Jornal de Angola

Antigo chefe de milícia na RCA responde por crimes em Haia

Mais conhecido por “Rambo”, o antigo chefe da milícia antibalaka na República Centro Africana, Alfred Yekatom, acaba de comparecer pela primeira vez no Tribunal Penal Internacio­nal de Haia, onde responde pelos crimes de guerra e contra a humanidade

- Victor Carvalho

Alfred Yekatom, um antigo chefe de milícia na República Centro Africana (RCA), mais conhecido por “Rambo”, compareceu em Haia perante os juízes do Tribunal Penal Internacio­nal (TPI), para responder pelos crimes de guerra e contra a humanidade.

A primeira comparênci­a de Alfred Yekatom, deputado centro-africano e ex-rebelde das milícias anti-balaka, teve lugar uma semana após a sua surpreende­nte extradição para Haia, onde foi entregue ao TPI no cumpriment­o de um mandado de captura emitido a 11 de Novembro pela presumível responsabi­lidade penal nos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos entre Dezembro de 2013 e Dezembro de 2014.

Durante a primeira audiência, o tribunal limitouse a verificar a identidade do suspeito e também a língua em que poderá acompanhar os procedimen­tos, informando-o ainda das acusações que pesam sobre si.

A sua facção, tal como as outras milícias anti-balaka, foram formadas quando a coligação de maioria séleka iniciou a marcha em direcção a Bangui, para derrubar o Presidente François Bozizé, em 2013.

Esta comparênci­a no tribunal foi saudada pelo Alto Comissaria­do para os Direitos Humanos da ONU, que a considerou determinan­te na luta contra a impunidade no que respeita aos crimes de guerra e contra a humanidade. No entanto, não se tratou de um processo fácil dado o facto de Yekatom ter sido eleito deputado nas últimas eleições, o que forçou a necessidad­e de ser despoletad­o um processo interno que suspendess­e as suas impunidade­s e permitisse a sua extradição para Holanda.

Internamen­te, foi um processo rápido e quase sigiloso, dado o melindre da situação e o peso que as milícias antibalaka ainda possuem na correlação de forças na República Centro Africana, onde, quase diariament­e, ainda se assiste a diversos tipos de acções violentas.

Combate ao Sida

O departamen­to da ONU de luta contra o Sida assinou um protocolo com o Governo da RCA para a redução de novas infecções de HIV entre os militares, da violência sexual e dos abusos.

O acordo visa sensibiliz­ar e compromete­r os militares em serviço na República Centro Africana e o pessoal com uniforme que formará o futuro Exército nacional, para a prevenção e o tratamento do HIV no país, o segundo da África Central com o índice mais elevado de prevalênci­a da doença.

“Temos a responsabi­lidade de proteger o nosso povo da violência e do HIV, em particular as mulheres e as meninas, que são as mais vulnerávei­s. Com enfoque nos militares, queremos transforma­r as relações entre o novo Exército e a população e continuar a reconstruç­ão do país”, disse FaustinArc­hange Touadéra, Presidente da República Centro Africana no momento da assinatura do acordo.

Por sua vez, o director executivo da ONU Sida, Michel Sidibé, realçou a importânci­a do primeiro protocolo que, sublinhou, “traduz a resolução do Conselho de Segurança de 1983 para uma acção concreta.”

O acordo, assinado também com a Comissão Nacional de Luta Contra o Sida da República Centro Africana, coloca a prevenção no centro dos esforços para acabar com a violência baseada no género como causa e consequênc­ia do HIV, que é essencial para fortalecer a responsabi­lização pela violência sexual no país.

Dados referentes ao ano passado indicam que o HIV (Vírus de Imuno-deficiênci­a Humana) foi detectado em 160 mil pessoas e que 15 mil morreram de causas ligadas à doença. Um total de 8.700 pessoas foi contaminad­o só no ano passado.

A primeira comparênci­a de Yekatom, deputado centro-africano e ex-rebelde das milícias anti-balaka, teve lugar uma semana após a sua surpreende­nte extradição para Haia, no cumpriment­o de um mandado de captura

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DR Alfred Yekatom liderou milícias anti-balakas acusadas de crimes contra a humanidade

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