Estações meteorológicas paralisadas há treze anos
Desde 2005 que não é emitido o boletim diário sobre o tempo e o clima no Cuando Cubango por avaria das estações meteorológicas e falta de especialistas
As estações meteorológicas do Cuando Cubango acabaram por deteriorar depois do falecimento, há treze anos, do único especialista que operava os equipamentos. Em função disso, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica na região deixou de desenvolver o trabalho de pesquisa.
O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet), na província do Cuando Cubango, deixou de desenvolver o trabalho de pesquisa há mais de 13 anos, porque os equipamentos que permitem a emissão do boletim meteorológico diário sobre o tempo e o clima, em toda a região do sudeste do país, estão avariados.
Segundo o responsável do Inamet, Abel Satelenga, em 2005, a província do Cuando Cubango recebeu duas estações meteorológicas, uma convencional (analógica), que foi instalada no centro da cidade de Menongue, e outra automática, que funcionava no Aeroporto Comandante Kwenha.
De acordo com Abel Satelenga, no mesmo ano de 2005, o especialista que operava as duas estações meteorológicas faleceu e, como não havia mais nenhum técnico da área na província, os equipamentos ficaram paralisados e acabaram por se deteriorar. Em Maio último, a direcção do Inamet em Luanda chegou a enviar um técnico para Menongue, mas este regressou pouco tempo depois, porque encontrou as máquinas avariadas e, por outro lado, alegou falta de condições de trabalho e de alojamento.
“Desde que foram adquiridas, por falta de orientação técnica, as duas estações ficaram expostas a todo o tipo de riscos e nunca tiveram assistência técnica e as manutenções exigidas pelo fabricante”, disse Abel Satelenga, acrescentado que o estado avançado de degradação das instalações da estação meteorológica, na cidade de Menongue, é também uma das preocupações do sector que dirige.
“Desde que fui nomeado, há seis meses, limito-me a fazer pequenos trabalhos administrativos porque as duas estações meteorológicas continuam avariadas. Acho que o governo provincial deve fazer pressão sobre as instâncias competentes para que esta questão seja resolvida com urgência”, frisou.
Abel Satelenga disse que a província do Cuando Cubango depende do Inamet em Luanda para saber sobre o seu estado do tempo e do clima, “uma situação constrangedora porque se o trabalho fosse feito localmente os dados seriam fornecidos em melhores condições e com mais celeridade.”
“As estações meteorológicas têm como objectivo fundamental fornecer dados sobre a temperatura, humidade, pressão atmosférica, velocidade do vento, nebulosidade e as quedas pluviométricas aos sectores da Agricultura, Pescas, à Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (Enana), Protecção Civil e Bombeiros e Construção e Obras Públicas, entre outras instituições”, explicou.
Na óptica de Abel Satelenga, é inconcebível que a província do Cuando Cubango esteja desfalcada dos serviços meteorológicos, pois “é uma região fronteiriça e tem um corredor internacional de aeronaves, pelo que não se justifica a ausência de informações sobre o tempo.”
O responsável do Inamet é de opinião que o governo da província deve formar, com urgência, técnicos nesta área “para que esta situação não volte a acontecer quando os equipamentos forem reabilitados ou comprados outros.”
Altas temperaturas
Abel Satelenga disse não saber exactamente o motivo das altas temperaturas que se faz sentir em toda a região do Cuando Cubango, que chegam a atingir mais de 37 graus centígrados. “Não sei concretamente o que se passa, mas o Inamet em Luanda diz que este fenómeno está ligado à vaga de calor que se verifica partir do Oceano Índico e está a afectar algumas regiões de Angola”, informou.
Nesta altura, de acordo com Abel Satelenga, as previsões sazonais do Inamet prevêem, para a província do Cuando Cubango, poucas chuvas ao longo da presente estação chuvosa.
“Neste momento, estamos a verificar que tudo está a ocorrer segundo as previsões do Inamet, o que vai obrigar o governo da província a rever o seu programa agrícola e a orientar os camponeses para cultivarem em zonas mais baixas, próximas de rios, para poderem fintar a estiagem que, praticamente, é uma realidade na região”, disse.
“Desde que foram adquiridas, por falta de orientação técnica, as duas estações ficaram expostas a todo o tipo de riscos e nunca tiveram assistência técnica e as manutenções exigidas”