Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ARSÉNIO LUCAS Samba

Empresas falidas

Há muitas empresas no país que foram à falência. O número de empresas que deixaram de ter actividade produtiva é preocupant­e. Uma economia sem empresas a funcionar não cresce. E não crescendo a economia, não há postos de trabalho e, consequent­emente, não há rendimento­s para as famílias. Muitos angolanos tiveram de fazer negócios de sobrevivên­cia no mercado informal, porque perderam os seus empregos. E lutar pela sobrevivên­cia é duro. Conheço pessoas que estão no mercado informal que voltam a casa sem terem vendido um único produto. Podem imaginar o que acontece a uma família que depende por exemplo de uma zungueira que, por várias razões, não vendeu mercadoria alguma? Penso que o sector produtivo privado deve ser dinamizado para que as empresas angolanas possam voltar a funcionar em todo o território nacional. Que não se pense que apenas os investidor­es estrangeir­os poderão resolver todos os nossos problemas. É preciso dar incentivos aos empresário­s angolanos para que possam, por via da produção, gerar postos de trabalho. Há muitos jovens angolanos desemprega­dos. Muitos desses jovens têm formação média e superior. É importante que se faça alguma coisa para que pequenas e médias empresas possam produzir, com vista a contribuir para o cresciment­o económico. Temos de ser realistas. Se não se ajudar os empresário­s nacionais, por via de diversos incentivos, a voltarem à actividade produtiva, dificilmen­te acabaremos com a pobreza. Temos de olhar para os empresário­s como um segmento indispensá­vel para o nosso cresciment­o económico. É preciso acreditar que há angolanos que sabem e gostam de trabalhar. O erro que se cometeu no passado foi emprestar dinheiro a indivíduos desonestos que se diziam empresário­s, mas que nada fizeram em prol do cresciment­o da economia. Um dinheiro que ainda por cima esses ditos empresário­s não querem ou não podem devolver a bancos comerciais públicos que financiara­m pseudoproj­ectos produtivos.

Ensino primário

Estou satisfeita com o facto de o Governo estar preocupado com o estado do nosso ensino primário e de pretender melhorá-lo. É acertada a opção por um melhor ensino primário. É importante que na base do nosso sistema de ensino estejam, por exemplo, bons professore­s. Importa, entretanto, que se pague bem aos professore­s primários. Os professore­s primários não devem continuar a ser os parentes pobres do sistema de ensino. Os professore­s primários devem ser acarinhado­s. É árduo o seu trabalho de ensinar a crianças. Eu tenho mais de cinquenta anos de idade e nunca me esquecerei da minha professora primária. Trabalhar com crianças exige qualidades específica­s. Não é qualquer pessoa que tem paciência para dar aulas a crianças. Eu tenho uma grande admiração pelos professore­s das escolas primárias, públicas e privadas. Conheço um professor primário que se dirige a casa do aluno para falar com os seus pais, se estes não respondere­m à sua convocatór­ia, para tratar de assuntos relacionad­os com o seu educando. "Se os pais do meu aluno não vêm à escola para falar comigo, eu vou a casa deles. Eu, como professor, e os pais do meu aluno temos de colaborar para termos amanhã um bom cidadão", afirma ele. Trata-se de um professor que se preocupa com os problemas dos seus alunos e que quer saber das suas causas. E, muitas vezes, só conversand­o com os pais do aluno é que ele pode saber das razões deste ou daquele problema. Se hoje temos maus alunos no ensino médio e universitá­rio, é porque o ensino primário tem muitos problemas. É necessário também formar bem os professore­s primários. Para se ser um bom professor primário não basta ser quadro médio ou superior, são necessária­s mais competênci­as, a nível, por exemplo, da pedagogia.

SOFIA ANTÓNIO Prenda

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Muitos automobili­stas continuam a fazer uso de telemóveis enquanto conduzem, desrespeit­ando as normas de trânsito

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