Kimpa Vita realiza prova para professor catedrático
Pelo menos 50 professores de diferentes níveis de ensino na província do CuanzaNorte estão suspensos e outros três desactivados há cerca de oito meses, por alegada falta de elementos convincentes ou documentos que comprovem o seu real vínculo jurídico/laboral com o Ministério da Educação, segundo o secretário provincial da Associação dos Professores Angolanos.
Simões dos Santos, que falava em Ndalatando, durante o acto provincial do Dia do Educador, que decorreu sob o lema “O Direito à Educação é Também Direito a um Professor Qualificado”, informou que os professores suspensos e desactivados estão há oito meses sem receber os seus ordenados.
Acrescentou que a corrupção, a falta de solidariedade e de patriotismo no sector da Educação na província do Cuanza-Norte, com maior realce nos últimos cinco anos, também está na base da suspensão e desactivação de alguns professores. “Este facto tem tornado cada dia mais leviano o sector da Educação no Cuanza-Norte, dando lugar a mudanças anuais de directores, erguendo cada vez mais alto a pauta da nossa incompetência, como resultado do nepotismo, egoísmo e bajulação”, exprimiu.
Segundo o responsável, os professores mais antigos receiam entrar para a reforma, por causa dos salários baixos de muitos, pelo que aguardam o novo reajuste salarial.
Simões dos Santos falou também do incumprimento na distribuição da merenda escolar e outros bens essenciais para a vida dos alunos, explicando que, em três meses, logo após o início do ano lectivo, o município de Cazengo recebeu mais de nove milhões de kwanzas para o efeito, mas nada foi concretizado.
O director do Gabinete Provincial da Educação, Manuel António, explicou que a desactivação dos professores deve-se a um processo de cadastramento realizado pelo Ministério das Finanças, onde alguns docentes não reuniram os documentos exigidos ou estiveram ausentes durante o decorrer do processo.
Segundo Manuel António, depois das orientações dos ministérios da Educação e das Finanças, juntou-se toda a documentação necessária dos professores suspensos e 25 foram já inseridos no Sistema Integrado de Gestão Cuanza-Norte precisa de mais docentes para inserir todas as crianças no sistema de ensino Financeira do Estado, para o pagamento dos seus salários. O director do Gabinete Provincial da Educação referiu que três professores desactivados não foram cadastrados, por alegadamente estarem doentes, não tendo juntado, na altura, os devidos comprovativos que justificassem os seus estados patológicos, mas foram dados todos os passos para serem inseridos no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado e esperase deferimento.
Sobre a merenda escolar, Manuel António esclareceu que a mesma é da inteira responsabilidade
Kimpa Vita, afecta à VII Região Académica, realizou em Ndalatando, província do Cuanza-Norte, a primeira prova pública para o provimento de vaga de professor catedrático, segundo a Angop. O candidato ao provimento foi o decano da Escola Superior Politécnica do Cuanza-Norte, Pedro Vita, que apresentou uma aula magna que versou sobre “Alcoolismo e seus impactos em adolescentes dos bairros São Filipe e Tala Hady, no município de Cazengo, nos anos de 2016 e 2018”.
Na sua dissertação, o académico demonstrou perante o júri as causas e consequências do alcoolismo em adolescentes daqueles bairros do município sede do Cuanza-Norte, tendo igualmente apontado propostas das administrações municipais e que existem muitas dificuldades na sua execução, porque há situações em que as ordens de saque são disponibilizadas ou cabimentadas, mas não são liquidadas.
O vice-governador provincial para o Sector Técnico e Infra-estruturas, Mendonça Luís, considerou que a província do Cuanza-Norte está dotada de docentes com um nível de capacidade intelectual aceitável.
Mendonça Luís reconheceu o papel do professor como elemento preponderante na de soluções para o problema.
Considerou tal prática “muito grave” para a sociedade, dado que compromete o futuro do país. Indicou que a ausência de políticas públicas direccionadas a esta franja da sociedade, como a falta de espaços de lazer, o reduzido número de centros de formação profissional e de escolas nas comunidades, faz com que os adolescentes procurem satisfação das suas necessidades por outras vias e o álcool tem sido um dos refúgios.
Referiu que as bebidas mais usadas por aqueles adolescentes foram as de fabrico caseiro, como a caipirinha, bananal (aguardente de banana), entre outras.
No final da apresentação, o júri presidido pelo reitor da Universidade Kimpa Vita, que comunidade e agente activo do desenvolvimento social e a melhoria das suas condições impõe-se como uma obrigação de toda a sociedade.
Durante a realização do acto provincial do Dia do Educador foram entregues menções honrosas a 40 professores destacados e homenageados três docentes mais antigos, que deram o seu saber e contribuíram com os seus feitos em prol do desenvolvimento do sector da Educação.
Dos homenageados, destaque para a professora Graciana Eugénia, com mais de 40 anos de serviço. compreende as províncias do Cuanza-Norte e do Uíge, João Francisco de Sousa Gaspar, concluiu como aprovado o trabalho científico.
Fizeram ainda parte do jurado os professores catedráticos Maria Augusta da Silva, Carlos Diakanamwa (antigo reitor da referida universidade) e Joaquim José Sucure.
O acto foi assistido pelo vicegovernador para o Sector Técnico e Infra-estruturas do Cuanza- Norte, Mendonça Luís, docentes, estudantes e convidados. Com sede na cidade do Uíge, a Universidade Kimpa Vita conta com quatro unidades orgânicas, nomeadamente a Faculdade de Direito, Faculdade de Economia, bem como as escolas superiores politécnicas do Uíge e do Cuanza-Norte. A província da Huíla tem 134 escolas ao ar livre, que correspondem a 4.357 turmas, que acolhem 174.280 crianças do ensino primário ao secundário do I ciclo, disse, ao Jornal de Angola, o porta-voz do Gabinete Provincial da Educação, Benício Puna.
“As escolas estão catalogadas, têm directores nomeados, com trabalhadores administrativos”, explicou Benício Puna, acrescentando que as comunas da Huíla, Arimba e Quilemba, no Lubango, Chibia, Caluquembe e Chicomba são as regiões com mais alunos a frequentarem aulas ao ar livre.
Por falta de salas de aula e professores, informou, o Gabinete Provincial da Educação tem ainda o registo de 339.840 crianças fora do sistema de ensino.
Disse que o número é preocupante e o Executivo, através do Governo Provincial da Huíla, está a trabalhar para se inverter o quadro, com a construção de mais escolas. Segundo Benício Puna, a província da Huíla tem 1.843 escolas em perfeitas condições. Por outro lado, a directora da escola nº 449, na localidade de Cinzento, arredores da sede municipal da Chibia, disse que, desde a sua abertura, em 2003, mais de 650 alunos frequentam aulas ao ar livre.
Segundo Brizana Fernando, a escola funciona com 17 turmas e a “grande” preocupação é quando chove e/ou quando há muito sol e fortes ventos.
“Quando há muito vento caem cobras das árvores e é um perigo para as crianças e professores”, disse, acrescentando que “não temos qualquer parede que indica a existência de uma estrutura. Trabalhamos por baixo de árvores, os alunos sentamse em pedras e os quadros são pendurados nos ramos das árvores. Esse tem sido o nosso dia-a-dia”, lamentou Brizana Fernando.
A directora do Gabinete Provincial da Educação, Paula Joaquim, disse que a preocupação vai ser apresentada às instâncias superiores, para a construção de uma escola na localidade, porque as actuais condições influenciam negativamente no sistema de ensino e aprendizagem.