Jornal de Angola

Pequenos e grandes negócios interligam Angola e Portugal

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do Rossio, Fernanda Gonçalves tem em mãos duas enormes malas cheias de roupas e outros bens que deslizam lentamente sobre rodas, acessórios indispensá­veis para tornar o transporte de um lado a outro mais fácil.

Reside no bairro da Graça, situado próximo de Alfama e S. Vicente, numa das colinas de Lisboa. A periferia possui dezenas de cafés e pastelaria­s, restaurant­es, bares e miradouros com vistas atraentes da Graça e da Senhora do Monte.

É pelas Senhoras do Monte de Lisboa (Portugal) e do Lubango(Angola)queaconver­sa se estimula. Fernanda Gonçalves nasceu em Benguela, veio pela primeira vez às terras de Camões em 2014, com uma amiga envolvida em negócio de bacalhau.

Motivada pelos negócios decidiu, com mais quatro amigas, em 2017, apostar na comerciali­zação de roupas para senhoras. O negócio floresceu ao ponto de, há um ano, decidir fixar residência no bairro da Graça. A sua tarefa é adquirir os bens e enviar a Luanda via TAAG.

Em Luanda, disse, são adquiridos também vários bens, com destaque para o bagre fumado, cacusso, farinha musseque, fuba de bombó, óleo munpeque, jinguba, entre outros, para comerciali­zar aos angolanos e não só que residem em vários pontos de Portugal. O negócio é rentável, com mais êxito agora que há a possibilid­ade de transferên­cia de divisas. Enalteceu a visita do Chefe de Estado, João Lourenço, a Portugal, por melhorar as relações entre os dois países e alterar a situação menos boa que assola a maioria dos angolanos.

Fernanda Gonçalves descreveu que a consequênc­ia das clivagens que existiam entre os dois Estados, nalguns casos, afectava também o relacionam­ento entre portuguese­s e angolanos residentes. “O cinismo entre nós evidenciav­a-se nas conversas, relacionam­ento e outros”.

A vinda do Presidente, afirmou, reforça a harmonia e traz consolo e fortalece a esperança aos nacionais. “Angolanos e portuguese­s tinham a certeza de que a chegada de João Lourenço reaviva as adormecida­s relações e conferia a abertura das portas entre as duas Nações”.

Fernanda e três amigas estão a terminar a legalizaçã­o de uma empresa que vai ser a ponte da importação e exportação de vários produtos entre os dois países. “Temos já todos os processos em curso nos órgãos afins para, brevemente, sermos um grupo de sucesso”.

Já o empresário português Falcão Castro, proprietár­io da empresa Saber Digital Business, que explora as áreas da Educação e Saúde, defendeu que “chegou a hora do regresso dos investidor­es lusos a Angola, por estarem dissipadas as dúvidas das relações entre os dois Estados".

“Os políticos selaram a irmandade beliscada por razões alheias à vontade dos povos e cabe agora aos investidor­es arregaçare­m as mangas e seguir a orientação do Presidente (João) Lourenço, que é de criar negócios em vários sectores de Angola, para que haja abundância, para também exportar”.

Falcão Castro revelou que acompanhou com muito interesse as palestras do Fórum Portugal-Angola, realizado no Porto. Disse que a sua empresa já esteve em Luanda durante vários anos a desenvolve­r projectos nos sectores da Educação e Saúde com “muita adesão nas províncias de Benguela, Huíla e Huambo”.

“A situação das transferên­cias de divisas agravouse e tivemos de suspender tudo para regressar a Lisboa”, explicou, acrescenta­ndo que urge maiores informaçõe­s sobre o sector económico de Angola, para que investidor­es retornem para áreas já bem definidas.

O empresário vaticina também a realização de um fórum de empresário­s quando o Presidente português efectuar a visita oficial a Angola, em Março de 2019, com a participaç­ão de homens de negócios locais e se possa constatar “in loco” alguns projectos.

Sublinhou estar agora melhor informado e em condições de estruturar com mais detalhes os projectos para Angola. “Temos Angola no coração, por isso, vamos regressar imediatame­nte, com a possibilid­ade de atingir Benguela, Huíla e Huambo”.

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KINDALA MANUEL Falcão Castro defende a volta dos investidor­es portuguese­s

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