França usa gás lacrimogéneo para travar manifestantes
Os “Coletes amarelos”pretendiam chegar ao Palácio do Eliseu, mas todas as entradas possíveis estavam barricadas
A Polícia francesa lançou ontem gás lacrimogéneo e um camião de água para travar os “coletes amarelos”, manifestantes que não respeitaram zonas interditas e desceram os Campos Elísios para chegar ao Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente Emmanuel Macron. Os protestos começaram há uma semana.
A Polícia francesa lançou ontem gás lacrimogéneo e um camião de água para tentar travar os “coletes amarelos”, manifestantes que não respeitaram zonas interditas e desceram os Campos Elísios para chegar à residência oficial do Presidente Emmanuel Macron.
A situação entre a Polícia e os manifestantes intensificou-se no princípio da manhã nos Campos Elísios, com centenas de “coletes amarelos” a descerem a famosa avenida da capital, apesar de o movimento ter sido proibido de aí se manifestar.
Os confrontos começaram a surgir quando alguns membros do movimento tentaram fugir pelas laterais das barricadas policiais.
O objectivo dos manifestantes era chegar ao Palácio do Eliseu, mas todas as entradas possíveis estavam barricadas com redes e Polícias de choque.
De modo a dispersar os “coletes amarelos”, a Polícia atirou várias granadas de gás lacrimogéneo fazendo com que o ar à volta da residência oficial do Presidente se tornasse, durante minutos, irrespirável.
Os manifestantes estavam dispersos em várias ruas que dão acesso ao Palácio do Eliseu, sem sinais de abrandar com a demanda “Macron demissão” e cantando também o hino nacional.
Grande parte dos manifestante levavam máscaras antigás lacrimogéneo.
O Ministério do Interior tentou canalizar os manifestantes para o Champ de Mars, perto da Torre Eiffel, mas o movimento não acatou as ordens.
“Sabíamos que os Campos Elísios estavam interditos, mas eles também votam leis sem nos pedir autorização. Porque é que havíamos de aceitar o que eles nos dizem? Já parámos as estradas fora de Paris, agora vamos bloquear o Estado”, disse Bárbara, uma manifestante vinda de Ruão, em declarações à Lusa nos Campos Elísios.
Surpresa
Sem organização formal nem liderança declarada, os “coletes amarelos” em França admitem que a “surpresa” é a sua melhor arma, recusando ficar limitados ao perímetro do Champ de Mars, ao pé da Torre Eiffel, proposto pelo Governo para a manifestação.
Às oito hora locais da manhã de ontem os “coletes amarelos” começaram a juntar-se nos principais eixos rodoviários da capital. Eram esperadas pelo menos 35 mil pessoas vindas de todas as partes de França.
É a segunda jornada de mobilização em Paris, depois de os protestos dos “coletes amarelos”, numa referência aos coletes amarelos que todos os automobilistas devem ter nos automóveis para se tornarem visíveis, terem começado na manhã do passado dia 17, mobilizando centenas de milhares de pessoas em todo o país.
Os bloqueios continuaram durante toda a semana fora de Paris, com centenas de operações de marcha lenta organizadas pelo movimento.
Para a manifestação de ontem a segurança em Paris foi reforçada com mais três mil efectivos da Polícia nas ruas e perímetros de segurança nos locais mais emblemáticos Campos Elísios, Palácio do Eliseu, Matignon e Assembleia Nacional.
Vários autocarros não circularam e algumas estações de metro também permanecera fechadas durante todo o dia.
O Ministério do Interior propôs como local de encontro e manifestação oficial o Champ de Mars, relvado atrás da Torre Eiffel-também fechada aos turistas durante todo o dia -, mas a ideia não agradou aos manifestantes.
“Recusamos ir para o Champ de Mars, estamos à procura de algum sítio emblemático. Não estamos aqui para dar cabo do Eliseu ou de Matignon, só queremos ser vistos. Vamos fazer as coisas de forma inteligente. Claro que quando estamos na província, as coisas são mais calmas e percebemos o medo das autoridades. Aqui em Paris podem juntar-se outros movimentos e tudo pode acontecer”, afirmou Xavier.
Esta é a primeira vez que este “colete amarelo” se junta a um movimento deste género e a sua principal motivação para se manifestar é “estar farto deste ou de qualquer Governo”.
“Estou farto deste ou de qualquer outro Governo, seja direita ou esquerda. Nós pagamos os nossos impostos, sem problema, mas eles só delapidam. Aumentam cada vez mais os impostos, mas não gastam o nosso dinheiro em coisas importantes como hospitais. Só aumentam a dívida pública”, disse Xavier, convicto de que aquele era o principal motivo que leva as pessoas à rua.
De modo a dispersar os “coletes amarelos”, a Polícia atirou várias granadas de gás lacrimogéneo fazendo com que o ar à volta do Palácio se tornasse durante minutos irrespirável