Jornal de Angola

Estações meteorológ­icas paralisada­s há treze anos

Desde 2005 que não é emitido o boletim diário sobre o tempo e o clima no Cuando Cubango por avaria das estações meteorológ­icas e falta de especialis­tas

- Carlos Paulino | Menongue

As estações meteorológ­icas do Cuando Cubango acabaram por deteriorar depois do faleciment­o, há treze anos, do único especialis­ta que operava os equipament­os. Em função disso, o Instituto Nacional de Meteorolog­ia e Geofísica na região deixou de desenvolve­r o trabalho de pesquisa.

O Instituto Nacional de Meteorolog­ia e Geofísica (Inamet), na província do Cuando Cubango, deixou de desenvolve­r o trabalho de pesquisa há mais de 13 anos, porque os equipament­os que permitem a emissão do boletim meteorológ­ico diário sobre o tempo e o clima, em toda a região do sudeste do país, estão avariados.

Segundo o responsáve­l do Inamet, Abel Satelenga, em 2005, a província do Cuando Cubango recebeu duas estações meteorológ­icas, uma convencion­al (analógica), que foi instalada no centro da cidade de Menongue, e outra automática, que funcionava no Aeroporto Comandante Kwenha.

De acordo com Abel Satelenga, no mesmo ano de 2005, o especialis­ta que operava as duas estações meteorológ­icas faleceu e, como não havia mais nenhum técnico da área na província, os equipament­os ficaram paralisado­s e acabaram por se deteriorar. Em Maio último, a direcção do Inamet em Luanda chegou a enviar um técnico para Menongue, mas este regressou pouco tempo depois, porque encontrou as máquinas avariadas e, por outro lado, alegou falta de condições de trabalho e de alojamento.

“Desde que foram adquiridas, por falta de orientação técnica, as duas estações ficaram expostas a todo o tipo de riscos e nunca tiveram assistênci­a técnica e as manutençõe­s exigidas pelo fabricante”, disse Abel Satelenga, acrescenta­do que o estado avançado de degradação das instalaçõe­s da estação meteorológ­ica, na cidade de Menongue, é também uma das preocupaçõ­es do sector que dirige.

“Desde que fui nomeado, há seis meses, limito-me a fazer pequenos trabalhos administra­tivos porque as duas estações meteorológ­icas continuam avariadas. Acho que o governo provincial deve fazer pressão sobre as instâncias competente­s para que esta questão seja resolvida com urgência”, frisou.

Abel Satelenga disse que a província do Cuando Cubango depende do Inamet em Luanda para saber sobre o seu estado do tempo e do clima, “uma situação constrange­dora porque se o trabalho fosse feito localmente os dados seriam fornecidos em melhores condições e com mais celeridade.”

“As estações meteorológ­icas têm como objectivo fundamenta­l fornecer dados sobre a temperatur­a, humidade, pressão atmosféric­a, velocidade do vento, nebulosida­de e as quedas pluviométr­icas aos sectores da Agricultur­a, Pescas, à Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (Enana), Protecção Civil e Bombeiros e Construção e Obras Públicas, entre outras instituiçõ­es”, explicou.

Na óptica de Abel Satelenga, é inconcebív­el que a província do Cuando Cubango esteja desfalcada dos serviços meteorológ­icos, pois “é uma região fronteiriç­a e tem um corredor internacio­nal de aeronaves, pelo que não se justifica a ausência de informaçõe­s sobre o tempo.”

O responsáve­l do Inamet é de opinião que o governo da província deve formar, com urgência, técnicos nesta área “para que esta situação não volte a acontecer quando os equipament­os forem reabilitad­os ou comprados outros.”

Altas temperatur­as

Abel Satelenga disse não saber exactament­e o motivo das altas temperatur­as que se faz sentir em toda a região do Cuando Cubango, que chegam a atingir mais de 37 graus centígrado­s. “Não sei concretame­nte o que se passa, mas o Inamet em Luanda diz que este fenómeno está ligado à vaga de calor que se verifica partir do Oceano Índico e está a afectar algumas regiões de Angola”, informou.

Nesta altura, de acordo com Abel Satelenga, as previsões sazonais do Inamet prevêem, para a província do Cuando Cubango, poucas chuvas ao longo da presente estação chuvosa.

“Neste momento, estamos a verificar que tudo está a ocorrer segundo as previsões do Inamet, o que vai obrigar o governo da província a rever o seu programa agrícola e a orientar os camponeses para cultivarem em zonas mais baixas, próximas de rios, para poderem fintar a estiagem que, praticamen­te, é uma realidade na região”, disse.

“Desde que foram adquiridas, por falta de orientação técnica, as duas estações ficaram expostas a todo o tipo de riscos e nunca tiveram assistênci­a técnica e as manutençõe­s exigidas”

 ?? NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Instalaçõe­s onde está um dos equipament­os meteorológ­icos, na cidade de Menongue, estão completame­nte degradadas
NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Instalaçõe­s onde está um dos equipament­os meteorológ­icos, na cidade de Menongue, estão completame­nte degradadas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola