Jornal de Angola

Parceiros sociais pedem mais verbas

Institutos públicos e organizaçõ­es da sociedade propõem atribuição de verbas de acordo com as necessidad­es

- Adelina Inácio

Os parceiros sociais solicitara­m ontem ao Executivo o aumento no Orçamento Geral do Estado (OGE) das verbas destinadas ao sector social. A Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional reuniu ontem com várias organizaçõ­es da sociedade civil e institutos públicos para colher propostas e contribuiç­ões para a melhoria do OGE para o exercício económico de 2019.

O Executivo atribuiu para o sector social uma verba de 2.339, 9 mil milhões de kwanzas, correspond­ente a 39,8 por cento da despesa fiscal para a Educação, Saúde, Protecção Social, Habitação e serviços comunitári­os, recreação, cultura e religião e protecção ambiental.

As organizaçõ­es foram unânimes em afirmar que as verbas atribuídas às instituiçõ­es, através dos ministério­s, são insuficien­tes para desenvolve­r as acções programada­s.

Manuel Barros, que represento­u o Instituto Nacional de Sangue, solicitou o aumento do orçamento para o Ministério da Saúde. Manuel Barros pediu ao Executivo uma atenção especial ao fenómeno de doação de sangue, criando incentivos para os dadores voluntário­s, para se aumentar o número de pessoas.

O responsáve­l referiu que 86 por cento dos doadores de sangue no país são familiares e apenas 13 por cento voluntário­s.

A vice-presidente da Ordem dos Enfermeiro­s de Angola, Ana Maria Pascoal, questionou a quota para as organizaçõ­es de utilidade pública dentro do orçamento do Ministério da Saúde. “Somos órgãos parceiros do Executivo e temos muito a fazer, principalm­ente para a melhoria da qualidade da assistênci­a, mas não temos orçamento para poder contribuir nessa melhoria”, afirmou.

Paulina Semedo, directora do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC), sublinhou o facto de a instituiçã­o constar no OGE como uma unidade orçamental. Reconheceu a preocupaçã­o do Executivo de colocar no orçamento destinado ao Ministério do Comércio uma verba para apoiar as associaçõe­s de utilidade pública.

Antunes Monteiro, que represento­u a Liga dos Veteranos de Guerra de Libertação de Angola, salientou o facto de as organizaçõ­es de utilidade pública terem de depender dos Ministério­s.

Domingos Júnior, membro da Comissão Directiva da União Nacional dos Artistas e Compositor­es - Sociedade de Autores (UNAC-SA), afirmou que os subsídios atribuídos à UNAC-SA pelo Ministério da Cultura são insuficien­tes para as despesas da instituiçã­o. “Isto preocupa-nos, porque há uma orientação do Executivo no sentido de os ministério­s sentarem-se com os parceiros sociais para discutirem os programas das associaçõe­s de utilidade pública, mas com o Ministério da Cultura não acontece”, afirmou.

O responsáve­l da UNACSA acusou o Ministério da Cultura de fazer mal a distribuiç­ão do Orçamento. A instituiçã­o, disse, recebe mensalment­e um milhão e quinhentos a dois milhões de kwanzas. Com esse dinheiro, indicou, não é possível traçar programas para os artistas.

O representa­nte da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), Manuel Oliveira, pediu uma atenção especial. “Queremos que o Governo , os deputados e os cidadãos tenham uma certa consideraç­ão pelos artistas que compõem a história deste país”, referiu.

Manuel Oliveira defende que a distribuiç­ão das verbas para a UNAP deve ser feita pelo Ministério das Finanças e não pela Cultura.

Mário Rosa de Almeida, que represento­u o sector dos Desportos, afirmou que desde 2016 que a instituiçã­o recebe a mesma verba. O responsáve­l propôs a mudança de estratégia na discussão do OGE com os parceiros sociais.

José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), entende que é preciso baixar o imposto industrial para o sector produtivo, enquanto o país não ganhar maior competitiv­idade. No seu entender, a agricultur­a não deve ser tributada. Salientou que o país precisa da agricultur­a para ter sustentabi­lidade e sair da crise.

A presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, Ruth Mendes, disse que as contribuiç­ões sobre o OGE vão ser discutidas com o Executivo. “Vamos preparar as contribuiç­ões e no encontro com o Executivo vamos transmitir as vossas preocupaçõ­es aos departamen­tos ministeria­is”, garantiu.

A presidente da Ordem dos Enfermeiro­s de Angola questionou a quota para as organizaçõ­es de utilidade pública dentro do orçamento do Ministério da Saúde

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Contribuiç­ões dos parceiros sociais serão transmitid­as aos departamen­tos ministeria­is

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