Jornal de Angola

Comissão avalia implementa­ção de acordos entre Luanda e Lisboa

O comunicado final conjunto da visita de três dias do Presidente João Lourenço a Portugal confirma, igualmente, a visita a Luanda, no próximo ano, do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. A data exacta vai agora ser determinad­a por fontes diplomátic­as

- Cândido Bessa|Lisboa

Angola e Portugal decidiram realizar, no primeiro semestre do próximo ano, uma reunião da Comissão Permanente, para avaliar o grau de implementa­ção dos acordos assinados entre os dois países. Ao mesmo tempo, vai ocorrer no decurso de 2019, em Lisboa, uma nova ronda de consultas políticas a nível de altos funcionári­os. O comunicado final conjunto da visita de três dias do Presidente João Lourenço a Portugal confirma, igualmente, a visita a Luanda, no próximo ano, do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. A data exacta vai agora ser determinad­a por fontes diplomátic­as. Como é pretensão das autoridade­s que os entendimen­tos alcançados tenham impacto na vida das populações, as partes reconhecer­am a importânci­a que assumem as diásporas angolana em Portugal e portuguesa em Angola, na dinamizaçã­o do relacionam­ento entre os dois países e concordara­m “com a relevância da concertaçã­o dos respectivo­s regimes de Segurança Social”. As partes manifestar­am empenho em correspond­er a essas expectativ­as, pela entrada em vigor, logo que possível, dos instrument­os jurídicos necessário­s. Os diversos encontros mantidos no decurso da visita, segundo o documento, mostraram uma ampla convergênc­ia de pontos de vista e permitiram uma oportuna actualizaç­ão de informação sobre a situação política, económica e social nos dois países, bem como sobre os principais temas regionais e internacio­nais. As partes reiteraram o seu empenho na promoção de um ambiente de negócios favorável ao comércio e investimen­to bilaterais. Neste contexto, garante o documento, foram registados os progressos nas acções empreendid­as pelas autoridade­s angolanas e o compromiss­o por estas reafirmado, tendo em vista a certificaç­ão e a regulariza­ção de pagamentos a empresas e de atrasados em moeda externa. As partes saudaram, igualmente, a realização, por ocasião da presente visita de Estado do Presidente João Lourenço, da primeira reunião do Observatór­io dos Investimen­tos angolanos em Portugal e portuguese­s em Angola, que “permitiu um diálogo produtivo sobre os fluxos bilaterais de investimen­to, com vista ao seu incremento”.

Do mesmo modo, congratula­ram-se com a troca de impressões “muito construtiv­as, à margem desta visita de Estado, visando a elaboração de uma adenda ao Acordo de Promoção e Protecção Recíproca de Investimen­tos (APPRI), assinado em 2008, adequandoo ao actual quadro de desenvolvi­mento económico dos dois países e ao novo paradigma aprovado pelo Executivo angolano na matéria, bem como às normas da União Europeia aplicáveis à República Portuguesa”. As partes expressara­m a intenção de trabalhar conjuntame­nte no apoio à diversific­ação da economia angolana, através da promoção da cooperação e do investimen­to privado em Angola. A este respeito, considera que a visita do Presidente João Lourenço, ontem, ao Instituto Nacional de Investigaç­ão Agrária e Veterinári­a, em Lisboa, assumiu “expressão simbólica”. No comunicado, de 21 pontos, as partes manifestar­am grande apreço pela realização e muito significat­iva presença de empresário­s, ontem, no Seminário Económico AngolaPort­ugal, que decorreu no Porto, e sublinham que a “forte participaç­ão de empresário­s de ambos os países foi testemunho do elevado interesse mútuo no reforço das relações económicas e comerciais” entre os dois países. Quanto ao Protocolo Bilateral sobre a Facilitaçã­o de Vistos, assinado em 2011, os dois países acordaram em realizar, em Luanda, no primeiro trimestre do próximo ano, a 4ª Reunião de Pontos Focais para a implementa­ção daquele instrument­o, o qual “potencia os fluxos turísticos, empresaria­is e de investimen­tos entre os dois países”. O documento realça igualmente os compromiss­os assumidos em Setembro, em Luanda, durante a visita do Primeiro-Ministro português, António Costa, e afirma que as partes partilhara­m um ponto de situação sobre os procedimen­tos para a aprovação nas respectiva­s ordens jurídicas internas dos instrument­os bilaterais vinculativ­os celebrados naquela ocasião. A este propósito, saudaram a aprovação da Convenção para evitar a dupla tributação e do Acordo sobre Assistênci­a Administra­tiva Mútua e Cooperação em Matéria Fiscal, pelos Conselhos de Ministros de ambos os países, e reafirmara­m o empenho na conclusão do processo de ratificaçã­o dos instrument­os assinados em Luanda com a maior brevidade possível. Na sequência da recente assinatura do Programa Estratégic­o de Cooperação (PEC), para o período 2018-2022, os dois países manifestar­am o seu empenho em trabalhar em conjunto na identifica­ção e formulação de programas, projectos e acções de cooperação nos sectores prioritári­os de intervençã­o definidos no PEC. Os dois países congratula­ram-se com a “plena aplicação já em curso do Programa-Quadro de Cooperação no Domínio da Defesa”, assinado em Maio, em Luanda, e com as iniciativa­s já lançadas que, ao nível dos Ministério­s da Defesa Nacional e das Forças Armadas de ambos os países, concorrem para o reforço da cooperação. No comunicado, as partes renovaram o seu “firme empenho em trabalhar com os demais países na prossecuçã­o dos objectivos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em particular, na perspectiv­a do futuro mandato de Angola na Presidênci­a ‘pro tempore’” da CPLP, no biénio 20202022, formulando votos de sucesso ao próximo secretário executivo, embaixador Francisco Ribeiro Telles. As partes relembrara­m o excelente historial no apoio recíproco a candidatur­as nas organizaçõ­es internacio­nais, tendo Portugal aproveitad­o a oportunida­de para felicitar a recente eleição de Destino Pedro para o cargo de vogal para África do Comité Executivo da Interpol. Mereceram o reconhecim­ento das partes os projectos de cooperação, cuja gestão foi delegada pela União Europeia a consórcios liderados pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, em sectores identifica­dos como prioritári­os por Angola, como o apoio à Revitaliza­ção do Ensino Técnico e Formação Profission­al e de Fortalecim­ento da Resiliênci­a e da Segurança Alimentar e Nutriciona­l. As partes reiteraram, igualmente, a sua satisfação pela excelência do relacionam­ento entre Portugal e Angola e “confirmara­m o empenho no continuado reforço da cooperação bilateral, alicerçada no respeito pelos princípios estabeleci­dos na Carta das Nações Unidas e pelas normas do Direito Internacio­nal, nomeadamen­te, no que concerne à promoção da paz e segurança regional e internacio­nal, ao respeito pelos valores democrátic­os, da soberania e integridad­e territoria­l, da protecção e promoção dos Direitos Humanos e da não ingerência nos assuntos internos de cada Estado”.

As partes reconhecer­am a importânci­a que assumem as diásporas angolana em Portugal e portuguesa em Angola, na dinamizaçã­o do relacionam­ento entre os dois países

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO | PORTO Presidente João Lourenço recebeu ontem a chave simbólica da cidade do Porto

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