Pessoas com deficiência solicitam maior inclusão
Uma palestra deu ênfase ao problema da acessibilidade das pessoas com deficiência nos transportes públicos em Angola
Pessoas com deficiência têm enfrentado cenas caricatas quando pretendem utilizar os meios de transportes públicos em Luanda, lamentou Idalina Bota, coordenadora nacional de programas da Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (LARDEF).
Numa palestra, dirigida a funcionários da TCUL e realizada sob o lema “O cidadão com deficiência e o direito à acessibilidade nos transportes públicos”, a responsável da Lardef referiu que, além das dificuldades no acesso ao meio de transporte, as pessoas com deficiência confrontam-se com problemas relacionados com a acomodação.
"Encontramos sempre ocupados os lugares reservados às pessoas com deficiência, o que é lamentável”, acentuou a activista social, para quem existem motoristas e cobradores que não têm sensibilidade para com as pessoas com deficiência.
“Tratam-nos como se fôssemos pessoas inválidas e, como se não bastasse, faltam-nos ao respeito”, salientou Idalina Bota, que disse ser lamentável a atitude desses profissionais.
No seu entender, se a ideia é a criação de uma sociedade inclusiva, “devemos então mudar de mentalidade”.
Idalina Bota manifestou também preocupação com o facto de não haver elevadores nos transportes públicos para facilitar o embarque e desembarque de pessoas com deficiência, principalmente os que utilizam cadeiras de rodas.
A coordenadora nacional dos programas da Lardef lembrou que o principal desafio da associação é lutar para inverter o quadro, apresentando soluções para que todas as pessoas com deficiência no país se sintam bem.
António Afonso, coordenador nacional da Lardef, afirmou que existe um atendimento deficitário prestado às pessoas com deficiência por parte de motoristas, cobradores e assistentes dos autocarros na província de Luanda, situação que também ocorre no interior dos autocarros de transportes inter-provinciais.
Quando enumerava as dificuldades encontradas por pessoas com deficiência nos transportes públicos no país, António Afonso mencionou a falta de apoio no momento da acomodação da cadeira de rodas ou durante a retirada de bagagem nas viagens inter-provinciais.
Eliseu Machado, director de tráfego da TCUL, presente na palestra em representação do Conselho de Administração, reconheceu as críticas e anotou as soluções apresentadas pela Lardef.
O responsável disse que a empresa vai consciencializar os trabalhadores para a observância dos princípios relacionados com a humanização e garantir que as pessoas com deficiência possam embarcar e desembarcar nos autocarros em segurança.
Eliseu Machado informou, na palestra, que a TCUL é empresa pioneira na utilização de autocarros com dispositivos de embarque para os utentes com necessidades especiais, mas lamentou o facto de a actual tipologia dos autocarros não dispor deste dispositivo.