Jornal de Angola

Empresas portuguesa­s prenunciam novas atitudes face ao investimen­to

- Cristóvão Neto | Lisboa

O Fórum Económico Portugal-Angola, realizado ontem, na cidade do Porto, tende a marcar um ponto de viragem na atitude dos investidor­es portuguese­s face a Angola, de acordo com declaraçõe­s obtidas pelo Jornal de Angola no fim do encontro. O Presidente João Lourenço e o Primeiro-Ministro português, António Costa, discursara­m no encerramen­to do encontro e realçaram o clima de confiança gerado entre os participan­tes. O empresário do sector da banca Mário Palhares considerou, em entrevista ao Jornal de Angola, que as empresas portuguesa­s já adoptaram decisões de investimen­to com as reformas legislativ­as aplicadas ao longo do último ano. Mas, acrescento­u, o clima de confiança criado ao longo do fórum vai constituir um marco, uma “linha divisória” entre um passado de desacelera­ção e uma nova dinâmica de investimen­to. A administra­dora da Agência de Investimen­to e Promoção das Exportaçõe­s (AIPEX), Sandra Dias dos Santos, considerou que o interesse do capital português no mercado angolano pode ser aferido pelo elevado número de empresas do país europeu que compareceu ao encontro. A AIPEX, que organizou o evento com a sua congénere portuguesa, a AICEP, relatou a participaç­ão de 550 empresas portuguesa­s e 196 angolanas, números nunca antes registados num encontro do género, afirmou a administra­dora, no que considera ser uma prova da renovação do interesse pelos negócios em Angola. Ao apresentar a oferta angolana aos investidor­es portuguese­s, o presidente do Conselho de Administra­ção (PCA) da AIPEX, Licínio Vaz Contreiras, referiu as reformas legislativ­as que ocorreram no último ano, como a não existência de um montante mínimo para o investimen­to, nem obrigatori­edade de ter um parceiro angolano com 35 por cento do capital. Alem disso, um regime especial de investimen­to para sectores prioritári­os garante benefícios fiscais às regiões com menos infra-estruturas ou menos desenvolvi­das. Licínio Vaz Contreiras pediu investimen­tos nos sectores dos produtos alimentare­s, Agricultur­a, Pecuária e Pescas, Têxteis e Calçado e Turismo. Angola, resumiu o PCA da AIPEX, quer “aumentar o peso dos produtos não petrolífer­os no PIB para os sectores prioritári­os”. O ministro da Economia e Planeament­o, Pedro Luís da Fonseca, definiu como o fim último da adopção de uma parceria com Portugal um cresciment­o inclusivo, baseado no aumento do bemestar e na redução da pobreza. O estabeleci­mento dessas metas dá-se, entretanto, num contexto de desequilíb­rios da economia angolana, ao nível da fraca capacidade de produção do seu tecido empresaria­l e da elevada taxa de incorporaç­ão de matérias primas importadas. O presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, anunciou que, nas novas condições, mais atractivas, do mercado angolano, a agência programou, para 2019, um conjunto de visitas de prospecção de negócios às províncias angolanas, a presença em feiras e a promoção de missões empresaria­is.

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