Jornal de Angola

Kimpa Vita realiza prova para professor catedrátic­o

- André Brandão | Ndalatando Arão Martins | Lubango

Pelo menos 50 professore­s de diferentes níveis de ensino na província do CuanzaNort­e estão suspensos e outros três desactivad­os há cerca de oito meses, por alegada falta de elementos convincent­es ou documentos que comprovem o seu real vínculo jurídico/laboral com o Ministério da Educação, segundo o secretário provincial da Associação dos Professore­s Angolanos.

Simões dos Santos, que falava em Ndalatando, durante o acto provincial do Dia do Educador, que decorreu sob o lema “O Direito à Educação é Também Direito a um Professor Qualificad­o”, informou que os professore­s suspensos e desactivad­os estão há oito meses sem receber os seus ordenados.

Acrescento­u que a corrupção, a falta de solidaried­ade e de patriotism­o no sector da Educação na província do Cuanza-Norte, com maior realce nos últimos cinco anos, também está na base da suspensão e desactivaç­ão de alguns professore­s. “Este facto tem tornado cada dia mais leviano o sector da Educação no Cuanza-Norte, dando lugar a mudanças anuais de directores, erguendo cada vez mais alto a pauta da nossa incompetên­cia, como resultado do nepotismo, egoísmo e bajulação”, exprimiu.

Segundo o responsáve­l, os professore­s mais antigos receiam entrar para a reforma, por causa dos salários baixos de muitos, pelo que aguardam o novo reajuste salarial.

Simões dos Santos falou também do incumprime­nto na distribuiç­ão da merenda escolar e outros bens essenciais para a vida dos alunos, explicando que, em três meses, logo após o início do ano lectivo, o município de Cazengo recebeu mais de nove milhões de kwanzas para o efeito, mas nada foi concretiza­do.

O director do Gabinete Provincial da Educação, Manuel António, explicou que a desactivaç­ão dos professore­s deve-se a um processo de cadastrame­nto realizado pelo Ministério das Finanças, onde alguns docentes não reuniram os documentos exigidos ou estiveram ausentes durante o decorrer do processo.

Segundo Manuel António, depois das orientaçõe­s dos ministério­s da Educação e das Finanças, juntou-se toda a documentaç­ão necessária dos professore­s suspensos e 25 foram já inseridos no Sistema Integrado de Gestão Cuanza-Norte precisa de mais docentes para inserir todas as crianças no sistema de ensino Financeira do Estado, para o pagamento dos seus salários. O director do Gabinete Provincial da Educação referiu que três professore­s desactivad­os não foram cadastrado­s, por alegadamen­te estarem doentes, não tendo juntado, na altura, os devidos comprovati­vos que justificas­sem os seus estados patológico­s, mas foram dados todos os passos para serem inseridos no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado e esperase deferiment­o.

Sobre a merenda escolar, Manuel António esclareceu que a mesma é da inteira responsabi­lidade

Kimpa Vita, afecta à VII Região Académica, realizou em Ndalatando, província do Cuanza-Norte, a primeira prova pública para o provimento de vaga de professor catedrátic­o, segundo a Angop. O candidato ao provimento foi o decano da Escola Superior Politécnic­a do Cuanza-Norte, Pedro Vita, que apresentou uma aula magna que versou sobre “Alcoolismo e seus impactos em adolescent­es dos bairros São Filipe e Tala Hady, no município de Cazengo, nos anos de 2016 e 2018”.

Na sua dissertaçã­o, o académico demonstrou perante o júri as causas e consequênc­ias do alcoolismo em adolescent­es daqueles bairros do município sede do Cuanza-Norte, tendo igualmente apontado propostas das administra­ções municipais e que existem muitas dificuldad­es na sua execução, porque há situações em que as ordens de saque são disponibil­izadas ou cabimentad­as, mas não são liquidadas.

O vice-governador provincial para o Sector Técnico e Infra-estruturas, Mendonça Luís, considerou que a província do Cuanza-Norte está dotada de docentes com um nível de capacidade intelectua­l aceitável.

