Chefe de Estado demite Governo de Trovoada
As autoridades dos Camarões deixaram cair as acusações e libertaram uma jornalista que havia sido detida por ter, alegadamente, divulgado “informações falsas” sobre a forma como um missionário norte-americano teria sido morto na região anglófona do país, isto numa altura em que o Exército prossegue a sua ofensiva contra milícias separatistas que actuam no sudoeste e nordeste do país
O Governo dos Camarões libertou e desistiu das acusações contra uma jornalista da televisão que trabalhava na região anglófona do país.
Essa jornalista, Mimi Mefo, havia sido detida à semana passada depois de ser acusada de divulgar “informações falsas” relacionadas com o suposto envolvimento das autoridades camaronesas na morte de um missionário norte-americano.
A detenção desta jornalista havia merecido a intervenção da organização Repórteres Sem Fronteiras, que numa carta enviada ao Presidente Paul Biya exigia a sua “imediata libertação.”
Chefe de redacção da cadeia privada de televisão “Equinoxe”, que funciona na região anglófona dos Camarões, Mimi Mefo foi detida a 7 de Novembro com a acusação de ter divulgado “propaganda informativa que infringe a integridade territorial e a segurança da República dos Camarões.”
Na base desta acusação, está a divulgação de uma matéria, que ela depois retomou na sua conta no Twitter, onde dizia que o missionário norte-americano Charles Wesco havia sido abatido a tiro por soldados do Exército perto da cidade de Bamenda, na região nordeste do país, uma das que fazem parte das conturbadas regiões anglófonas.
Ainda antes deste incidente, Mimi Mefo já tinha recebido várias ameaças, umas anónimas outras identificadas como tendo sido efectuadas por elementos ligados ao Governo, sendo contudo a primeira vez que esteve detida.
Combates com separatistas
As forças de segurança estacionadas nas zonas da região anglófona camaronesa anunciaram a morte de 25 integrantes da milícia armada separatista, que luta pela independência do sudoeste e nordeste do país.
Os mortos são identificados como integrantes do grupo armado designado “The Amba Boys” e terão sido emboscados na localidade de Mbot (sudoeste).
A falta de ligações telefónicas com a referida localidade não permite à imprensa obter uma confirmação independente do que se terá passado, apenas se sabe que continua em vigor o recolher obrigatório bem como as apertadas medidas de segurança impostas há vários meses. Na semana passada, a milícia anglófona sequestrou durante várias horas 79 alunos e três responsáveis de uma escola de ensino secundário, entre os quais um director, que foram libertados horas depois.
Dois dias depois, mais três alunos e um professor foram também sequestrados de uma outra escola, tendo sido resgatados horas depois pelas forças provenientes da capital.
O Governo central dos Camarões, formado quase na sua totalidade por membros da maioria francófona, está empenhado numa guerra aberta com líderes da minoria anglófona, que proclamaram em Outubro passado, a independência da “República de Ambazonia”, que não teve até agora qualquer reconhecimento continental ou internacional.
Os anglófonos queixamse de discriminação por parte do Governo central, tendo o conflito provocado já um êxodo de dezenas de milhões de deslocados e a morte de centenas de membros do Exército, Polícia, milicianos e civis não beligerantes.
Neste momento, decorrem negociações indirectas entre o Governo camaronês e os líderes separatistas sobre a realização de um referendo que defina o futuro estatuto da região.
O problema é que, enquanto o Governo apenas aceita referendar a possibilidade de concessão de autonomia à região anglófona, os separatistas apenas aceitam a consulta popular se estiver em equação a possibilidade da independência.
Na base da acusação contra Mimi Mefo está a divulgação de uma matéria, no Twitter, onde dizia que o missionário norte-americano Charles Wesco havia sido abatido a tiro por soldados do Exército perto da cidade de Bameda