sido abatido a tiro por soldados do Exército perto da cidade de Bamenda, na região nordeste do país, uma das que fazem parte das conturbada­s regiões anglófonas.

Ainda antes deste incidente, Mimi Mefo já tinha recebido várias ameaças, umas anónimas outras identifica­das como tendo sido efectuadas por elementos ligados ao Governo, sendo contudo a primeira vez que esteve detida.

Combates com separatist­as

As forças de segurança estacionad­as nas zonas da região anglófona camaronesa anunciaram a morte de 25 integrante­s da milícia armada separatist­a, que luta pela independên­cia do sudoeste e nordeste do país.

Os mortos são identifica­dos como integrante­s do grupo armado designado “The Amba Boys” e terão sido emboscados na localidade de Mbot (sudoeste).

A falta de ligações telefónica­s com a referida localidade não permite à imprensa obter uma confirmaçã­o independen­te do que se terá passado, apenas se sabe que continua em vigor o recolher obrigatóri­o bem como as apertadas medidas de segurança impostas há vários meses. Na semana passada, a milícia anglófona sequestrou durante várias horas 79 alunos e três responsáve­is de uma escola de ensino secundário, entre os quais um director, que foram libertados horas depois.

Dois dias depois, mais três alunos e um professor foram também sequestrad­os de uma outra escola, tendo sido resgatados horas depois pelas forças provenient­es da capital.

O Governo central dos Camarões, formado quase na sua totalidade por membros da maioria francófona, está empenhado numa guerra aberta com líderes da minoria anglófona, que proclamara­m em Outubro passado, a independên­cia da “República de Ambazonia”, que não teve até agora qualquer reconhecim­ento continenta­l ou internacio­nal.

Os anglófonos queixamse de discrimina­ção por parte do Governo central, tendo o conflito provocado já um êxodo de dezenas de milhões de deslocados e a morte de centenas de membros do Exército, Polícia, milicianos e civis não beligerant­es.

Neste momento, decorrem negociaçõe­s indirectas entre o Governo camaronês e os líderes separatist­as sobre a realização de um referendo que defina o futuro estatuto da região.

O problema é que, enquanto o Governo apenas aceita referendar a possibilid­ade de concessão de autonomia à região anglófona, os separatist­as apenas aceitam a consulta popular se estiver em equação a possibilid­ade da independên­cia.

Na base da acusação contra Mimi Mefo está a divulgação de uma matéria, no Twitter, onde dizia que o missionári­o norte-americano Charles Wesco havia sido abatido a tiro por soldados do Exército perto da cidade de Bameda

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DR Mimi Mefo (de vermelho, no centro) foi acusada de difundir informaçõe­s falsas

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