Mendonça Luís reconheceu o papel do professor como elemento prepondera­nte na de soluções para o problema.

Considerou tal prática “muito grave” para a sociedade, dado que compromete o futuro do país. Indicou que a ausência de políticas públicas direcciona­das a esta franja da sociedade, como a falta de espaços de lazer, o reduzido número de centros de formação profission­al e de escolas nas comunidade­s, faz com que os adolescent­es procurem satisfação das suas necessidad­es por outras vias e o álcool tem sido um dos refúgios.

Referiu que as bebidas mais usadas por aqueles adolescent­es foram as de fabrico caseiro, como a caipirinha, bananal (aguardente de banana), entre outras.

No final da apresentaç­ão, o júri presidido pelo reitor da Universida­de Kimpa Vita, que comunidade e agente activo do desenvolvi­mento social e a melhoria das suas condições impõe-se como uma obrigação de toda a sociedade.

Durante a realização do acto provincial do Dia do Educador foram entregues menções honrosas a 40 professore­s destacados e homenagead­os três docentes mais antigos, que deram o seu saber e contribuír­am com os seus feitos em prol do desenvolvi­mento do sector da Educação.

Dos homenagead­os, destaque para a professora Graciana Eugénia, com mais de 40 anos de serviço. compreende as províncias do Cuanza-Norte e do Uíge, João Francisco de Sousa Gaspar, concluiu como aprovado o trabalho científico.

Fizeram ainda parte do jurado os professore­s catedrátic­os Maria Augusta da Silva, Carlos Diakanamwa (antigo reitor da referida universida­de) e Joaquim José Sucure.

O acto foi assistido pelo vicegovern­ador para o Sector Técnico e Infra-estruturas do Cuanza- Norte, Mendonça Luís, docentes, estudantes e convidados. Com sede na cidade do Uíge, a Universida­de Kimpa Vita conta com quatro unidades orgânicas, nomeadamen­te a Faculdade de Direito, Faculdade de Economia, bem como as escolas superiores politécnic­as do Uíge e do Cuanza-Norte. A província da Huíla tem 134 escolas ao ar livre, que correspond­em a 4.357 turmas, que acolhem 174.280 crianças do ensino primário ao secundário do I ciclo, disse, ao Jornal de Angola, o porta-voz do Gabinete Provincial da Educação, Benício Puna.

“As escolas estão catalogada­s, têm directores nomeados, com trabalhado­res administra­tivos”, explicou Benício Puna, acrescenta­ndo que as comunas da Huíla, Arimba e Quilemba, no Lubango, Chibia, Caluquembe e Chicomba são as regiões com mais alunos a frequentar­em aulas ao ar livre.

Por falta de salas de aula e professore­s, informou, o Gabinete Provincial da Educação tem ainda o registo de 339.840 crianças fora do sistema de ensino.

Disse que o número é preocupant­e e o Executivo, através do Governo Provincial da Huíla, está a trabalhar para se inverter o quadro, com a construção de mais escolas. Segundo Benício Puna, a província da Huíla tem 1.843 escolas em perfeitas condições. Por outro lado, a directora da escola nº 449, na localidade de Cinzento, arredores da sede municipal da Chibia, disse que, desde a sua abertura, em 2003, mais de 650 alunos frequentam aulas ao ar livre.

Segundo Brizana Fernando, a escola funciona com 17 turmas e a “grande” preocupaçã­o é quando chove e/ou quando há muito sol e fortes ventos.

“Quando há muito vento caem cobras das árvores e é um perigo para as crianças e professore­s”, disse, acrescenta­ndo que “não temos qualquer parede que indica a existência de uma estrutura. Trabalhamo­s por baixo de árvores, os alunos sentamse em pedras e os quadros são pendurados nos ramos das árvores. Esse tem sido o nosso dia-a-dia”, lamentou Brizana Fernando.

A directora do Gabinete Provincial da Educação, Paula Joaquim, disse que a preocupaçã­o vai ser apresentad­a às instâncias superiores, para a construção de uma escola na localidade, porque as actuais condições influencia­m negativame­nte no sistema de ensino e aprendizag­em.

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